O Twitter tem tido dificuldade em gerar lucro e as perspetivas para o futuro não são positivas
Existem três tipos de aplicações que entram na categoria de “redes sociais”. As aplicações para envio de mensagens, as aplicações para broadcasting e as aplicações sociais.
O Snapchat começou como aplicação de mensagens e evoluiu para social. O Twitter (NYSE: TWTR), YouTube (NASDAQ: GOOG) e Periscope são aplicações de broadcasting. O Facebook (NASDAQ: FB) é uma aplicação social. O WhatsApp e Messenger são aplicações de mensagens. O Instagram é um cruzamento entre aplicação social e aplicação para broadcasting.
As categorias parecem ter diferentes perspetivas de monetização – com as sociais a darem-se melhor. As aplicações para broadcasting e envio de mensagens estão a ter mais dificuldades. As aplicações sociais, como o Facebook, sabem mais sobre os seus utilizadores, o que conduziu à capacidade do Facebook para cobrar taxas mais elevadas pela publicidade.
O Snapchat não sabe nada sobre os seus utilizadores, tendo surgido como aplicação de mensagens. Mesmo que alcance o número de utilizadores que o Facebook tem, valerá menos dinheiro.
O YouTube e o Twitter orientam os seus anúncios pelo conteúdo que os utilizadores tendem a seguir. Tal é menos segmentado. O YouTube começou a cobrar as subscrições Red pois não consegue rentabilizar da mesma forma que o Facebook.
Isto leva-nos ao Twitter. O Twitter é uma aplicação de broadcasting, como o YouTube, mas não será capaz de cobrar assinaturas pois tem conteúdo de curta dimensão. Ninguém pagaria para seguir alguém no Twitter pois os tweets exigem apenas alguns minutos a publicar e não são desenvolvidos.
O YouTube reconheceu as suas dificuldades com a monetização há alguns anos quando alterou o seu algoritmo para suportar conteúdo de formato longo. Tal passou despercebido pois não se tratou de uma mudança como a expansão de caracteres do Twitter.
Foi uma mudança que teve um efeito enorme sobre o sucesso da plataforma. Com mais utilizadores no YouTube, a quantidade de anúncios aumentou e a transição para o pagamento de acesso a conteúdo produzido profissionalmente foi mais fácil.
É este o principal problema do Twitter. É uma aplicação de broadcasting. O broadcasting tem sido, tradicionalmente, um conceito pago tal como os jornais ou a televisão por cabo são apoiados por anúncios.
O Twitter não sabe o suficiente sobre os seus utilizadores para cobrar mais pela publicidade e não pode cobrar uma subscrição – logo enfrenta o pior dos dois mundos. O Periscope terá um semelhante problema de segmentação de anúncios, mas existe a possibilidade de vir a cobrar uma assinatura.
Se o YouTube Red for bem sucedido será mais fácil para o Periscope seguir os seus passos. O objetivo será que o Periscope desenvolva uma comunidade de criadores, algo que poderá fazer no espaço de cinco anos.
Este problema de posicionamento estratégico é a razão pela qual o Twitter não alcançou lucros em 2013, 2014 e 2015. Os investidores estão preocupados com a obtenção de mais utilizadores. No entanto, o Twitter tem visto o seu número de utilizadores aumentar desde 2013 e continua a perder dinheiro.
Será que alguém pensa que se o tempo passado no Twitter aumentasse alguns minutos e o número de utilizadores ativos por mês fosse de 400 milhões agora, o mesmo se tornaria imensamente lucrativo? O preço das ações seria, certamente, superior se fosse este o caso mas os lucros não.
O Twitter precisa de cortar nos custos e parar de se focar no aumento de utilizadores – não porque não tem sido bem sucedido nesse ponto, mas porque o aumento do número de utilizadores não será tão relevante.
A pesquisa e desenvolvimento não se deverá focar no aumento do envolvimento dos utilizadores ou no aumento do número de utilizadores. Deve focar-se numa forma dos utilizadores darem mais informação sobre os próprios à empresa, para que os anúncios sejam mais segmentados e os preços dos mesmos mais elevados. Deverá tentar segmentar o seu site. Por exemplo, poderá ter uma secção financeira equivalente à StockTwits.
O Twitter não personaliza o site/aplicação o suficiente para construir uma comunidade forte. Tem havido rumores ao redor de conceitos como o #blackTwitter, mas por enquanto são apenas hashtags. Devem existir partes separadas do Twitter para atender a diferentes segmentos tal como o Reddit faz com os subreddits.
As estimativas quanto à rentabilidade do Twitter são fracas. O atual modelo de negócio do Twitter não funciona. Ou terá de cortar custos ou terá de se tornar mais como o Facebook no que diz respeito ao conhecimento sobre os seus utilizadores.
O Periscope é ainda um motor de crescimento e irá ganhar significativamente quando os utilizadores passarem a poder transmitir da aplicação do Twitter dentro de algumas semanas. No entanto, será difícil esta aplicação transformar toda a empresa.
O Twitter é uma empresa estrategicamente perdida. O YouTube foi capaz de melhorar o seu futuro permitindo conteúdo de formato longo. O Twitter precisa de segmentar o seu site para ter anúncios mais direcionados.
Não será capaz de cobrar aos seus seguidores e nunca será um local para artigos de formato longo. Já existe o Medium para conteúdo de formato longo. Tal torna o Twitter inútil se tornar o número de caracteres ilimitado. As ações do Twitter devem ser evitadas até que o mesmo corte nos custos ou segmente o site.