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Aqui mostramos-lhe qual a empresa mais bem-sucedida em termos de retorno de investimento. Consegue adivinhar de que indústria é esta empresa? Deixe-se surpreender.

Olhemos para o gráfico. Este mostra a performance da companhia mais bem-sucedida do mundo.

Um dólar investido nesta companhia em 1968, ontem valia $6638 (incluindo dividendos). Esse é o retorno anual de 20,6% por ano durante meio século. Nenhum resultado de outra companhia chega perto destes resultados a longo-prazo, de acordo com o Professor de Wharton Jeremy Siegel.

O mesmo dólar investido em S&P 500 durante o mesmo período valeria 87 dólares, ou 98% menos.

Que companhia é esta?

Vamos rever. Tem de ter sido uma companhia revolucionária. Tem de ter sido inovadora. Tem de ter estado inserida numa indústria que mudou o mundo – provavelmente a maior tendência do século XX. Tem de ter feito algo que nenhuma outra companhia pode fazer.

Computadores? Satélites? Biotecnologia?

Nada disso. É a Altria, a companhia de cigarros.

A Credit Suisse publicou um relatório esta semana sobre o desempenho das maiores indústrias americanas de 1900 a 2010.

Um dólar na indústria americana média, valia $38 255 em 2010. Esse é o retorno anual de cerca de 10% por ano. Algumas portaram-se ainda melhor: um dólar investido em companhias de comida valia $700 000 em 2010. O retorno de companhias de equipamento químico e electrónico foi mais ou menos o mesmo.

E depois existe o tabaco, que tem a sua própria liga.

Um dólar investido em ações de tabaco em 1900 valia $6,3 milhões em 2010. São 165 vezes mais que a indústria média.

Durante um século de inovações, progresso, entusiasmo, e avanço científico, nenhum industria se portou melhor que a dos cigarros.

A maioria das pessoas olha para estes números e diz, “Bem, claro. É o que acontece quando se vende um produto que provoca adição.”

Mas o que esta história tem de extraordinário é que a indústria do tabaco tem estado em declino há décadas.

Os cigarros são, claro, um vício. Mas as taxas de fumadores tem estado a decrescer há meio século. Apenas metade da percentagem de adultos americanos que fumavam nos anos 50, continua a fumar.

E mesmo que a população tenha aumentado durante esse período, não tem sido suficiente para travar esse declínio. O consumo nos Estados Unidos atingiu um máximo em 1981 com 640 mil milhões de cigarros. Em 2007 já tinha decrescido 44% para 360 mil milhões.

Em termos unitários, o tabaco é uma das indústrias americanas menos bem-sucedidas nos últimos 30 anos. Além disso, a publicidade ao tabaco tem sido banida em todo o lado há mais de uma década, e os custos legais são na ordem dos mil milhões. É fantástico que o tabaco tenha produzido quaisquer lucros, e ainda mais os melhores na história americana.

Parte da subida das ações do tabaco deve-se a operações estrangeiras, em países onde fumar é mais comum e não caiu tanto como nos Estados Unidos. Mas há mais história aqui. A Altria desmembrou a sua divisão internacional, Philip Morris International, em 2008. As suas ações subiram 289% desde então, contra os 79% da S&P 500.

Parte dessa subida deve-se à possibilidade de subir os preços. A inflação dos produtos do tabaco tem crescido quase cinco vezes mais rápido que a inflação geral desde 1950. Mas isso também não explica tudo.

Grande parte do aumento dos preços deve-se ao aumento das taxas do tabaco, que em alguns estados, são mais de um terço do preço de venda. A Altria paga mais em impostos do que tem em receitas.

Há algo no tabaco que leva a um retorno extraordinário, apesar de ser um negócio abaixo da média. Porque é que isso acontece?

Tudo se resume a dois fatores, ambos paradoxais e relevantes para todos os investidores em todas as indústrias.

1. Medo, nojo, ódio, e ultraje, relativamente a um negócio é bom para os accionistas.

Muitos investidores (compreensivamente) não querem nada com as companhias de tabaco. Alguns fundos de pensões estão proibidos de os ter. E existe ainda a constante ameaça de litigação, que tem pairado sobre a indústria há décadas. Tudo se soma a milhões de investidores, de outra forma, empreendedores que não tocam nas ações tabagísticas.

Uma baixa demanda de investidores mantem a avaliação das ações do tabaco muito baixas. Avaliações baixas levam a elevados dividendos. E dividendos elevados, somados ao longo de décadas, resultam em receitas enormes.

Quanto mais odiado é um investimento, maiores serão as receitas futuras, provavelmente. O mesmo também é verdade ao contrário. Este é um dos conceitos de investimento mais difíceis de gerir, mas provavelmente o mais poderoso.

2. As companhias de tabaco não inovam quase nada. Isso mantém-nas sustentáveis.

A inovação é entusiasmante porque promete algo novo. Novos produtos. Novos mercados. Um novo futuro.

Mas é dispendiosa. E mesmo se correr extremamente bem – como na Apple – vai provavelmente decair um dia.

Os produtos que a Apple criou há cinco anos atrás, são completamente irrelevantes hoje em dia. A companhia tem de reinvestir em si mesma a cada poucos anos, apresentando constantemente novos produtos revolucionários que nos arrebatem. Quais são as probabilidades de ela conseguir manter esta inovação consistente por mais 20, 30, ou 50 anos?

Bastante baixas, diria. Mesmo os melhores jogadores falham de vez em quando, e os mercados imensamente competitivos não demonstram misericórdia. É raro que um líder se mantenha por mais de uma década em indústrias que estão em constante mudança.

Companhias que fazem o mesmo produto há 50 anos são diferentes. Elas não inovam nada, mas também não têm de o fazer. É um negocio chato, pode ser perfeito para os accionistas porque mantem as companhias a andar durante décadas, se não séculos.

Os ridículos ganhos de juros compostos ocorrem com longos períodos de detenção. A chave para construir riqueza não são necessariamente as grandes receitas, mas retornos medíocres mantidos ao longo do maior período de tempo possível.

Tipicamente, vemos que companhias aborrecidas não inovam, vendem os mesmos produtos que vendiam há 50 anos, e irão provavelmente continuar a vendê-los nos próximos 50. Comida, sabão, pasta de dentes, e sim, cigarros, são bons exemplos.

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