Em tempo economicamente conturbados, como os que estamos a viver, os investidores viram-se para as ações de empresas petrolíferas, que oferecem altos dividendos. Porém, os investidores poderão estar a correr um erro que sairá caro.
Sabemos que o mundo está em apuros quando os investidores olham para a indústria do petróleo à procura de segurança. As ações de petróleo, com o pior desempenho no mundo, estão a começar a atrair investidores, com os rendimentos de dividendos mais altos desde a crise financeira que começou em 2008.
Os seus rendimentos são mais notáveis nesta época de juros baixos recorde no dinheiro e nos rendimentos de zero ou negativos dos títulos do governo. O caos na Grécia e a tancagem dos mercados chineses só adicionam às perdas dos investidores, com mais de 3 biliões de dólares varridos das ações globais no mês passado.
Os dividendos da Royal Dutch Shell Plc (NYSE: RDS.B) oferecem 6,7% em dinheiro de acionistas, uma taxa nunca vista desde a crise financeira global e quase o dobro da média para o índice FTSE-100 de ações de Londres. A Morgan Stanley diz que o rendimento extra oferecido por empresas de petróleo sobre o mercado de ações é o maior em 30 anos.
"Preços das ações subavaliados, altos dividendo contínuos: É um bom momento para os investidores entrarem nas companhias de petróleo", disse Richard Hülf, co-gerente em Londres da Artemis Fundo Global Energy, parte de um grupo que supervisiona 32 mil milhões de dólares para os investidores, no dia 30 de Junho.
Com a Europa no centro do mal-estar económico global, os empréstimos para a Alemanha por 10 anos rendem-lhe menos de 1%. Em contraste, a Exxon Mobil Corp. (NYSE: XOM) tem um rendimento de dividendos de 3,5%, o maior desde 1996. A BP Plc (LSE: BP) e a Chevron Corp. (NYSE: CVX) oferecem taxas de 6,8% e 4,5%, respectivamente.
Lucro cortado
"Os investidores de topo estão a comprar Big Oil como um proxy para um título", disse Norbert Ruecker, chefe de pesquisa de commodities do Banco Julius Baer & Co., em Zurique.
Os preços das ações das empresas de petróleo, o denominador para o numerador de dividendos, entraram em colapso. As empresas de energia sob o valor de referência MSCI All-Country World Index de ações globais afundaram 7,1% este ano, o pior desempenho de toda a indústria.
Os preços do petróleo caíram quase metade num ano, com o mundo à beira da maior abundância em pelo menos três décadas. Isso cortou os ganhos, com o lucro líquido médio entre 15 das maiores empresas integradas de petróleo a baixar 45% no primeiro trimestre de um ano antes. Os efeitos incluem a diminuição dos gastos dos produtores nos maiores projectos e na exploração que vai garantir o rendimento futuro.
O CEO da BP Bob Dudley está a prepara-se para um longo período de preços mais baixos do petróleo, disse ele em Londres no mês passado.
Valor armadilha
Mesmo quando os preços estavam nos $100 por barril, alguns produtores não estavam a conseguir gerar o suficiente para financiar os seus investimentos e os dividendos. Em vez disso, eles assumiram dívidas para satisfazer os pagamentos dos acionistas. O petróleo Brent, o grau de referência global, acrescentou 50 cêntimos aos 57,55 dólares por barril no câmbio ICE Futures Europe com sede em Londres às 11:48 da manhã, hora de Singapura na quinta-feira.
"Quando vê um rendimento anormalmente elevado em relação ao mercado, isso tanto pode ser um valor fantástico ou pode ser um valor armadilha", disse Philip Lawlor, estrategista da Smith & Williamson Investment Management LLP em Londres, que supervisiona cerca de $25 mil milhões em investimentos, no dia 15 de Julho "Estamos magros no setor do petróleo."
O Brent caiu 10% este mês à medida que a procura de uma economia chinesa a enfraquecer desacelera e os EUA bombeiam mais petróleo. Os preços podem cair ainda mais porque o mundo continua a estar "maciçamente em excesso de oferta" antes dos mercados apertarem em 2016, disse a Agência Internacional de Energia na sexta-feira.
Em 1986, quando os preços do petróleo caíram para $10, os maiores produtores europeus diminuíram os gastos de capital em um quarto e os custos operacionais do petróleo e produção de gás em cerca de um terço, disse a Morgan Stanley num relatório publicado a 29 de Junho com o Boston Consulting Group.
Isso significou um retorno anual de 16%, em média, na década que se seguiu, em comparação com os 12% para o mercado europeu mais vasto, como mostra o relatório. As empresas petrolíferas terão agora de reduzir os custos em 20% para sustentar os dividendos, escreveram os analistas.
"As empresas não irão provavelmente cortar os dividendos", disse Hülf na Artemis. "Esses são sagrados."