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Brad McMillan, diretor de investimento do maior corretor independente dos Estados Unidos, aconselha uma abordagem cuidadosa ao facto de as expetativas de ganhos das empresas estarem a diminuir.

Nas entrevistas que dei recentemente para vários meios de comunicação financeiros as questões têm-se centrado essencialmente na earnigns season – a altura em que as empresas informam, a cada trimestre, os ganhos que tiveram (em receita) e que mantiveram (em lucro) no último trimestre.

Trata-se de algo importante, nomeadamente para o mercado de ações que se baseia nesses ganhos, mas também para a economia como um todo. Se a economia estiver bem as empresas também deverão estar bem.

É esse ponto que tem levantado mais perguntas pois as expetativas – o que os analistas esperam que as empresas ganhem – caíram drasticamente ao longo dos últimos três meses. Ao contrário de as empresas no total ganharem mais – é esperado que ganhem menos, o que é pouco comum e historicamente preocupante.

São as expetativas baixas uma bandeira vermelha?

Numa palavra: não. O declínio de lucro projetado é o pior desde 2009, o que nos dá uma base útil para comparação. Em 2009, os ganhos estimados estavam em queda pois a economia estava em depressão. A crise financeira atingiu os valores dos ativos, empregos, gastos, tudo. Era muito razoável esperar que os ganhos declinassem.

Desta vez, no entanto, a economia está a crescer – embora a um ritmo mais lento do que no ano passado. Os preços da habitação estão a aumentar, os salários estão a aumentar e o emprego está a aumentar ao ritmo mais rápido desde 1998, mesmo tendo em conta o recente fraco número de emprego. Historicamente, as quedas em termos de ganhos estiveram associadas a recessões. Desta vez não estamos a observar isso.

Em vez disso, o principal fator no declínio de lucro tem sido a queda do preço do petróleo, que a FactSet estima que contribui para metade do declínio. Incluindo a energia, os lucros devem cair 4,6%. Excluindo a energia, devem aumentar 3,4%. O problema desta vez passa pelo declínio dos preços do petróleo, não pela fraqueza da economia dos EUA. Na verdade, preços de petróleo mais baixos deveriam contribuir para aumentar o crescimento económico dos EUA ao longo do tempo – mais uma razão para as baixas expetativas com lucros não serem, desta vez, uma bandeira vermelha para a economia real, como o foram no passado.

Então e o mercado de ações?

Mesmo que o declínio de lucro estimado não sinalize uma recessão, poderá significar uma correção de mercado?

Poderá, claro, mas não suspeito de que seja essa a situação. Quando os analistas preparam as suas estimativas as empresas costumam orientar em relação ao que esperam – algo que os analistas têm em conta. As empresas têm um incentivo para orientar para baixo, de modo a vencer as expetativas. Com indicadores económicos lentos e o pessimismo generalizado ao redor dos lucros causado pelo declínio do preço do petróleo, é possível – e eu diria provável – que tenham tomado a oportunidade para criar obstáculos bastante fáceis.

Considerando que embora 84% das empresas tenham fornecido orientações negativas:

  • No total, somente 6 de 10 setores, ou 60%, aguardam declínio no lucro – o que é uma diferença substancial.
  • É ainda cedo mas 80% do (muito pequeno) número de empresas a reportar até agora tem vencido as suas expetativas com folga.

A forma como o mercado reage terá muito mais a ver com a forma como os resultados reais são comparados às expetativas, do que qualquer outro aspeto. A atual queda de expetativas de lucro é a pior desde 2009 – mas seja o que for que esteja a acontecer mais não nos encontramos noutra grande crise financeira. Espero ver os ganhos reais saírem melhor do que as expetativas, o que poderá muito possivelmente conduzir a uma surpresa positiva por parte dos mercados.

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