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Porque é que os preços do petróleo caíram tanto, o que irá acontecer num futuro próximo e como isto afetará a economia global.

O preço do petróleo atingiu um novo nível mínimo — menos de $31 por barril — e pode continuar a cair, dificultando a vida dos produtores nos EUA e no Médio Oriente.

A queda atual dos preços do petróleo é a mais profunda desde 1970: o preço do petróleo Brent caiu dos $115 por barril no verão de 2014 para o nível mais baixo dos últimos 13 anos.

O colapso abalou os mercados financeiros globais e deixou os exportadores preocupados. Para muitos residentes dos países desenvolvidos o petróleo barato parece ser bom, mas as consequências tornam-se cada vez mais notáveis. Quem vai ganhar e perder se os preços permanecerem baixos.

Por que é que os preços caíram?

Em primeiro lugar, a baixa continuada dos preços do petróleo resulta do aumento da oferta — a extração do petróleo de xisto passou a atrair investimentos, o que levou ao crescimento de produção nos EUA.

No mês passado, os membros do cartel petrolífero OPEP não conseguiram chegar a um acordo quanto a novas restrições do nível de produção, o que significa que os exportadores ainda não concordaram sobre como lidar com os preços baixos.

Entretanto, a procura do petróleo também abrandou, pois a China, a segunda maior economia mundial, está a passar pela transição de potência industrial para outro modelo de desenvolvimento, mais voltado para o consumo. Além disso, os mercados desenvolvidos apresentam sinais de fraqueza, deixando espaço para a suposição de que a procura de petróleo possa diminuir ainda mais.

Será que a queda vai continuar?

Há várias condicionantes que apontam para que o petróleo se possa tornar ainda mais barato. Alguns analistas dizem que $20 por barril já é uma previsão certa, enquanto outros dão piores avaliações.

Muitos peritos da China consideram que o abrandamento económico de Pequim pode provocar a queda continuada dos preços do petróleo. Todo o mundo está a passar por um aquecimento climático, e as previsões dizem que o próximo ano será quente, o que também provoca uma redução maior da procura do petróleo.

Ao mesmo tempo, a oferta pode crescer ainda mais, com o Irão a tentar entrar no mercado, e as reservas de xisto dos EUA ainda a resistirem à crise. Mesmo se a extração do petróleo de xisto não aumentar, e pelo menos evitar cair, isto afetará os preços de um modo negativo. A mistura destes fatores pode significar que os preços do petróleo continuarão a cair.

Quem é atingido pelos preços baixos?

Muitos exportadores de petróleo já sofreram as consequências negativas da queda. Entre outros, estão a Rússia e os países da América Latina, tais como a Venezuela, Colômbia e Equador.

No mês passado, o presidente da Rússia Vladimir Putin afirmou que a crise económica no país atingira já o nível máximo apesar de a economia "depender bastante" de fatores globais, tais como os preços do petróleo.

Os analistas criticaram os funcionários do Kremlin por serem incapazes de diversificar a economia baseada na "simplificação da extração de rendimento".

Para os países do Golfo também não está fácil — a Arábia Saudita divulgou o défice orçamental recorde no último ano que atingiu 367 mil milhões de riyals (97,2 mil milhões de dólares).

Segundo os economistas do Bank of America Merrill Lynch, a queda dos preços significa que a "época dos gastos extremamente altos [para os sauditas] talvez já tenha passado".

Os especialistas do Deutsche Bank afirmam que "a história prova: a tensão geopolítica no Médio Oriente pode pressionar os preços do petróleo para cima", e que a possível instabilidade na região também pode parar a extração. Os preços baixos podem ser um catalisador das mudanças — o petróleo barato afeta todos os planos dos países do Médio Oriente.

Quais são consequências negativas para o mundo desenvolvido?

Até agora todos os danos grandes referiam-se aos mercados emergentes. Apesar do petróleo barato ter afetado alguns setores dos países desenvolvidos, as consequências negativas foram equilibradas por vantagens para os consumidores simples. Os preços baixos do petróleo deixaram a inflação nos países desenvolvidos no nível próximo do zero, o que para muitos significou uma diminuição dos impostos.

Mesmo assim, os analistas alertam que agora os preços podem estar a aproximar-se do "ponto de inflexão" para a economia dos EUA, depois do qual muitos produtores do petróleo vão correr o risco de passar por um incumprimento. De acordo com o Danske Bank, a redução dos preços do petróleo é um "risco para a economia norte-americana", pois os preços baixos afetam bastante o setor petrolífero.

Embora os investimentos na indústria petrolífera representem apenas 1% da economia dos Estados Unidos, no ano passado a sua diminuição fez o PIB do país perder 0,4 pontos percentuais. Os analistas do banco dinamarquês consideram que este ano o petróleo barato também pode ter impacto sobre o PIB dos EUA.

As falências no setor petrolífero na segunda metade do ano passado, ultrapassaram o nível da crise financeira, e os preços baixos levaram a uma "redução enorme" de investimentos, segundo os dados do Bank of America.

As consequências negativas dos preços do petróleo podem ser notados imediatamente, enquanto as positivas exigem mais tempo. Embora agora o petróleo barato possa parecer um fator negativo, mais tarde irá conduzir ao crescimento económico.

Para os países da zona euro a previsão é mais favorável. O Deutsche Bank considera que a continuação da redução pode levar ao crescimento do PIB dos países da zona euro em 2016, sendo que o petróleo barato pode ajudar novamente o bloco monetário.

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