“A Grande Aposta”: ensinamentos sobre o mundo do investimento

Um filme sobre a crise imobiliária e a consequente crise financeira baseado em factos reais.

Será que um filme sobre a crise imobiliária e a consequente crise financeira pode ensinar às pessoas comuns algo sobre a área do investimento? No The Big Short (A Grande Aposta) há alguma sabedoria em relação ao investimento. Também há a Margot Robbie numa banheira – um pouco de tudo para todos.

O filme passa-se na década de 2000 e segue os acontecimentos e personagens envolvidos na bolha do mercado imobiliário (Spoiler Alert: a bolha estoura). Os personagens eram todos prescientes, viram que o mercado imobiliário estava decididamente sobrevalorizado e perceberam que poderiam ganhar com isso. A maioria das personagens do filme, e os seus homólogos na vida real, lucraram imensamente.

Apesar do filme se focar em gestores de fundos de cobertura, traders de grandes ações e vendedores de títulos – não o típico lote com quem se aprende investimento pessoal – há verdades no filme que se estendem a todos os níveis de investidores.

“Os mercados podem permanecer irracionais durante mais tempo do que você se consegue manter solvente.” – John Maynard Keynes

A citação de Keynes ilustra uma verdade do filme, embora não seja diretamente evidente sem se pensar um pouco sobre a mesma. Parte do problema de seguir o tipo de pessoas do filme é que se encontravam todas em situações em que tinham milhões de dólares à sua disposição.

Em alguns momentos do filme, as personagens passaram por uma queda de quase 40%, tendo de considerar se cortavam ou não as suas posições. Todas tinham a certeza quanto à explosão (da bolha) iminente logo esperaram pelo dia final. Mas e se a bolha levasse mais tempo a estourar? Por quanto tempo teriam esperado e que nível de perdas estavam dispostos a tolerar?

Se estiver a investir para o seu próprio bem-estar financeiro (e não tem milhões de dólares em reserva) não importa o quão certo esteja do facto de uma commodity estar a ganhar valor – a mesma poderá não fazê-lo a tempo.

A citação de Keynes ilustra-o bem. Poderá estar totalmente certo quanto a determinada coisa mas o mercado não irá funcionar necessariamente ao seu ritmo. Se não conceder tempo e alavancagem suficiente a si próprio o resultado poderá ser desastroso.

Uma coisa que se aprende com as personagens do filme é a importância do compromisso com a pesquisa, independentemente do seu trabalho.

Para perceberem o quão perturbado o mercado imobiliário estava, diversos personagens viajaram até bairros suburbanos da Florida para terem uma ideia de como a situação se encontrava na linha da frente.

Sem entrar em detalhes sobre a viagem do filme (embora pudéssemos falar de Steve Carrell a dar aconselhamento financeiro a um dançarino durante um dia inteiro), este é o tipo de dedicação à pesquisa que todos os investidores devem empregar.

É claro que cada investimento deve ser feito com consideração e pesquisa cuidadosa. No entanto, algo que se tem perdido em muitos investidores é que essa pesquisa deve ser realizada longe da secretária. Poderá não ser necessário uma viagem à Florida mas se estiver à procura de investir num novo setor vá falar com pessoas que trabalham nessa área. Há muito a aprender com esse tipo de pesquisa e qualquer conhecimento que possa obter irá certamente ajudá-lo enquanto investidor.

Uma vantagem que o investidor moderno tem é que agora é a melhor altura para fazer pesquisa longe da secretária. Fazer uma viagem é sempre uma boa ideia mas também há outros serviços, como o CityFALCON, que permitem acompanhar informação.

Outra lição do filme: mantenha a sua posição enquanto a hipótese fundamental não mudar (embora seja importante conhecer os seus limites). A paciência pode ser o recurso mais valioso de um investidor.

No filme quase todos pensavam que os personagens estavam malucos por apostarem contra o mercado imobiliário. Quando os mesmos começaram a ter prejuízos os seus opositores assumiram-no como sinal de que estavam corretos.

Mas os principais personagens do filme – e as pessoas reais nas quais se inspiraram – estavam certos e mantiveram-se mesmo com prejuízos. Para os investidores este princípio mantém-se para qualquer circunstância. Lembre-se por que razão investiu em primeiro lugar e se nada tiver mudado a sua hipótese original deve manter-se até ter novas informações.

Não importa o quão profundamente respeitados, astutos ou bem pagos sejam, os “especialistas” poderão não ter qualquer pista sobre o que se passa no mercado.

Poderá ser tentador ouvir quem confirma as suas ideias – e igualmente tentador afastar quem se opõe às mesmas. O mercado é complicado, caprichoso e incontrolável.

Estes fatores fazem com que “saber” o que se passa a dado ponto seja quase impossível – apesar de depois dos factos se darem tudo parecer bastante óbvio.

É importante manter isto em mente quando está a fazer qualquer tipo de investimento: quase ninguém faz ideia do que está realmente a acontecer.