O potencial da Amazon, Facebook e Alphabet
Mike Segar/Reuters
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A Amazon, Facebook e Alphabet estão a dominar as suas indústrias e a construir escala

Há uma caixa na secretária de Warren Buffett que contém a inscrição “Demasiado Difícil”. Na mesma estão os detalhes de investimentos que o fundador da Berkshire Hathaway (NYSE: BRK.B) arquiva – quando as empresas não têm a simplicidade e clareza em que insiste.

É onde os papéis de empresas como a Alphabet (NASDAQ: GOOG), empresa-mãe da Google, Amazon (NASDAQ: AMZN) e outras empresas da internet permaneceram durante a última década. Até agora.

No encontro anual da Berkshire, há duas semanas, a empresa que Buffett mencionou acima de qualquer outra durante a sessão de perguntas e respostas, que durou seis horas, não foi a Coca-Cola (NYSE: KO) ou a See’s Candies – mas sim a Amazon de Jeff Bezos.

Houve muitos elogios à Amazon – quanto ao valor que oferece aos consumidores e quanto à “perturbação” que provoca junto de concorrentes tradicionais. Entretanto, ao longo dos últimos dois dias, Buffett apoiou uma oferta pela Yahoo! (NASDAQ: YHOO) e os arquivos da Berkshire revelaram que comprou ações da Apple (NASDAQ: AAPL) – no valor de mil milhões de dólares – no primeiro trimestre do ano.

Buffett não foi o único a falar sobre empresas da internet naquele fim de semana.

Na reunião anual da Markel Corporation – uma companhia de seguros com sede em Richmond, na Virginia, que tem alcançado resultados impressionantes ao longo dos últimos 20 anos (tendo-se inspirado na Berkshire) – Tom Gayber, diretor de investimentos, foi muito mais longe a reconhecer que as empresas da internet são mais do que outra bolha a ser evitada.

A Alphabet, Amazon e Facebook (NASDAQ: FB) estão na carteira da Markel – no entanto, tal como na Berkshire, representam uma parte imaterial da carteira.

O que é que mudou? Buffett é um discípulo das abordagens de investimento em valor de Benjamin Graham e Philip Fisher. Os seus enquadramentos são tão importantes hoje como quando foram escritos.

Graham é puro valor: o que é mais importante é a baixa valorização, a baixa alavancagem e a consistência de lucros e dividendos.

A Apple e a Yahoo são investimentos de valor que se enquadram nesta categoria. O investimento da Berkshire na IBM (NASDAQ: IBM) também. As valorizações baratas são tentadoras mas podem ser armadilhas pois as empresas podem perder a sua vantagem competitiva.

A abordagem de Fisher é diferente: a qualidade da empresa e as suas perspetivas em termos de crescimento lucrativo são fundamentais. A valorização é importante mas o que importa é se as empresas têm posições fortes e competitivas e conseguem garantir as suas vendas e valor ao longo de muitos anos.

A Alphabet, a Amazon e o Facebook são esse tipo de empresas. Estão a dominar as suas indústrias e a construir escala. Têm encarado rápido crescimento de vendas, lucros e fluxo de caixa e têm gerado grande quantidade de riqueza para os seus fundadores e acionistas. São empresas diferentes mas têm um posicionamento estratégico semelhante, solidez financeira e perspetivas de geração de valor.

A Alphabet criou uma indústria, domina a busca na internet e gerou quantidade significativa de fundos ao longo de anos, permitindo que inovasse e investisse no sistema operativo Android e noutras áreas de crescimento.

A Amazon está a construir a Walmart (NYSE: WMT) dos nossos dias – enquanto tem gasto milhões a provar ou refutar iniciativas de crescimento. A AWS, a sua plataforma de computação na nuvem, ajudou a que o preço das suas ações duplicasse no ano passado.

O Facebook tem utilizado a sua escala para comprar concorrentes que poderiam ameaçar os seus negócios – tal como fez com o Instagram e o WhatsApp – e está agora num ponto de inflexão onde está a começar a alavancar a sua base de utilizadores – 1,7 mil milhões – para gerar lucros a partir de receitas de publicidade.

Cada uma das empresas é gerida pelos seus fundadores visionários. Gerem-nas pessoalmente como proprietários – com uma visão de longo prazo.

Cada um dos fundadores tem décadas à sua frente para gerir os seus negócios – e a Alphabet e o Facebook criaram estruturas de ações que dão controlo de voto aos seus fundadores mas preservaram valor igual para os acionistas. Têm tido um registo exemplar em termos de igualdade de tratamento até agora.

Tudo isto deve ter soado como familiar a quem ouviu Buffett.

A força das empresas e a liderança dos seus fundadores com a perspetiva de décadas de geração de valor é uma reminiscência da própria Berkshire. Não é de admirar que os investidores comecem a perceber as perspetivas de geração de valor que essas empresas oferecem.

Buffett deu os primeiros passos para comprar a Apple, ao estilo Graham. Gayner começou por comprar Alphabet, Amazon e Facebook, ao estilo Fisher.

É aqui que reside uma lição e uma oportunidade: os grandes investidores têm a capacidade para reconhecer padrões que permitem gerar retornos de topo ao longo do tempo.

Os mesmos critérios que tornaram a Nestlé (VTX: NESN), Anheuser-Busch (NYSE: BUD) ou Berkshire nas empresas que são hoje aplicam-se à Amazon, Alphabet e Facebook também. Poderão tornar-se as primeiras empresas de biliões de dólares que o mundo já viu – e ainda há tempo para comprar

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