Stiglitz diz-nos por que razão o “neoliberalismo morreu”
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Joseph Stiglitz, economista vencedor do prémio Nobel da Economia e antigo conselheiro de Bill Clinton quando presidente dos EUA, avançou que o consenso ao redor do pensamento económico neoliberal chegou ao fim

A falar com o Business Insider depois do lançamento do seu último livro “The Euro: How a Common Currency Threatens the Future of Europe” – que argumenta que as falhas do euro e da economia europeia em geral estão a causar grandes problemas para o continente e a arriscar a sua queda – Stiglitz argumentou que o neoliberalismo, a escola de pensamento económico dominante no Ocidente nos últimos 30 anos, está a chegar ao fim.

Desde finais dos anos 1980 e do Consenso de Washington que o neoliberalismo – essencialmente a ideia de que o comércio livre, mercados abertos, privatizações, desregulamentações, redução de gastos governamentais e aumento do papel do setor privado são as melhores formas de impulsionar o crescimento – dominou o pensamento das maiores economias do mundo e de organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

No entanto, desde a crise financeira de 2008 que tem havido uma onda de opiniões, em círculos económicos e políticos, a sugerir que o consenso neoliberal poderá não ser o caminho certo para o mundo. Nos últimos anos, com baixo crescimento e desigualdade desenfreada, essa onda tem vindo a ganhar força.

Stiglitz, que venceu o Prémio Nobel da Economia em 2001 pelo seu trabalho sobre a assimetria da informação, tem sido um dos maiores críticos do neoliberalismo em anos recentes. Avançou que a “euforia neoliberal” que caracterizou o mundo desde a década de 1980 acabou. Afirmou:

“Os jovens estudantes não estão interessados em estabelecer que o neoliberalismo funciona – estão a tentar perceber onde os mercados falham e o que fazer em relação a isso, com um entendimento de que as falhas estão presentes. É verdade para a micro e macroeconomia.”

E continuou:

“Nos círculos de formulação de políticas penso que se trata do mesmo. É claro que há pessoas, como de direita nos Estados Unidos, que não o reconhecem. Mas até mesmo muitas pessoas de direita reconhecem que os mercados não trabalham bem – mas o seu problema é que os governos são incapazes de corrigi-lo.”

Stiglitz passou a argumentar que um dos princípios centrais da ideologia neoliberal – a ideia de que os mercados funcionam melhor se deixados sozinhos e que um mercado não regulamentado é a melhor forma de aumentar o crescimento económico – é agora praticamente refutado.

“Fomos da euforia neoliberal, de que os ‘mercados funcionam bem a maioria do tempo’ e que tudo o que precisamos de fazer é manter os governos, para ‘os mercados não funcionam’ e agora o debate rodeia a questão de como levamos os governos a funcionar de formas que possam aliviar isto.”

Por outras palavras Stiglitz diz:

“O neoliberalismo morreu tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento.”

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