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Jesse Livermore foi um trader que deixou marcas na história. Tinha uma filosifia de trading especialmente bem definida. Quer aprender com ele?

Há quem o queira convencer de que é, de alguma forma, inteligente ou que está no seu melhor interesse estar a mudar maniacamente o seu investimento, para trás e para a frente, a longo e curto prazo, diariamente.

Prestar atenção a este tipo de sobre estimulação seria ceder à loucura, mesmo para traders profissionais.

O mais historiado e importante trader que já viveu, Jesse Livermore, estaria a pôr estas compras e vendas diárias no seu lugar se ainda estivesse vivo e no ativo, porque enquanto ele era trader não era da opinião de que havia sempre algum tipo de ação a ser tomada.

Jesse Livermore de Wall Street

O legado de Jesse Livermore é um pouco como uma espada de dois gumes. Por um lado, Livermore foi o primeiro a codificar a antiga linguagem da oferta e procura, que é tão importante agora, 100 anos depois, como era quando ele a entregou ao seu biógrafo Edwin Lefèvre. Livermore sumaria-o assim:

“Aprendi cedo que não há nada de novo em Wall Street. Não pode haver porque a especulação é velha como as montanhas. O que acontecer no mercado de ações hoje, já aconteceu antes e acontecerá outra vez. Nunca esqueci isso.”

Por outro lado, a ruina de Livermore aconteceu precisamente nos momentos em que ele ignorou os seus próprios conselhos. Depois de advertências repetidas sobre especuladores, por exemplo, Jesse permitiu que uma dica sobre o algodão o levasse a perdas enormes que cresceram ainda mais à medida que ele as ignorava – violando ainda outra das duas regras fundamentais.

E claro, Livermore não era uma homem feliz, a não ser por alguns momentos de triunfo temporário nos poços de negociação e nos bucket shops da sua época. “As coisas não correram bem para mim,” disse ele a uma das duas várias mulheres numa nota escrita à mão, antes de dar um tiro na sua própria cabeça no bengaleiro do Hotel Sherry-Netherland.

Mas ele deixou para trás uma riqueza de conhecimento sobre a arte da especulação. As suas proezas (e contos de advertência) educaram, influenciaram, e inspiraram todas as gerações de traders desde que as Reminiscências foram publicadas pela primeira vez em 1923.

Na minha opinião, alguns dos pedaços de conhecimento mais uteis que podemos retirar do livro dizem respeito às discussões de Jesse sobre prazos e paciência. Muitos traders, particularmente os novatos, abordam o jogo com a ideia de que é suposto estar sempre a fazer alguma coisa – dentro e fora, com um dedo pronto a clicar no rato uma e outra vez. Consequentemente, eles sobem para a passadeira dos ganhos e perdas sem nunca moverem sequer uma agulha. Eles acabam com centenas de comissões de corretagem e impostos para mostrar os seus esforços, mas não muito mais.

Ser um trader não quer dizer que devemos estar sempre a fazer trading, da mesma forma que ser um pintor de casa não quer dizer que cada superfície precisa de uma serie interminável de demão.

Muitos novatos ficam surpreendidos ao saber que Livermore, o ídolo de tantos traders, defendia uma aproximação de baixa manutenção e grande paciência ao envelhecer. No início, Livermore dependia do financiamento a curto prazo e da atividade dos bucket shops. Quando se formou e começou a ter o seu próprio capital, conseguiu então aumentar o tempo das posições de segurança e até conseguiu não fazer nada durante períodos mais extensos.

Aqui estão nove coisas surpreendentes que Livermore disse sobre o trading excessivo:

  • “O dinheiro faz-se sentado, não com trading.”
  • “Demora tempo para se fazer dinheiro.”
  • “Nunca foi o meu pensamento que me deu muito dinheiro; foi sempre a espera.”
  • “Ninguém pode adivinhar todas as flutuações.”
  • “O desejo de ação constante, independentemente das condições subjacentes é responsável por muitas perdas em Wall Street, mesmo entre os profissionais, que sentem que eles devem levar para casa algum dinheiro todos os dias, como se estivessem a trabalhar com salários regulares. "
  • “Compre o que é certo, e espere sentado.”
  • “Aqueles que conseguem estar certos e sentar-se à espera são muito raros.”
  • “Não me dêem um prazo, dêem-me tempo.”

E finalmente, o mais importante:

  • “Há um tempo para todas as coisas, mas eu não o sabia. E isso é precisamente o que arrasa com tanta gente de Wall Street que estão muito longe de chegar à classe principal. Há o simples idiota que faz as coisas erradas a toda a hora em todo o lado, e depois há o idiota de Wall Street que acha que deve fazer trading a toda a hora. Não há muitos que consigam ter sempre razões adequadas para comprar e vender ações diariamente – ou conhecimento suficiente para tornar o seu jogo num jogo inteligente.”

Jesse foi um trader, mas ele sabia o valor de ficar com posições de segurança e de às vezes não fazer trading de todo. Quando ele começou a seguir as dicas de outros, ou a fazer trading quando se devia ter contido, todo o seu progresso entrou em ruina, e com ele a sua sanidade.

Nós temos sorte em poder ter aprendido com os seus erros e poder contornar os erros que, eventualmente, lhe custaram tudo.

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