Negócios de ações em segredo
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As dark pools possuem um nome assustador, e para os críticos são realmente um fenómeno assustador: trocas de ações em fóruns privados no interior de algum dos maiores bancos de Wall Street. Criadas para deixar os grandes investidores trocar ações em segredo, elas expandiram-se até se tornarem numa parte significante das trocas diárias de ações. Mas serão positivas para o mercado?

Neste momento são trocadas mais ações em dark pools do que na bolsa de valores de Nova Iorque. As dark pools ajudaram a baixar os preços dos custos de transações. Mas se os mercados sofrem ou não no seu todo quando demasiada informação de trocas é privada é algo que as entidades reguladoras estão a tentar descobrir. Ao mesmo tempo tentam descobrir se as dark pools estão a tirar partido da escuridão para favorecer alguns clientes sobre outros.

A Situação

O Mercado de ações dos EUA ficou fragmentado em 11 locais públicos para troca de ações e aproximadamente 45 sistemas de trocas alternativos, a maior parte deles dark pools.

Os críticos protestam que todos os investidores são afetados, pelo facto das dark pools não exporem ao público as suas trocas, somente são conhecidas transações completas.

A publicação em março dos “Flash Boys” por Michael Lewis levou a questionar se algumas dark pools foram desenhadas de forma a deixar que alguns investidores de alto nível sejam capazes de colocar apostas com o conhecimento do rumo que os mercados vão tomar.

Em junho, o Procurador-Geral de nova Iorque Eric Schneiderman apresentou queixa contra a Barclays onde acusa a empresa de mentir aos seus clientes sobre quantos negócios a sua dark pool fez com investidores de alto nível e como as ordens dos clientes foram desrespeitadas, acusações que a Barclays nega.

O SEC impôs uma multa de $12 milhões de dólares à UBS por violações na sua dark pool. A agência está a desenvolver regras para aumentar a transparência das dark pool e pode fazer um teste onde requer que todas as trocas tenham lugar em ofertas públicas a menos que um preço substancialmente melhor seja revelado noutra localização.

A NYSE, entretanto, propôs cortar bastante nas taxas de negociação se as grandes transações não voltarem às ofertas públicas.

A origem

Títulos, moedas e a maior parte dos outros instrumentos financeiros geralmente não são negociados em intercâmbios abertos, e sempre existiu algum tipo de negociação não pública no mercado de valores.

Os veteranos recordam os “negócios no andar superior”, um eufemismo para negócios, grandes, privados. Essa era a exceção: Como o SEC foi formado no começo dos escândalos do mercado de valores que levaram ao pânico de 1929, a agência equipara abertura com honestidade.

Publicamente ofertas e procuras partilhadas significam um nível de igualdade e a troca rápida de informações sobre os preços e isso é fulcral para o papel do mercado em alocar eficientemente capital.

As dark pools surgiram nos anos 80 quando o SEC permitiu aos corretores reunir compras e vendas de grandes quantidades de ações. O seu recente crescimento tem sido impulsionado pelas trocas eletrónicas e a regra da SEC que supostamente seria para incentivar a concorrência e cortar os custos das transações que tiveram efeito em 2007.

As dark pools podem cobrar taxas mais baixas que os intercâmbios na bolsa porque normalmente são só uma unidade numa grande companhia. (Nem todos os operadores de sistemas alternativos de negócios são bancos: Bloomberg LP, o pai da Bloomberg News, é dona de uma, a Bloomberg Tradebook, que esta registada com o SEC.) Ao longo do caminho a sua base de clientes mudou.

As dark pools deixaram de ser locais para grandes negócios – um estudo encontrou que a ordem base neste momento são apenas 200 ações.

O argumento

Defensores da forma tradicional de fazer negócios dizem que o sigilo que cerca as dark pools deixa a porta aberta para abusos, como não existe maneira de saber se alguns clientes estão a ser beneficiados ou se os corretores estão a colocar os seus interesses em primeiro lugar.

Os defensores das dark pools argumentam que os seus espaços estão protegidos contra fraudes, e que todos os investidores beneficiam da competição que levou os custos de comércio a baixar. A industria também esta a abrir as suas portas: um dos seus reguladores publica agora dados das negociações ATS a cada semana e assim os operadores destes espaços são capazes de providenciar aos clientes mais informação.

No que diz respeito ao efeito das pools no mercado os investigadores estão divididos: Enquanto alguns dizem que o descobrir do valor em questão não é afetado pelos negócios negros outros dizem que sofre.

SEC Chair Mary Jo White ajudou na controvérsia em junho, dizendo que o consenso dos investigadores é que “ a atual extensão de negócios negros pode por vezes diminuir a qualidade do mercado”.

Os apoiantes das pools dizem que as propostas da NYSE de cortar os custos são a prova de que os sistemas alternativos pouparam dinheiro aos negócios grandes e pequenos. É possível que perspetiva de mais regulações possa levar as pools de volta à sua missão original: o tamanho das trocas de ações duplicou nas pools europeias mesmo antes das novas regras serem implementadas.

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