O ouro tem estado imparável desde o início do ano
O S&P 500 (INDEX: US500) fechou em alta na sexta-feira 8 de julho – mas é provável que não tenha dado por isso dada a volatilidade do mercado de ações ao longo do último ano e meio. Verificaram-se três desfalecimentos (no verão passado, no início de 2016 e no pós-Brexit) em que as ações dos EUA saíram derrotadas.
No entanto, não tem sido esse o caso para o ouro físico (COMEX:GOLD), que tem estado imparável desde o início do ano. Depois de ter fechado a 1.060,90 dólares a onça a 31 de dezembro de 2015, o ouro físico subiu mais de 300 dólares a onça para fechar a 1.365,40 na sexta-feira, 8 de julho. É um ganho de 29%.
Os ganhos deste ano, até à data, para as mineiras que produzem ouro têm sido ainda mais incríveis. Das 28 ações relacionadas com mineiras de ouro, com uma valorização de mercado de pelo menos 300 milhões de dólares, cada uma superou o S&P 500. Além disso, 20 das 28 duplicaram e 10 das 28 triplicaram (ou mesmo mais) o seu valor.
Três razões para o ouro a 2.000 dólares a onça ser uma possibilidade real
Estes ganhos não estão a ocorrer por acaso. Há forças genuínas por detrás da ascensão do ouro que poderão manter essa tendência. Embora não avancemos um prazo específico estamos dispostos a avançar a sugestão ousada de que no futuro próximo-a-médio os preços do ouro físico venham a chegar aos 2.000 dólares a onça. Tal poderá representar ganhos ainda maiores para as empresas mineiras – que têm estado a cortar custos e a aumentar a produção apenas nas minas de alto rendimento.
Seguem-se as três razões:
1. Rendimentos globais em declínio
Pense assim: se tivesse de escolher entre um instrumento de dívida quase garantido, a render 5%, e o armazenamento físico de valor sem pagamento de dividendos, qual escolheria? A maioria dos investidores tende para o instrumento de dívida.
Agora vamos mudar as coisas. Suponha que tem a possibilidade de comprar um instrumento de dívida com um dividendo de 1% ou de aplicar dinheiro a ouro – qual escolheria? Nesta situação os investidores viram-se para o ouro, pois não perdem tanto em termos de retorno. Além disso, investir em qualquer obrigação com um rendimento de 2% ou menos pode representar perdas para a inflação.
Este último cenário descreve na perfeição a escolha que milhões de investidores estão a fazer em todo o mundo. As obrigações a 10 anos no Japão e Alemanha estão em território negativo em termos de rendimentos – e os rendimentos do Tesouro dos EUA a 10 anos encontram-se agora abaixo de 1,4%. Mesmo com um dólar norte-americano mais forte face ao euro e à libra – um dólar mais forte normalmente representa ouro com preço mais baixo – o ouro não poderá ser parado. Até voltar a “valer a pena” deter obrigações, o ouro poderá continuar a subir.
2. Aumento da procura de ouro
Em segundo lugar, tem-se observado um genuíno aumento da procura por ouro físico. Não esquecer que sob cada compra ou venda emocional existem métricas de oferta e procura reais que podem influenciar para onde o ouro se dirige.
Tanto em 2014 como 2015 os ETF encararam uma perda líquida de investimentos. A retirada de ouro de ETF totalizou 183,6 toneladas em 2014 e 128,3 toneladas em 2015. No entanto, de acordo com o relatório Gold Demand Trends da World Gold Council relativo ao primeiro trimestre de 2016, divulgado em meados de maio, verificou-se uma captação de 363,7 toneladas de ouro.
A procura de ouro está a ser impulsionada pelo investimento privado, como seria de esperar, mas também se está a testemunhar relativamente forte procura por parte de bancos centrais globais, da indústria de joias e até mesmo do setor da tecnologia. A procura irá continuar a desempenhar um papel importante na eventual ascensão do ouro.
3. Incerteza ao redor das eleições nos EUA e Brexit
Por último, a incerteza continua a desempenhar um papel. O ouro tem sido sempre considerado um porto seguro para a aplicação de fundos quando as perspetivas de crescimento global são incertas. Os últimos meses não foram exceção.
Quanto ao Reino Unido, ninguém sabe ao certo o que irá acontecer com a saída do Reino Unido da União Europeia. A última recuperação do mercado de ações dos EUA poderá sugerir que os receios quanto ao Brexit têm sido exagerados, mas alguns especialistas acreditam que poderá lançar o Reino Unido e UE numa recessão suave. Dado que não existe um precedente verifica-se alguma angústia entre os investidores quanto ao que se passará a seguir.
A mesma incerteza pode ser vista quanto às eleições presidenciais nos EUA. A possibilidade de um político sem carreira (Donald Trump) chegar à Sala Oval em janeiro de 2017 é uma grande incógnita para a economia e mercado de ações dos EUA.
Simplificando, a incerteza gera a elevação do preço do ouro.
Empresas a considerar
O mais inteligente a fazer como investidor não passa pelo investimento em ouro físico – mas pela escolha de empresas mineiras que possam superar o desempenho. Será melhor centrar a sua atenção em empresas com os menores custos de sustentação (AISC na sigla inglesa), melhores margens e geralmente mais baratas que as suas pares.
Em termos de AISC (uma métrica abrangente que inclui todos os custos necessários para a manutenção de luzes acesas) a líder é a Barrick Gold.
Com base nos resultados do seu primeiro trimestre, a Barrick (NYSE: ABX) está no caminho certo para relatar AISC para todo o ano entre 760 dólares a onça e 810 dólares a onça. A Barrick tem feito grandes avanços para a redução de dívida: reembolsou 3,1 mil milhões de dólares de dívida em 2015 e está a caminho de reembolsar 2 milhões de dólares em 2016. Tem o objetivo de médio prazo de reduzir a sua dívida de longo prazo para menos de 5 mil milhões de dólares e já tem meio caminho andando. Menos dívida significa menores despesas com juros e maior flexibilidade para negócios.
As empresas com as melhores margens também deverão estar sob o seu radar, como a Royal Gold, por exemplo. A Royal Gold (NASDAQ: RLGD) paga aos seus parceiros substancialmente abaixo do valor de mercado e fica com a diferença. Assim, quando o ouro se move para cima, mais nenhuma empresa sente impacto positivo tão imediato como a Royal Gold.
Por fim, com base na valorização, vale a pena espreitar a Kinross Gold (NYSE: KGC). A Kinross encontra-se com o preço mais baixo (entre as 20 maiores empresas mineiras em termos de valorização de mercado) para fluxo de caixa futuro por ação. A Kinross já teve o seu quinhão de problemas. No entanto, a expansão da mina Tasiast na Mauritânia deverá levar a um aumento de 50% da produção do minério para 12 toneladas por dia aquando do primeiro trimestre de 2018. A expansão irá reduzir para metade os custos da Kinross com a mina e deverá proporcionar um grande impulso em termos de lucro.