A fast food pode revelar aspetos surpreendentes sobre o nosso comportamento – bem como mudanças ocultas no mercado
Qual o prato favorito de um economista? Hambúrgueres, batatas fritas e pizza poderão não vir imediatamente à cabeça – mas o consumo de refeições como estas pode sinalizar mudanças ao nível do comportamento económico dos indivíduos. O preço médio de uma fatia de pizza em Nova Iorque ou o custo de um Big Mac em Beirute poderão dizer aos observadores do mercado como estão a girar as engrenagens do mundo.
Princípio da Pizza
Em 1980, um nova-iorquino chamado Eric Bram notou que o preço de uma fatia de pizza tinha correspondido ao custo de uma viagem de metro na cidade ao longo de quase 20 anos. Mais recentemente, analistas notaram que à medida que o preço da pizza sobe, as tarifas de transportes públicos tendem a seguir o exemplo. Em 2014, o cientista de dados Jared Lander investigou o Princípio e concluiu que se mantinha. Por que razão? Ninguém sabe.
Índices Big Mac e KFC
Quanto custa um Big Mac em Lima? Ou em Abu Dhabi? As respostas podem dizer-lhe muito quanto à Paridade do Poder de Compra (PPC) – se um produto custa o mesmo em diferentes países. O Índice Big Mac permite, assim, uma comparação entre diversas moedas base: “Um Big Mac custa, atualmente, 5,06 dólares nos EUA mas apenas 10,75 liras na Turquia [o que corresponde a 2,75 dólares] o que implica que a lira está subvalorizada.” Uma vez que os restaurantes McDonald’s (NYSE: MCD.NYSE) não são tão comuns em África, a empresa de pesquisas de mercado Sagaci Research inventou o suplementar “Índice KFC” para analisar a PPC.
Chocolates Mars
Uma fábrica em Slough, no Reino Unido, produziu os primeiros chocolates Mars do mundo em 1932. Cinquenta anos depois, o jornalista Nico Colchester do Financial Times notou que o preço dos mesmos no Reino Unido se encontrava claramente correlacionado com a força da libra esterlina. Medindo o custo das coisas em chocolates Mars, Colchester notou como os salários de licenciados tinham melhorado ligeiramente em 40 anos. Entretanto, os bilhetes de comboio tornaram-se mais baratos – mas jantares com pratos de carne em pubs subiram mais de 60%.
Feijões cozidos e pipocas
Quando os peritos em Finanças tentam determinar se a economia se encontra de boa saúde consideram, normalmente, produtos alimentares. Em 2009, a empresa de cinema Odeon deu a conhecer o “Índice de Pipocas Odeon” – que, segundo a mesma, apresentava maiores vendas e, assim, sinais de recuperação económica no Reino Unido após a crise financeira de 2008.
Os analistas também costumam analisar as vendas de feijão cozido, popular quando os tempos são mais difíceis, como indicador de como as pessoas se encontram a responder a períodos de declínio económico. Quando as vendas de feijão cozido começaram a cair em 2013, alguns encararam-no como um sinal de que a economia do Reino Unido estava a recuperar.
Batatas fritas
Um artigo publicado no Oregonian em 1998 observou que as vendas de batatas fritas poderiam ser um indicador útil quanto ao comércio entre a América e a Ásia. As batatas fritas “levam as indústrias dos EUA para mercados estrangeiros” – escreveu Richard Read graças ao facto da América exportar tantas (algo que permanece real hoje). Acrescentou que o consumo de batatas fritas é também indicador do quão bem desenvolvida a economia asiática se tornou. Tal significou que quando se começaram a formar problemas económicos na Ásia no final dos anos 90, os agricultores norte-americanos sentiram o impacto.
Índice da Waffle House
O quão mau foi aquele furacão? Parece que a dimensão de um menu de restaurante de fast food pode ser um guia rápido. A Federal Emergency Management Agency (FEMA) dos Estados Unidos mantém um controlo da dimensão do menu dos estabelecimentos Waffle House no rescaldo de desastres naturais. Se for oferecido um menu limitado, o fornecimento de alimentos ao restaurante poderá ser limitado e o mesmo poderá estar a lidar apenas com energia proporcionada por gerador. E se o restaurante estiver fechado? “É mesmo muito mau.” – Afirmou Craig Fugate, administrador da FEMA.