REUTERS/Carlos Barria
Página principal Finanças, Eleições nos EUA

Agora que a nomeação se tornou oficial, os planos de Hillary Clinton tendem a tornar-se mais reais

A Convenção Nacional Democrata de 2016 confirmou Hillary Clinton como candidata presidencial do partido. Tal marca a primeira vez que uma mulher lidera o partido – e agora Clinton irá tentar tornar-se a primeira mulher a liderar a nação, quando os norte-americanos forem às urnas este outono.

Agora que a nomeação se tornou oficial, os planos de Clinton tornam-se também mais reais.

A questão que se coloca: quais as ações melhor posicionadas para prosperar sob as políticas económicas e fiscais de Clinton?

Ninguém tem uma bola de cristal mas algum pensamento e lógica colocam os nomes que se seguem no topo da lista de ações a comprar numa presidência Clinton:

Textron

Hillary Clinton e Donald Trump, candidato republicano, não concordam em muito. No entanto, há algo em que ambos concordam: que as capacidades defensivas da nação precisam de ser reforçadas. Não é exatamente claro o que isso significa mas em termos gerais é um bom augúrio para as ações de empresas relacionadas com o setor da defesa.

A Lockheed Martin Corporation (NYSE: LMT) surge geralmente como preferida no setor – e não é uma má escolha. No entanto, a Textron Inc. (NYSE: TXT), uma empresa mais pequena, poderá ser algo como a história da Cinderela sob Clinton.

Não há nada particularmente especial sobre a Textron. Produz veículos terrestres e aéreos para utilização militar e civil. Produz uma série de componentes também. Oferece uma carteira de produtos diversificados que atende a maioria das necessidades logísticas militares.

Um bom exemplo: na semana passada, a Bell Helicopter, subsidiária da Textron, e a Boeing Co (NYSE: BA) ganharam um contrato de 545 milhões de dólares para fornecer aeronaves de rotor basculante – e diz-se que o seu super barato avião de combate Scorpion (20 milhões de dólares) está a atrair algum interesse.

Um rácio preço-lucro de 15,4 torna a TXT uma pechincha.

Aecom

Já ouviu falar na Aecom (NYSE: ACM)? A maioria das pessoas nunca ouviu. Não faz mal. Tal não a torna menos importante com Hillary no leme.

A Aecom é uma empresa de construção que serve o mercado de infraestruturas. O governo federal é um dos seus principais clientes e essa relação poderá aumentar se Hillary Clinton for eleita. Isso porque uma das suas marcas de campanha é a muito necessária melhoria das estradas, pontes e serviços de utilidade pública nos EUA.

Especificidades: Clinton avançou que irá investir 275 milhões de dólares em melhorias de infraestruturas – parcialmente para a criação de emprego mas essencialmente porque as estradas precisam. Será o maior investimento do género na história norte-americana.

Tal irá certamente beneficiar a Aecom, que além das estradas, autoestradas e túneis também teve um papel em projetos de alto perfil como o One World Trade Center e o Barclays Center.

Community Health Systems

Embora Donald Trump e Hillary Clinton concordem que a defesa da nação precisa de um reforço, os dois candidatos não podem discordar mais ao nível do papel do governo federal na saúde dos cidadãos a nível individual.

O candidato GOP quer revogar o Affordable Care Act – mais conhecido como Obamacare – e a candidata democrata irá procurar aumentar o número de pessoas seguradas ao colocar ainda mais legislação em vigor (com franquias mais baixas e benefícios fiscais mais generosos). O mais plausível resultado dessas medidas? Outra ampla faixa de 30 milhões de indivíduos ainda não segurados terá finalmente capacidade para suportar a cobertura.

Mais pessoas seguradas representam maior oportunidade de receita para os hospitais. Uma das melhor posicionadas beneficiárias será a Community Health Systems (NYSE: SYH).

Algumas das taxas de reembolso pelos cuidados de saúde são fracas, na melhor das hipóteses – e debilitantes, na pior. No entanto, as instalações como hospitais e clínicas não estão a arcar com o ónus dessa dificuldade. Irão sair-se ainda melhor com mais pacientes segurados.

First Solar

O presidente Barack Obama não tem sido tímido a tentar orientar os EUA para longe dos combustíveis fósseis como fonte de energia – em direção a fontes mais verdes e limpas. Sob o seu comando, a criação de eletricidade a partir de carvão caiu de 48% em 2008 para apenas 33% no ano passado. As energias renováveis, por outro lado, criam agora 7% da eletricidade do país, face a 3,5% em 2008.

Hillary Clinton também é fã de soluções pouco poluentes – talvez até mais do que Barack Obama. A sua favorita poderá ser a energia solar.

A energia solar não tem sido um setor fácil. A SolarCity Corp (NASDAQ: SCTY) e a Sunedison Inc (OTCMKTS: SUNEQ) não têm apresentado grandes lucros até agora.

No entanto, não é a premissa da energia solar que é o problema – é o modelo de negócio que algumas empresas solares empregam. As fabricantes de painéis solares irão dar-se bastante bem sob uma presidência Clinton. Hillary prometeu que o país se encontrará a utilizar 500 milhões de painéis solares até 2020 – sete vezes o número de painéis instalados até agora.

