O apocalipse do ouro
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Claude Erb, um especialista em preços do metal dourado, prevê que o ouro caia dos 1100 dólares por onça de hoje para uns meros 350 dólares, até estabilizar em 825 dólares. Quais serão os argumentos que o levam a uma conclusão tão radical?

A grande quebra o preço do ouro poderá apenas ter começado. Um proeminente especialista em previsões de ouro antevê que o metal irá cair para uns meros 350 dólares por onça, um nível inédito desde 2003. É também um valor drasticamente mais baixo que o que está a ser previsto pela maioria dos peritos. Mas as previsões de Claude Erb poderão ter algum mérito. Em 2012, Erb, um antigo negociante de matérias-primas no TCW Group, conduziu um estudo em parceria com Campbell Harvey, um professor da Universidade de Duke, que previu a queda do ouro bem antes de esta ter começado. Nessa altura, o ouro estava a ser negociado por 1600 dólares a onça. Hoje em dia vale menos de 1100 dólares. O estudo utilizou uma análise histórica para demonstrar que se o ouro é uma proteção contra a inflação – como muitas pessoas acreditam – então atualmente é extremamente caro.

Numa entrevista para a CNNMoney, Erb disse o seguinte:

“O ouro não é mais ou menos volátil que as ações ou outra coisa qualquer. Pode ser muito sobreavaliado, e atualmente está de facto muito sobrevalorizado.”

O ouro poderá cair ainda mais

O estudo de Erb e Harvey sugere que o valor justo para o ouro seria de cerca de 825 dólares por onça. Isso representaria uma quebra de 25% em relação ao preço atual.

Mas o ouro tende a mover-se para os extremos antes de reverter para o seu valor justo. Os preços do ouro, tal como os preços das ações e obrigações, são influenciados por níveis excessivos de otimismo e pessimismo por parte dos investidores.

“Os mercados raramente negociam por “valores justos”, e, em vez disso, tendem a exceder-se”, afirma Erb. A sua investigação sugere que o ouro poderá cair até cerca de 350 dólares por onça, antes de estabilizar no seu valor justo. Uma quebra dessas iria significar uma queda de 80% em relação ao pico do preço do ouro, registado no final de 2011. Seria, portanto, uma grande perda para os investidores.

Ouro como proteção contra a inflação

O estudo de Erb e de Harvey não é exato. Mesmo que eles tenham razão de que o ouro está sobrevalorizado, ninguém pode prever com toda a certeza quando é que os preços vão corrigir. Até poderiam subir ainda mais antes da quebra. No passado, os ciclos até ao pico chegaram a demorar 20 anos.

Esta é uma perspetiva a longo prazo baseada na seguinte hipótese: os preços do ouro são influenciados pela inflação, tal como o preço das ações é maioritariamente influenciado pelos lucros das empresas.

Essa crença de que o ouro é o maior bem de valor está por detrás dos preços extremamente elevados após a Grande Recessão. Os investidores receavam que as taxas de juro extremamente baixas da Reserva Federal iriam despoletar uma onda de inflação, e assim o ouro poderia protege-los.

Erb e Harvey são da opinião de que se o ouro mantiver o seu poder de compra ao longo do tempo, significa que o seu valor justo, ou o preço ajustado à inflação, deverá também ser constante a longo prazo. Os autores utilizaram os preços históricos e uma medida da inflação – o índice do preço para os consumidores – para determinar o valor justo.

É claro que algumas pessoas acreditam que os preços são influenciados pela quantidade de ouro adquirida em mercados emergentes como a China ou a Índia. O ouro caiu drasticamente em julho após a divulgação de um relatório que indicava que a China tem estado a consumir menos ouro do que aquilo que se pensava. Outros afirmam, por seu lado, que os preços do ouro são alimentados pelos custos de produção das companhias mineiras.

Erb encontra poucas provas que possam suportar qualquer uma dessas teorias, afirmando mesmo que a segunda está “muito próxima do ridículo”.

Mas muitos outros consideram que a possibilidade do ouro cair para 350 dólares é também ela ridícula. Bob Alderman, presidente da gestão de riqueza da Gold Bullion International, um fornecedor de metais preciosos, acredita que isto é “muito rebuscado”. Alderman afirma que Erb e Harvey são “uns tipos inteligentes com uma teoria”, mas nota que é importante recordar que há pouco tempo alguns observadores eram da opinião que o ouro iria chegar aos cinco mil dólares. “Claramente, não chegou a esse ponto”, aponta Alderman.

Mas há sinais que apontam que o dinheiro poderá estar a mover-se para a perspetiva de Erb e de Harvey. Os grandes bancos de Wall Street estar a cortar os seus preços de ouro. A Goldman Sachs, uma das maiores apoiantes do super ciclo das matérias-primas, previu recentemente que o ouro poderia cair abaixo dos mil dólares, pela primeira vez desde 2009, o que leva a crer que Erb poderá afinal estar certo.

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