Os focos geopolíticos mais sensíveis de 2016
TASS
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Apresentamos os pontos de tensão da política internacional que representam um maior risco para os mercados.

O abate de um avião russo por parte da Turquia mostrou porque é que a geopolítica importa para os mercados financeiros. Os mercados globais caíram na terça-feira passada devido a receios de que o incidente inflamasse ainda mais as tensões entre Moscovo e o ocidente. A Turquia é um membro da NATO, o que significa que os EUA a terão de defender de qualquer potencial resposta militar da parte da Rússia. Poucos esperam que o incidente cause uma guerra, mas o simples facto de que um país da NATO abateu um avião russo colocou os investidores de sobreaviso.

Aqui está um sumário de outros pontos sensíveis da geopolítica mundial que têm potencial para provocar sérios danos à economia mundial e ao mercado de ações dos EUA em 2016.

Terrorismo

O Estado Islâmico aparenta colocar o risco geopolítico mais assustador de todo o mundo no presente momento. Os ataques de Paris, em que 130 pessoas foram mortas através de atos coordenados de violência através da cidade mostraram que o grupo terrorista constitui uma ameaça mais avançada do que o que anteriormente se pensava.

Os mercados dos EUA contudo reagiram bem na semana passada apesar da trágica perda de vidas. O S&P 500 subiu mais do que 3,3% durante a semana.

“O terrorismo é algo que infelizmente os mercados não encaram como um desenvolvimento permanente. É horrível e chocante, mas os mercados encaram-no como um acontecimento pontual,” diz Ed Yardeni, presidente da consultoria de investimento Yardeni Research.

Mesmo assim os mercados estariam sob grande pressão caso ocorressem ataques em mais de uma cidade, que ameaçariam a economia e o comércio global. O recente caso do “congelamento” de Bruxelas devido a um ataque terrorista iminente demonstra esse risco.

O Estado Islâmico ameaçou ataques nos EUA, e outros grupos terroristas, como a Al Qaeda e o Boko Haram, também pretendem atingir interesses ocidentais.

Rússia

Ultimamente tem parecido que a Guerra Fria nunca chegou a terminar. O presidente russo Vladimir Putin continua a confrontar o ocidente em múltiplas frentes, da Ucrânia à Síria, passando pela cibersegurança. Os EUA e os seus aliados têm respondido com sanções duras que exacerbaram o impacto da queda dos preços do petróleo na economia russa, que está agora em profunda recessão, contraindo em três trimestres consecutivos.

Além disso, a intervenção russa na guerra civil síria só complicou as tensões com o ocidente. Esse ponto é bem ilustrado pelo abate de um avião russo por parte da Turquia.

“A Rússia será o preeminente desafio geopolítico para os EUA e o ocidente. Será difícil conter as suas ambições,” diz o analista militar da CNN, Cedric Leighton, um antigo agente de informações da força aérea dos EUA.

China

As tensões têm subido em relação as reivindicações territoriais chinesas no Mar do Sul da China. A disputa coloca a China contra as Filipinas, Taiwan, Vietnam e outros países vizinhos que reivindicam a posse de ilhas chave e da área circundante. Os países mais pequenos receiam perder acesso a uma rota logística importante e a áreas de pesca, assim como também receiam que a China militarize a região.

A China fez aumentar as tensões no ano passado ao lançar operações massivas de dragagem de modo a tornar recifes em ilhas artificiais que considera serem seu território.

Em outubro um navio da marinha dos EUA furou a barreira de 12 milhas ao redor das ilhas pela primeira vez, fazendo com que Pequim considerasse a operação dos EUA “uma provocação muito séria”.

O incidente revela como as relações entre os EUA e a China são delicados em muitas áreas, incluindo o comércio e a cibersegurança. Os dois países estão também em constante batalha pela influência sobre outros países, da Ásia à América Latina.

Depois de anos de crescimento explosivo, a economia chinesa está a desacelerar. Esse abrandamento ameaça a economia global, tal como é evidenciado pelo susto que assolou os mercados de todo o mundo no verão passado.

A Síria e o Médio Oriente

A Síria é o epicentro do caos que está a varrer o Médio Oriente e a enviar ondas de choque para o resto do planeta. A guerra civil que assola o país dura já perto de cinco anos, causando centenas de milhares de mortos, criando milhões de refugiados e impulsionando a ascensão do Estado Islâmico.

Um acordo compreensivo que permita por fim à guerra civil tem iludido os EUA, e Leighton afirma acreditar ser “altamente improvável” que tal acordo seja conseguido em breve. Agora a Europa está a lutar para descobrir o que fazer com o fluxo de refugiados sírios, especialmente na sequência dos ataques terroristas de Paris.

Cibersegurança

Os ataques informáticos constituem uma ameaça particularmente vexante. Os ataques informáticos tem movido para algo além de simples atividades ilegais, tais como roubar números de cartões de crédito, para ações criminais mais sofisticadas.

Hackers politicamente motivados atacam atualmente redes de todas as entidades, do governo dos EUA a Wall Street, e até mesmo o Estado Islâmico. E hackers financiados pela Rússia, China e outros países estão também a conduzir espionagem económica com o objetivo de roubar segredos comerciais valiosos e outra tecnologia militar sensível.

Terroristas como o Estado Islâmico usam a internet para propaganda e comunicações, mas a situação pode ficar ainda mais perigosa.

“Há o potencial de que os terroristas se tornem mais sofisticados nesta área e usem a internet para propósitos destrutivos,” disse Michael Moran, diretor de análise de risco global na empresa de consultoria Control Risks.

Os riscos inesperados

Os maiores riscos para os mercados globais são aqueles mais inesperados. Tal poderia ser uma confrontação entre dois países como o Paquistão e a Índia, que não estão atualmente em guerra mas que têm um historial de conflituosidade.

A Coreia do Norte também é sempre uma incógnita. Especialmente tendo em conta o quão pouco se sabe acerca da saúde e poder de Kim Jon-un, o líder solitário do empobrecido país.

Leighton disse que os investidores deveriam também ter um olhar cuidadoso sobre África. Empresas americanas como a Starbucks estão a começar a ganhar mercado no continente, mas o grupo terrorista Boko Haram permanece uma ameaça persistente e a corrupção é um problema constante. A China está também a competir para aceder aos vastos recursos naturais do continente.

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