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Saiba porque é que gigantes como o Goldman Sachs, a Warburg Pincus e a Blackstone estão a investir milhões na Índia.

Nos últimos meses, colossos globais como o Goldman Sachs, a Warburg Pincus e a Blackstone investiram mais de 60 mil milhões de rupias (910 milhões de dólares) em empresas de imobiliário indianas, mesmo numa altura em que o setor está em dívida e com vendas estagnadas.

Somando tudo, o total de investimento privado – tanto doméstico como estrangeiro – no setor imobiliário em 2015 já atingiu níveis inéditos desde 2011.

Todos estes fundos surgem após anos de escassez de investimento privado em imobiliário, quando o dinheiro estava paralisado em projetos que ou eram adiados ou simplesmente nem chegavam a arrancar.

“O sentimento começou a melhorar após os resultados das eleições gerais de 2014”, afirma Anuj Purim presidente e diretor de território da JLL India, uma empresa de consultadoria de imobiliário. “A transparência continua a ser um grande desafio para ser resolvido, mas a procura continua a ser enorme”, revela.

Grande aposta

A 17 de agosto a Goldman Sachs investiu 150 milhões de dólares (9 mil milhões de rupias) na Piramal Realty – o braço de desenvolvimento imobiliário do Piramal Group – por uma parte minoritária na empresa. Em julho, a Piramal Realty recebeu mais 18 mil milhões de rupias de outra empresa privada norte-americana, a Warburg Pincus.

Em maio, a Goldman Sachs assinou uma parceria com a Nitesh Estates, uma empresa de imobiliário sedeada em Bengaluru, para investir até 250 milhões de dólares (16 mil milhões de rupias) em bens de rendimento na Índia.

Ankur Sahu, copresidente de participações privadas da Goldman Sachs na Ásia, considerou num comunicado divulgado a 17 de agosto:

“O foco do governo na simplificação das regulamentações e no impulso do crescimento da economia vai motivar o investimento e o consumo.”

Um pouco antes, em junho, a Blackstone – uma das maiores empresas de participações privadas dos Estados Unidos e o maior dono de imobiliário de toda a Índia – adquiriu o projeto 247 Park Office em Mumbai por 10,6 mil milhões de rupias (160 milhões de dólares). No início de agosto, a companhia juntou-se à Panchshil Group para investir cerca de 7,5 mil milhões de rupias para desenvolver uma zona económica especial de tecnologias de informação em Pune.

Estes investimentos contrastam com os últimos anos quando os investidores se mantinham afastados do setor imobiliário indiano, que se prevê que venha a valer cerca de 180 mil milhões de dólares em 2020.

“A crise financeira global teve o seu efeito em todo o mundo, e a Índia não foi exceção. O setor de imobiliário, que despertava um excelente interesse para os investidores estrangeiros, foi severamente atingido, o que afetou as rotas de saída – um cenário que se prolongou por vários anos”, explicou Puri da JLL.

Os investidores também se tornaram mais cuidadosos ao escolher os seus parceiros e projetos. Há um processo de prospeção muito mais cuidadoso e todos os passos são tomados com precaução.

“Os investidores aprenderam com os seus erros do passado”, considera Shashank Jain, parceiro e responsável pelos negócios de imobiliário da PwC India.

“Já não vemos os investidores a perseguir todos os negócios – estão a investir em projetos onde podem controlar o trabalho”, afirma.

Os desafios continuam

A 1 de setembro, a agência Moody’s afirmou que os maiores nomes de imobiliário indianos vão continuar a enfrentar um panorama difícil durante os próximos 12 meses – incluindo fracos fluxos monetários, poucas vendas e preços estagnados.

“A capacidade das empresas para executar projetos tem sido desafiada durante os últimos dois a três anos fiscais, devido ao atraso nas aprovações e à escassa liquidez”, afirma a agência.

“Estes atrasos abrandaram o fluxo de pagamentos dos compradores e reduziram a procura dos investidores em novos projetos ao bloquearem os seus capitais e reduzirem o rendimento esperado”, explica o comunicado da agência.

Em julho, a Ambit, uma companhia de corretagem, também avisou que o setor poderia estar perante um abrandamento.

“Estamos a ver uma quebra no imobiliário, com os preços a corrigirem-se em quase todas as cidades dos grupos I e II, bem como fortes quedas nos volumes de transações e de novos lançamentos. A motivar este abrandamento estão uma combinação de fatores do lado da oferta (os bancos estão a cortar nos empréstimos aos construtores) e da procura (a lei do “dinheiro escuro” despertou o medo entre os especuladores)”, revela o relatório da Ambit.

Apesar dos avisos, tanto Wall Street como outros investidores espalhados pelo mundo estão convencidos de que este setor ainda tem mais para dar.

“A demografia indiana continua a fazer com que o setor imobiliário seja atrativo. Mas se está à procura de ganhos a curto prazo, então isso continua a ser um desafio”, afirma Shashank Jain. “A história a longo prazo permanece intacta”, considera.

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