Saiba o que deve e o que não deve fazer quando as bolsas estão a cair.
Em tempos de alta volatilidade dos mercados muitas pessoas sentem a dolorosa sensação de que as suas ideias e hábitos de investimento foram mal orientados.
No entanto, qualquer pessoa que reveja assiduamente a sua carteira de investimentos e tome medidas para proteger as suas participações de potenciais quedas do mercado bolsista poderá tirar uma lição valiosa – se estiverem dispostas a aprender com os seus erros.
Aqui ficam sete erros de investimento que não vai querer cometer quando o mercado está a baixar e o que deve realmente fazer:
1. Acreditar em previsões
Há umas semanas atrás, o professor da Wharton School Jeremy Siegel, um financeiro baixista de longa data, repetiu a sua previsão de que “é possível que a Dow chegue aos 20.000 no final deste ano”. Também previu que “vamos ter um quarto trimestre muito bom”. Pouco tempo depois, a Dow Jones Industrial Average perdeu 1.000 numa semana. O que me lembra outro professor universitário que fez previsões drásticas do mercado: Irving Fisher em 1929, pouco antes de ocorrer o crash de outubro.
É claro que é possível a Dow chegar aos 20.000. Aos 15.000 também. Por outras palavras, ninguém sabe ao certo o que o mercado irá fazer, especialmente professores ou outros quaisquer que sejam convidados a ir falar à televisão; estão simplesmente a adivinhar. Não leve essas previsões muito a sério.
O que deve realmente fazer: deixe as previsões do mercado para os verdadeiros profissionais: os videntes. Ouvir as previsões pode ser um jogo de sociedade divertido, mas pode custar-lhe dinheiro.
2. Comprar ações por causa de uma boa história
A maioria dos investidores sabe que não se deve comprar ações baseado-se numa dica. Mas o que fazer se essa dica estiver escondida numa história inteligente e aliciante? Quando ouve alguém num programa financeiro a contar-lhe uma boa história sobre uma empresa, não acredite. A maioria destas histórias são contos de fadas, especialmente aquelas criadas por alguém que trabalhe numa determinada empresa ou por convidados com um determinado propósito secreto. Acredite nestas histórias (ou dicas) por sua própria conta e risco.
O que deve realmente fazer: encontre as suas próprias ações com base em análises técnicas ou fundamentais, ou com ferramentas de triagem de ações.
3. Ficar esperançoso(a) quando devia recear
Tanto o lendário corretor de bolsa Jesse Livermore como o famoso investidor Warren Buffet constataram que muitos investidores são normalmente muito esperançosos mesmo antes do mercado ruir. Atualmente existem mais evidências de que o mercado baixista está a estagnar, no entanto, muitos investidores estão esperançosos de que a tendência baixista se vai manter.
A esperança não o/a vai ajudar, mas ser realista pode diminuir o risco. Não interessa o quanto gosta de uma empresa ou das suas ações, quando uma ação ou índice cai abaixo dos 200 dias de média móvel e mostra sinais de continuar a cair, tal como está a acontecer agora com a Dow, é melhor vendê-la.
O que deve realmente fazer: esta não é altura para ter esperança mas sim para reduzir o risco com a compra de opções de venda (opções de venda são menos arriscadas do que reduzir ações) e com a venda de ações se os seus preços continuarem a cair.
4. Focar-se nos motivos de ascensão e queda do mercado
A razão para a qual o mercado sobe e desce todos os dias é menos importante do que a forma como deve agir em função disso. Contudo, isso não impede muita gente de ir aos meios de comunicação e criar teorias sobre porque é que o mercado fez o que fez. Essas teorias encorajam os investidores a acreditar que o mercado está a flutuar sob lógica estável e não sob emoção e algoritmos informáticos. Há uns dias, um jornalista financeiro escreveu que todo o mercado estava a ascender fortemente “porque o Warren Buffet tinha comprado uma nova empresa, a Precision Castparts”. Disparates. Isso é apenas uma desculpa. Nunca se vai descobrir imediatamente porque é que o mercado sobe e desce. Só mais tarde.
O que deve realmente fazer: Encare os factos. Só os factos são importantes, não as teorias. Tentar determinar por que é que o mercado mudou é, quanto muito, enganoso, e no pior dos casos, uma manobra de diversão.
5. Pensar que é um génio dos investimentos
Toda a gente pensa que é um génio num mercado baixista até receber o primeiro pedido de reforço de margem. Mas muitos agentes financeiros nunca tiveram a experiência de um mercado baixista, muito menos de se investir num clima de ascensão de taxas de juro. Não vai tardar muito até terem uma grande surpresa.
O que deve realmente fazer: se está convencido(a) de que é um(a) mestre dos investimentos, venda imediatamente todas as suas ações.
6. Utilizar estratégias altistas num mercado baixista
Quando a tendência do mercado começa a tornar-se baixista, qualquer investidor ou investidora astuto altera a sua estratégia. A “dollar-cost averaging” (ou no nosso caso euro-cost averaging) e a “buy the dips” são boas estratégias a adotar num mercado de tendência altista, contudo, num mercado de tendência baixista pode ser um desastre.
O que deve realmente fazer: existem muitos livros que lhe dão as ferramentas para o preparar para um mercado de tendência baixista. Estude-as.
7. Ignorar indicadores técnicos ou de sentimentos
Muitos erros de investimentos poderiam ser minimizados se os investidores prestassem mais atenção a indicadores como por exemplo a média móvel ou a MACD (Moving Average Convergence/Divergence ou Convergência/Divergência das Médias Móveis). Embora não sejam perfeitos, os indicadores ajudam-no(a) a identificar tendências de curto e longo prazo. Além disso, estudar os indicadores do mercado tais como o “New High-New Low” ajudam a confirmar condições de mercado deteriorantes. Já os indicadores de sentimentos tais como o índice de volatilidade CBOE ou o VIX também ajudam a determinar a opinião das pessoas em geral (para que possa fazer exatamente o oposto). Por fim, siga de perto líderes de mercado para detetar sinais de deterioração.
O que deve realmente fazer: faça o trabalho de casa. E não tenha medo de ir contra a maré.