Há pessoas que são sem sombra de dúvidas melhores a prever o futuro do que outras. Mas as características de quem acerta nas previsões nem sempre são evidentes. Os psicólogos da Universidade da Pensilvânia mostram as qualidades que tem de desenvolver para acertar nas suas previsões.
Os seres humanos são inerentemente maus a prever o futuro. É um defeito evidente no mundo corporativo e em negociações que envolvam uma geopolítica complexa.
Mas há algumas pessoas que obtêm melhores resultados do que outras, e a forma como pensam sobre as questões tal como a forma como alcançam as suas projeções oferecem pistas aos restantes de como se podem vir a tornar mais bem-sucedidos nas previsões.
Um grupo de investigadores isolou estas características num estudo ligado em torno de previsões geopolíticas, feito pelo grupo R&D dirigido pelo diretor dos serviços de inteligência nacional dos Estados Unidos. Cinco equipas apoiadas por universitários competiram entre si; foi-lhes pedido que fizessem uma previsão de 199 acontecimentos no mundo, tais como se o Presidente Sírio Bashar al-Assad iria permanecer no poder, e até mesmo se a Coreia do Norte iria ser bem-sucedida em mais um teste de armas nucleares.
Os psicólogos da Universidade da Pensilvânia, que estiverem por de trás da equipa vencedora, publicaram um estudo fascinante que explicou a forma como conseguiram chegar às melhores previsões construir uma equipa com melhores previsões.
O tipo de previsões em que a comunidade de serviços de inteligência dos EUA se baseia é feito por pessoas altamente treinadas que têm acesso a informações confidenciais. Mas o estudo revelou formas de ajudar pessoas sem capacidades especiais e ajudá-las a tornarem-se em provisores impressionantemente assertivos nas suas previsões.
E não só os inteligentes!
Os melhores prognosticadores eram os mais brilhantes, quer pela capacidade cognitiva quer pelo conhecimento político. Mas existem outras características comportamentais que também são relevantes.
O estilo do pensamento é importante; pessoas com uma mente mais aberta tiveram um maior desempenho. Eles estão muito mais dispostos a considerar resultados ou ideias pouco convencionais, e a afastarem-se de teorias e crenças com as quais se sente confortáveis.
Nem todas as capacidades dos previsores de sucesso são inatas; muitas podem ser aprendidas. Os investidores descobriram que ser instruído para reconhecer e evitar tendenciosidades e usar a visão externa tem um impacto enorme. Assim sendo, exercitar abordagens probabilísticas, como utilizar modelos de previsões para calcular a probabilidade de todos os resultados de uma pergunta colocada é o caminho a seguir. As pessoas que passam simplesmente mais tempo a refletir sobre cada questão também o fazem melhor, tal como aqueles que fazem habitualmente atualizações das previsões quanto obtém novas informações.
A opinião e a postura também são importantes. No decurso da competição, os membros das equipas fizeram atualizações frequentes nos seus Brier Scores (medidas de precisão de estimativa de probabilidade de classe) e como se comparavam aos outros participantes no exercício. Aqueles que viram as previsões como uma capacidade a ser desenvolvida responderam com uma opinião mais exata. E em equipa são muito melhores do que individualmente.
Trabalhar em equipa é melhor
A competição mostrou-se bastante adequada à experiência, as pessoas puderam ser divididas em diferentes ambientes de trabalho. Alguns deles da Universidade da Pensilvânia - 743 elementos de equipas - cientistas informáticos, matemáticos, e entre eles investidores financeiros – trabalharam as suas previsões independentemente. Outros trabalharam em grupos com mais de 15 elementos, onde tiveram a possibilidade de debater livremente e partilhar previsões. Os grupos foram treinados mais intensivamente de forma a trabalharem em conjunto para ajudarem os seus colegas de equipa a produzirem melhores previsões.
As pessoas que trabalharam em grupo obtiveram um desempenho significativamente melhor, do que os que trabalharam sozinhos, com previsões 10% mais exatas. O trabalho em equipa estimulou o resultado de outros atributos positivos, como a inteligência e a abertura de mente.
Existem também aspetos negativos no trabalho em grupo, como uma maior propensão para erros seguidos pelo grupo, ou a tendência para acabar em desentendimentos. Mas os aspetos positivos – tal como a oportunidade para discordar e de elevar a diversidade do conhecimento - supera-os.