Como vão as ações de Buffett?
Kevin Lamarque/Reuters
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Este ano não está a ser nada bom para o portefólio de Warren Buffett. Deverá o lendário investidor finalmente prestar mais atenção aos cenários de curto prazo?

Se alguém escrevesse um livro infantil sobre os resultados do portefólio de ações da Berkshire Hathaway em 2015, o melhor título seria “Buffet e o ano terrível, horrível, nada bom e muito mau”.

Warren Buffett adora as ações das chamadas “blue chips”, ou seja empresas valiosas que são relativamente fáceis de entender. Ele evita as novas paixões dos investidores tais como o Facebook (NASDAQ: FB), a Amazon (NASDAQ: AMZN) e a Netflix (NASDAQ: NFLX) em favor de empresas mais antigas e maduras.

Os principais investimentos de Buffet estão atrasados

Olhem, por exemplo, para a IBM (NYSE: IBM). Esta é uma das quatro principais empresas no portefólio da Berkshire, a empresa de Buffett. Além disso, em 2015 Buffet voltou a comprar mais ações da companhia. Mas na segunda-feira, a IBM decepcionou Wall Street outra vez: as vendas estão a cair pelo 14° trimestre seguido.

Na terça-feira, as ações da IBM cairam 6% e desde o início do ano perderam 12%. Os resultados tão fracos parecem ser habituais para as ações de Buffet em 2015.

As ações da Well Fargo (NYSE: WFC) — a segunda maior posição no portefólio da Berkshire — perderam 3%. Claro que não é muito grave. Mas talvez o amor da Berkshire pelos grandes bancos seja demasiado. No portefólio da holding há bastante ações do Bancorp e Goldman Sachs (NYSE: GS). As ações dos dois bancos estão com números vermelhos este ano.

A Coca-Cola de cereja não ajudou as ações

As ações da Coca-Cola (NYSE: KO) estão em terceiro lugar no portefólio da Berkshire. Não é um segredo que Buffett adora Coca-Cola Cherry. Porém as ações da empresa não cresceram nada durante o ano. Mais uma vez: não há nada de grave nisso. Mas as ações das empresas rivais — Pepsi (NYSE: PEP) e Dr Pepper Snapple (NYSE: DPS) — apresentaram resultados muito melhores. Será que Buffett está a manter as ações de uma empresa perdedora no mercado dos refrigerantes?

AmEx, P&G e Wal-Mart são os grandes perdedores

Vamos ver as ações mais problemáticas no portefólio da Berkshire. As ações da American Express (NYSE: AXP) estão em quinto lugar no seu portefólio. Neste ano cairam 17%.

As da Procter & Gamble (NYSE: PG) caíram 18%. O fabricante da marca famosa de detergente para roupa Tide ocupa o sétimo lugar no portefólio da Berkshire.

Enfim, a Wal-Mart (NYSE: WMT). Em 2015, as ações deste retalhista perderam mais de 30%. Este é o pior resultado da empresa do índice Dow. Não parece que as coisas melhorem em breve, se levarmos em consideração a estatística chocante das vendas e as previsões de lucros mais pequenos no ano que vem, publicadas na semana passada.

Como vai a própria Berkshire Hathaway

Some isso tudo e eis a razão por que é que as ações da própria Berkshire estão atrasadas no mercado este ano.

Desde o início do ano, tanto as ações mais caras (200 mil dólares!) do tipo A (NYSE: BRK.A), como as mais disponíveis ($133) do tipo B (NYSE: BRK.B) perderam 11%.

Há também boas notícias. Algumas ações do portefólio da Berkshire ficaram significativamente mais caras em 2015.

As ações do grupo Kraft Heinz, criado na sequência da fusão de dois gigantes alimentares no início deste ano, subiram quase 10% desde a licitação em julho.

As ações da refinaria de petróleo Phillips 66 (NYSE: PSX) subiram 13% desde o início do ano. As ações da Philips ocupam o sexto lugar no portefóleo da Berkshire. Apesar da queda dos preços, as refinarias vão bem neste ano — as matérias-primas baratas diminuem as despesas da empresa.

As ações da Charter Communications, uma das 20 maiores empresas no portefólio da Berkshire, cresceram 12%. Após a futura aquisição da Time Warner Cable (NYSE: TWC) o tamanho da Charter aumentará bastante (a Time Warner Cable já não faz parte da empresa-mãe da CNN Time Warner (NYSE: TWX)).

Na verdade, neste ano a Berkshire aumentou a sua parcela das ações da Phillips 66 e Charter. Esta decisão parece ser muito razoável.

Ademais, agora a Berkshire baseia-se no seu portefólio de investimentos menos do que antes. Hoje a empresa possui uma grande série de negócios, desde a Geico e a companhia ferroviária Burlington Northern Santa Fe até a Fruit of the Loom e Dairy Queen.

Em agosto, a Berkshire anunciou o seu maior acordo de sempre — a aquisição do fabricante de componentes dos motores a jato Precision Castparts (NYSE: PCP) por 37,2 mil milhões de dólares.

Sejamos honestos: trata-se de um período muito curto em que a Berkshire tem um mau desempenho.

Tal como Buffet apontou na sua carta anual aos acionistas, durante os últimos 50 anos, o valor de mercado da Berkshire aumentou 1 826 163%. Para entender melhor, isto quer dizer que o crescimento anual da empresa é de 21,6%, diferentemente dos 9,9% do índice S&P 500.

Por isso mais um ano difícil não é uma razão para reescrever os livros da história de mercados. Buffet continua a ser o Oráculo de Omaha, uma lenda de investimentos cujo património líquido ultrapassa 62 mil milhões de dólares.

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