Os 6 motores do Nasdaq
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As ações de apenas 6 empresas são responsáveis por mais de metade dos ganhos dos índices americanos. Saiba porque é que isto é algo preocupante.

São poucas as empresas que estão a contribuir para os ganhos nos principais índices norte-americanos durante este ano, o que está a levantar novas preocupações acerca da saúde do mercado.

Seis companhias – (NASDAQ: AMZN), Google (NASDAQ: GOOG), Apple (NASDAQ: AAPL), Facebook (NASDAQ: FB), Netflix (NASDAQ: NFLX) e Gilead Science (NASDAQ: GILD) – são responsáveis por mais de metade dos 664 mil milhões de dólares dos ganhos deste ano do Nasdaq Composite Index, segundo os dados recolhidos pela firma Jones Trading.

Amazon, Google, Apple, Facebook, Gilead e Walt Disney Co. contabilizam mais do total de 199 mil milhões de dólares de ganhos em capitalização de mercado do S&P 500.

Esta concentração dos lucros está a aumentar as preocupações de que estes sejam os primeiros sinais de uma queda dos índices. Muitos investidores estão a pressentir os ecos de outras situações em que os mercados atingiram um pico – incluindo o pico de 2007 e o pânico da década de 1990 – quando cada vez menos ações estavam a segurar o mercado. Este ano, o S&P 500 subiu 1%, enquanto o Nasdaq apresenta ganhos de 7,4%.

Outros indicadores estão também a dar o sinal de alerta. No Nasdaq, este ano, o número de ações em queda já ultrapassou o número de títulos em alta, empurrando a “linha de avanço e declínio” para território negativo, um fenómemo que no passado precedeu a queda dos mercados.

Na passada segunda-feira, à medida que o S&P se aproximava de um recorde, foram quase tantas as ações a atingirem os seus mínimos anuais como as que registaram um máximo anual, de acordo com a Ned Davis Research, apontando que esta situação é por vezes uma previsão de um período turbulento, e também um grande contraste com os anos anteriores de 2014 e 2013. O S&P está 2,4% abaixo do seu recorde de 21 de maio. O Nasdaq, por seu lado, atingiu o ponto mais alto da sua história na passada segunda-feira, e desde então caiu 2,5%.

Uma subida alimentada por apenas uma mão cheia de títulos não significa necessariamente que o mercado está em maus lençóis ou que as ações vão cair. Na verdade, desde a primavera de 2009, quando as ações iniciaram a sua subida de seis anos, que os mais céticos têm vindo a avisar que a queda está iminente, citando fatores desde a recuperação económica desigual até ao aumento do índice preço/lucros.

Ainda assim, muitos analistas estão cada vez mais desconfortáveis com o aumento da diferença entre os títulos mais lucrativos e o resto do mercado. Muitos vêm um mercado que poderá estar à beira de uma mudança – embora ninguém consiga prever o que irá acontecer. Segundo Scott Migliori, responsável pelos 740 milhões de dólares do fundo AllianzGI Focused Growth:

“Das duas, uma: ou o mercado colapso ou então expande-se. O elástico já foi esticado demasiado”, afirma.

Migliori revela que tem estado a reduzir o seu portfólio de ações de internet e de biotecnologia. A 31 de maio, a Apple, Amazon e Facebook estavam entre os cinco principais títulos desde fundo, segundo o Morningstar.

O responsável explica que optou por mudar o seu investimento para ações industriais pouco valorizadas, bem como títulos de empresas de saúde que têm ficado para trás nesta recente subida.

Os períodos iniciais após a crise foram marcados por uma subida mais alargada a todo o mercado. Em 2013, o Nasdaq subiu 38% com as três principais ações a contribuírem para 17% dos ganhos, de acordo com a JonesTrading. Nesse mesmo ano, o S&P subiu 30%, com os três principais títulos a contribuírem com 8%.

Os ganhos nestes dois índices foram mais concentrados no ano passado, mas, ainda assim, menos que este ano. O Nasdaq subiu 13% em 2104, com as três maiores companhias a serem responsáveis por 32% dos ganhos. O S&P registou uma subida de 11%, com as três principais ações a contribuírem com 16%.

“Em 2013 e 2014, tivemos estes anos muito fortes para o mercado e tudo subiu”, afirma Mike O’Rourke, estratega da JonesTrading. “Agora, temos mais dinheiro a ser movido por menos ações”, explica.

Este ano, com o Nasdaq a ter uma subida de 7,4%, os três maiores contribuidores – Amazon, Google e Apple – foram responsáveis por 37% desses ganhos. A Amazon subiu 71%, somando mais 104 mil milhões de dólares em valor de mercado. A Google subiu 23%, somando 79 mil milhões de dólares, e a Apple subiu 13%, somando 63 mil milhões.

John Carey, diretor de portfólio do Pionner Fund, que vale 5,2 mil milhões de dólares e cujo segundo título é a Apple diz que:

“Há algumas características deste mercado que se vai estreitando que se parecem com o que aconteceu” com a bolha tecnológica do final da década de 1990.

Nas vésperas do crash da “dot-com”, em março de 2000, as seis maiores ações do S&P tinham sido responsáveis por todos os ganhos desse índice nesse ano, segundo Mike O’Rourke.

As ações de energia e de materiais entraram em queda livre após a descida do preço das matérias-primas, enquanto o aumento da rentabilidade das obrigações afetou os títulos que tradicionalmente rendiam altos dividendos. Até mesmo as ações dos bastiões de tecnologia entraram em terreno negativo. A fabricante de chips Intel Corp. (NASDAQ: INTC) caiu 23% este ano, enquanto a empresa de tecnologia de móvel Qualcomm Inc. (NASDAQ: QCOM) está em baixa 17%.

Jeff Mortimer, diretor de investimento do BNY Mellon Wealth Management, que supervisiona 193 mil milhões de dólares em bens, diz que, por enquanto, não está preocupado. O especialista afirma que, no primeiro trimestre, a empresa reduziu as suas participações em algumas ações de destaque que estavam em alta, e mudou o seu foco para ações mais baratas de outros países. Mas, no geral, a companhia mantém-se confiante nas ações norte-americanas, e não é da opinião de que este número reduzido de ações a empurrar os índices seja um sinal de que a queda está iminente. “Ainda não é um sinal de aviso”, considera Mortimer.

Alguns especialistas continuam preocupados com a possibilidade dos ganhos das ações serem limitados pelas sobreavaliações. O S&P 500 está a negociar a 18,5 vezes os ganhos dos últimos 12 meses, um aumento em relação aos 17,1 do início do ano e à média de 15,7 dos últimos 10 anos, segundo a FactSet.

Ao mesmo tempo, o abrandamento no crescimento dos lucros corporativos e a perspetiva do aumento das taxas de juro pelo Banco Federal, que é esperada para este ano, tem deixado muitos investidores de pé atrás à espera que o mercado comece a tremer. Mas a verdade é que esse receio tem aparecido muitas vezes nos anos recentes.

“O jogo não é tão simples que possamos ter uma lista que diga tudo o que aconteceu” antes de uma queda do mercado, afirma Doug Ramsey, diretor de investimento da Leuthold Weeden Capital Management.

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