A estratégia da China face ao ouro
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Enquanto os números oficiais das reservas de ouro da China ainda não foram reservados, há dados que indicam que o país poderá estar a constituir as maiores reservas de ouro do mundo. Mas para servir que objetivo?

Enquanto muitos aguardam ansiosamente o dia em que a China vai finalmente revelar as suas mais recentes e oficiais reservas de ouro, um número que quando for tornado público será muito maior do que a última divulgação de 2009 que estava em pouco mais de 1.000 toneladas, a China vai continuar em frente com acordos e convénios para obter ainda mais ouro nos próximos anos.

Prova A: há duas semanas, a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua relatou que a China National Gold Group Corporation assinou um acordo com a mineradora de ouro russa Polyus Gold (MICEX: PLZL) para desta forma aprofundar os laços da exploração de ouro. O maior produtor de ouro da China disse que as empresas vão cooperar na exploração de recursos, intercâmbios técnicos e fornecimento de materiais.

Polyus Gold é o maior produtor de ouro na Rússia e uma das 10 maiores mineradoras de ouro do mundo.

O acordo entre os dois mineiros é um dos muitos acordos assinados entre a China e a Rússia no domínio de energia, transportes, espaço, finanças e trocas de mídia durante a visita do presidente Xi Jinping à Rússia de 8 de maio até 10 de maio.

"A Iniciativa Belt and Road da China traz oportunidades sem precedentes para a indústria do ouro. Existe um amplo espaço para a cooperação com os países vizinhos, e nós temos vantagens nos campos técnicos, nas instalações, em dinheiro e talento," disse Song Xin, diretor geral da China National Gold Group Corporation.

Chervonets, antiga moeda russa de ouro

Em função desta evolução, não é de admirar o crescente diálogo nos últimos meses que diz que a Rússia e a China estão a preparar o terreno para uma moeda apoiada em ouro, em preparação para o dia em que a hegemonia da reserva do dólar finalmente termine (uma hegemonia cujo fim é acelerando a cada aumento de repatriamentos de ouro físico, como os que estão a ocorrer na Alemanha, Países Baixos, e agora a Áustria).

E agora, prova B: durante a noite a Xinhua também relatou que foi criado um fundo do setor de ouro que envolve os países ao longo da antiga Rota da Seda, no noroeste da China na cidade de Xi'an durante um fórum em curso sobre o investimento e comércio neste fim-de-semana. O fundo, liderada pela Shanghai Gold Exchange (SGE), espera arrecadar cerca de 100 mil milhões de yuan ($16,1 mil milhões de dólares) em três fases. A quantidade de capital será atribuído a nada mais que não seja compras físicas de ouro (sem planos de intermediação financeira como os fundos cotados em bolsa ocidentais) será o maior do mundo.

Os milhares de milhões de dólares em financiamento atribuído virão de cerca de 60 países que investiram no fundo, que por sua vez irá facilitar a compra de ouro para os bancos centrais dos estados-membros para aumentar as suas reservas de metal precioso, de acordo com a SGE.

Como observa Xinhua, a China é o maior produtor de ouro do mundo, e também um grande importador e consumidor de ouro. Entre os 65 países ao longo do Caminho Econômico da Rota Seda e do Caminho Marítimo da Rota da Seda do século 21 existe um grande número de países asiáticos identificados como importantes bases de reservas e consumidores de ouro.

"A China não tem uma grande influência no preço do ouro, porque a sua presença corresponde a uma pequena parcela do comércio de ouro internacional," disse Tang Xisheng da Industrial Fund Management Co. "Por isso, o governo chinês pretende aumentar a influência do yuan nos preços do ouro abrindo o mercado de ouro doméstico para investidores internacionais. "

Como nota, a razão pela qual a China tem vindo a construir e a expandir de forma agressiva a sua Shanghai Gold Exchange é precisamente essa: mudar o centro de comércio do ouro mundial para longe de Londres (e certamente dos EUA, onde apenas o papel de ouro é relevante hoje em dia) para o seu próprio solo nativo: a ambição da China não é nada mais, nada menos, que ser o novo centro de comércio de ouro do mundo.

De forma a conseguir fazer isso, já está a criar a infraestrutura regional para facilitar tal objetivo: de acordo com Tang, o fundo investirá na mineração de ouro em países ao longo da Rota da Seda, o que irá aumentar a exploração em países como o Afeganistão e o Cazaquistão.

As boas notícias para a China é que com o Banco de Compensações Internacionais e virtualmente todos os bancos centrais "desenvolvidos" a necessitarem urgentemente de manter o custo do ouro tão baixo quanto possível enquanto rebaixam as suas próprias moedas até níveis sem precedentes devido aos receios que a fé no decreto desapareça, o fundo de ouro da China será capaz de obter ouro para os seus membros a um preço muito razoável até ao momento em que a falta de fornecimento de ouro físico já não possa ser consertada pela mera venda do metal amarelo.

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