A hora da verdade para as ações chinesas
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Amanhã (quarta-feira) poderá ser o dia a partir do qual o investimento em ações chinesas pode ser catapultado para níveis altíssimos.

No próximo dia, cerca de quatro horas antes de Xangai abrir para o comércio, o MSCI (Morgan Stanley Capital Internacional) irá anunciar se vai receber as principais ações denominadas em yuans da China no seu extremamente influente Emerging Markets Index 891.800, -0,42% estimado num valor de cerca de $1,7 biliões em ativos em todo o mundo.

Espera-se que tal movimento acenda uma recuperação significativa nos Xangai blue chips, e um relatório recente do Wall Street Journal citou grandes fundos, como os do Vanguard Group Inc. que planeiam comprar ações chinesas antes da decisão do MSCI, que deverá ser revelada terça-feira por volta das 17:30, horário do este dos EUA (quarta-feira 05h30, em Xangai) no site da empresa financeira.

As ações de empresas chinesas cotadas em Hong Kong – conhecidas como "ações H" – já são uma presença considerável no Índice MSCI EM. O rival FTSE Group (propriedade da Bolsa de Londres LSE, -0,08% LDNXF, -2,78%) adicionou recentemente as ações listadas no continente – conhecidas como "ações A" – a índices globais de transição, podendo adicioná-los ao seu índice de referência EM em Setembro, de acordo com a HSBC.

A possível transferência do MSCI tem vindo a fazer grandes manchetes na comunicação social da China, mas, dito isso, muitos analistas não têm a certeza de que o compilador do índice vai mergulhar nas ações chinesas esta semana, sugerindo que vai esperar mais um pouco para as reformas financeiras do país serem ainda mais solidas.

Agora ou mais tarde?

Entre os analistas que seguem de perto as ações chinesas, muitos pensam que a inclusão no Índice MSCI EM vai acontecer, mesmo que não seja imediatamente.

Em Junho passado, alguns investidores tinham aconselhado contra a adição de ações A no índice de referência, argumentando que a China ainda restringia o acesso ao mercado. Desde então, porém, os mercados chineses abriram-se ainda mais ao mundo, através do lançamento marcante do esquema do Hong Kong-Shanghai Stock Connect – que permite pela primeira vez que os pequenos investidores estrangeiros comprem ações chinesas diretamente do continente – e através do reconhecimento mútuo de fundos de Hong Kong e dos seus pares do continente.

Mas apesar de tais liberalizações, o fundador e diretor de investimentos da China Forward Capital Group baseado em Hong Kong, Qi Wang, pensa que o MSCI provavelmente vai esperar um pouco mais antes de incluir as ações A.

"Pode haver mudanças de políticas mais dramáticas no segundo semestre de 2015, para além do reconhecimento mútuo já anunciado" de fundos, disse ele à MarketWatch no final da semana passada. "Isso pode levar o MSCI a atrasar a decisão para mais tarde este ano, a fim de ter uma visão mais abrangente."

Ilya Feygin, diretor-gerente da corretora WallachBeth Capital sediada em Nova Iorque, vê "uma possibilidade maior que 80%" das ações A da China se juntarem aos índices MSCI a tempo da sua revisão de Junho de 2016, o mais tardar, embora o anúncio de quarta-feira possa não ser da inclusão imediata das ações chinesas.

"O próximo anúncio de 9 de Junho, vai provavelmente fazer apenas alguma declaração de perspectiva para esse efeito", disse ele em comentários enviados por email para este relatório.

Mas Feygin vê a eventual inclusão como altamente provável, dado o rápido crescimento da capitalização do mercado de ações na China continental, bem como do sistema Hong Kong-Shanghai Stock Connect e a recente jogada da FTSE.

"A importância da China no valor de mercado e contribuição económica não pode ser ignorada, e a sua inclusão foi adiada pela procura de consenso entre os gestores de ativos do top 50", disse Feygin.

É preciso fazer mais

Entre os céticos de uma inclusão imediata de ações A no Índice MSCI EM, alguns citam a necessidade de uma maior abertura dos mercados chineses antes de tal movimento ser prático para o MSCI.

"Ainda é difícil para as ações A se juntarem a marcos globais do MSCI num curto prazo", disse a Guotai Junan Securities, uma das maiores empresas de correção da China, numa nota na última quarta-feira.

Parte do problema é que o acesso a investidores institucionais – seja através da Connect ou de através de dois programas mais antigos, o QFII (Qualified Foreign Institutional Investor) e o RQFII (Renminbi Qualified Foreign Institutional Investor) – ainda é insuficiente.

"Para acelerar o processo [de unir índices MSCI], a China pode acelerar a abertura dos mercados de capitais", disseram os analistas da Guotai Junan liderados por Qiao Yongyuan numa nota.

Eles disseram que tais movimentos feitos por reguladores chineses provavelmente incluiriam quotas maiores para os programas QFII e RQFII, bem como o lançamento de um segundo "Stock Connect," desta vez ligando a bolsa de Hong Kong com a de Shenzhen de menor quota de mercado. Da mesma forma, os limites de negociação de volume para o Hong Kong-Shanghai Stock Connect também podem ser aumentados.

Qi Wang, da China Forward Capital, disse que os limites às participações de capital estrangeiro em empresas chinesas também podem ser alargados.

"Achamos que a propriedade estrangeira de ações A da China vai continuar a aumentar a partir da baixa base atual de apenas 3%", disse ele. "O aumento da participação institucional externa de ações A, sem dúvida, mudará as regras do jogo de uma quota de negociação."

Tais movimentos já foram insinuados pelo regulador financeiro do país, a China Securities Regulatory Commission, que falou na necessidade de melhorar a competitividade global dos mercados chineses.

Se as adicionarem, elas vão correr

Independentemente do MSCI incluir as ações da China esta semana ou em algum momento nos próximos meses, o impacto do movimento provavelmente será grande, de facto.

Atualmente, as ações H listadas em Hong Kong de empresas chinesas do continente representam cerca de 25% do Índice MSCI EM. Se as ações A se juntarem, milhares de dólares em fundos que seguem o marco de referência apressar-se-iam para Xangai para coincidir com a nova composição do índice.

De acordo com uma estimativa da HSBC na quinta-feira passada, as ações A poderiam, eventualmente, constituir 23% do Índice MSCI EM, uma vez que "estão totalmente disponíveis para os investidores internacionais", enquanto que para o FTSE EM Index VFEM, -0,10% VWO, -0,48%, as ações chinesas podem potencialmente atingir 27% do total do valor de referência.

Uma inclusão plena em ambos os índices poderia resultar em fluxos de investimentos passivos "de quase $50 mil milhões", e a reação de investidores ativos poderia conduzir essa soma para valores de $330 mil milhões, disse a HSBC.

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