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Há uma tendência geral de subida das ações em dezembro, que é conhecida pela “subida Pai Natal”. Porém é possível que este ano o Pai Natal não vá a Wall Street. Perceba porquê.

A “subida Pai Natal”, conhecida por se registar em Wall Street nas últimas duas semanas do ano, tem um grande obstáculo pela frente. Um teimoso nível de 2.100 do S&P 500.

O nível 2.100 no S&P 500 tem uma atração gravitacional tão forte que o índice atravessou-o 38 vezes em 2015, de acordo com a Fact Set. O índice está a perder 0,8% em termos mensais e está com uma variação próxima dos 0% em termos anuais.

Com a exceção de agosto e setembro, quando o S&P caiu mais de 12% antes de recuperar, o índice tem geralmente estado estável próximo desse nível.

Alguns traders chamam a essa marca “o íman” ou “a cola”, enquanto aqueles com preocupações mais técnicas chama-lhe de “suporte” quando as ações estão a cair e de “resistência” quando o mercado se está a mover na direção oposta.

Tecnicamente, a “subida Pai Natal” começa dois dias antes do Natal, e continua até ao final do ano, de acordo com Ryan Detrick, estrategista de marketing para a Kimble Charting Solutions.

Dezembro geralmente tende a ser um mês positivo. Desde 1950, o S&P 500 subiu três vezes em quatro, com um ganho médio de 1,7%.

Em 18 dos últimos 20 anos, o período de 20 de novembro até ao final do ano tem sido positivo para ações de empresas tanto de grande como de pequena capitalização do mercado, de acordo com Jeff Saut, estrategista de investimento chefe na Raymond James, que não gosta de vender durante este mês. Saut escreveu num email:

"O Pai Natal costuma vir a Wall Street na maioria dos anos, e é por isso que um dos meus mantras é ‘é difícil deixar cair as ações no efervescente mês de dezembro."

Uma razão porque dezembro é normalmente um mês positivo para as ações tem que ver com o hábito de Wall Street conhecido por “enfeitar as janelas” – fundos mútuos apressam-se a comprar ações que tenham tido uma boa performance de modo a mostrar aos investidores nos seus relatórios de final de ano que detêm as melhores ações do ano.

Na mesma onda, é mais provável que investidores vendam as suas ações que estão em queda de modo a tirar vantagem das provisões fiscais. O efeito é que ações com um maior impulso continuam a tornar-se ainda mais caras, enquanto ações que estão a cair passam a cair ainda mais.

O impacto geral no mercado depende de quão grandes são os perdedores e os vencedores.

Além do nível 2.100 há alguns outros fatores que podem prevenir o Pai Natal de chegar a Wall Street. Sam Stoval, estrategista de ações na S&P Capital IQ, em notações enviadas por email, escreveu que o ganho de 8,5% em outubro irá provavelmente impedir a subida Pai Natal.

“Um forte outubro tendeu a suprir a valorização associada à subida Pai Natal. De facto, cada aumento mínimo no preço em outubro reduziu a média dos ganhos de preço no resto do ano e a frequência do avanço, com o pior registo a ser visto depois de um ganho de 7% em outubro.”

Os participantes do mercado estão também preocupados com o estreitar do mercado. Os ganhos do S&P têm sido poucos, mas as maiores empresas têm sofrido um aumento de volatilidade, o que normalmente preconiza uma debandada do mercado.

Tal debandada, a recorrer até ao encontro da Reserva Federal, agendado para 15-16 de dezembro, poderia potencialmente direcionar o S&P 500 para uma boa recuperação, mas tal irá depender do que a Fed fizer.

Se o banco central optar por uma “subida pomba” – um aumento de 25 pontos base com garantias de que os próximos aumentos serão poucos e com muita distância entre si, as ações podem mesmo subir.

Mas se o ano acabar a 2.100 ou perto disso, tal significa que este ano o Pai Natal não irá a Wall Street.

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