Tal entra diretamente nas mãos da fabricante de painéis solares First Solar Inc. (NASDAQ: FSLR).

Procter & Gamble

Muitos dizem que nunca existe um mau momento para investir em marcas de produtos para o consumidor, como da Procter & Gamble Co.: as pessoas alimentam-se e tomam banho. No entanto, uma grande potência de bens de consumo como a P&G (NYSE: PG) poderá realmente prosperar sob Clinton – e tem tudo a ver com o dólar norte-americano.

Hilary Kramer explica:

“Penso que Hillary seja a candidata que menos defende o dólar, que está agora demasiado forte para empresas norte-americanas que pretendam exportar. No entanto, é adepta do comércio livre. Veja o seu trabalho atrás-das-cenas com o seu marido ao redor do NAFTA. Poderá haver outra grande iniciativa económica transfronteiriça à espera de uma nova administração Clinton. Algumas das nossas maiores marcas de exportação correspondem a marcas de produtos domésticos – então aposto que essas empresas terão direito a ventos favoráveis ao nível da moeda.”

Um dólar forte tem sido uma dor de cabeça persistente para a Procter & Gamble: 60% dos negócios da empresa são conduzidos no exterior. No primeiro trimestre do ano a receita teria sido 5% superior se o dólar não estivesse tão proibitivamente caro.

Smith & Wesson

Não, não é um erro. A fabricante de armas Smith & Wesson Holding Corp (NASDAQ: SWHC) é um nome a comprar mesmo que a maior candidata anti-armas, Hillary Clinton, se torne presidente dos EUA.

No entanto, há um tempo limite para a compra.

Embora seja exagero sugerir que Clinton pretende abolir a Segunda Emenda da Constituição dos EUA, não é mentira que Clinton defende, pelo menos, leis mais estritas quanto a armas que tornarão mais difícil, mais cedo ou mais tarde, a compra das mesmas. Um tweet de outubro passado dá o exemplo:

“Se o Congresso se recusar a agir para acabar com esta epidemia de violência armada, vou tomar medidas administrativas para fazê-lo.”

Alguns leem a mensagem fora de contexto – politizando-a. No entanto, pinta um retrato da sua mentalidade. Os pretensos proprietários de armas poderão, preventivamente, correr a comprar uma arma de fogo (ou outro tipo de arma) antes que se torne proibitivamente difícil fazê-lo. Tal poderá representar alguns meses muito produtivos – ou até mesmo alguns anos, o tempo até à criação de novas leis.

A SWHC não é uma ação para comprar e manter eternamente com Clinton na Casa Branca.

Akorn

Se a guerra contra o aumento do preço dos medicamentos teve um claro ponto de partida e instigador foi Hillary Clinton a 21 de setembro do ano passado quando twittou o aumento de preço (550%) de um medicamento:

“A manipulação de preços no mercado de medicamentos de especialidade é ultrajante. Vou traçar um plano para combatê-la.”

A mensagem deixou toda a indústria em alerta.

Desde então, um simples tweet tornou-se um plano político, com a maioria a assumir que o apoio ao Affordable Care Act favorecerá genéricos de baixo custo sempre que possível. Existem algumas boas ações a comprar nesta arena mas a Akorn Inc (NASDAQ: AKRX) poderá ser o maior tesouro escondido.

O impulso: legislação recentemente aprovada reduziu o tempo da FDA para aprovar um genérico enquanto a futura política de saúde irá favorecer os genéricos.

Wal-Mart

Como é que a política da Casa Branca poderá ter impacto numa retalhista orientada para o valor como a WalMart Stores (NYSE: WMT)?

Numa mão cheia de formas, na verdade.

Uma é a perspetiva de aumento salarial. O movimento para aumento do salário mínimo nacional já se encontra em andamento e o mesmo poderá acelerar ainda mais na medida em que Clinton aponta para um salário mínimo não inferior a 12 dólares por hora. Com esse salário, 35 milhões de trabalhadores norte-americanos terão um aumento na ordem dos 40% - 50%, tornando possível visitas mais frequentes à Walmart.

Outra razão para a Walmart deter um lugar na lista de ações a comprar se Hillary Clinton se tornar presidente: nunca conheceu um acordo de comércio global de que não gostasse.

Tal não deverá mudar. Tanto Clinton como o recém-nomeado parceiro de corrida Tim Kaine (para vice-presidente) estão agora a apoiar a controversa Parceria Trans-Pacífico que irá incentivar ainda mais o livre comércio de bens e fundos através das fronteiras.

Tal representa um mais fácil acesso a produtos baratos, produzidos no estrangeiro – diretamente para as prateleiras das lojas Walmart.

Leia também:
Strawberry Cake Media Corp. © 2024 Política de Cookies Equipa editorial Arquivo

O ihodl.com é uma publicação digital ilustrada sobre criptomoedas e mercados financeiros.
Publicamos diariamente conteúdo relevante para quem se interessa por economia.

Os direitos dos conteúdos publicados são propriedade dos respetivos donos.
Este site contém material que é propriedade intelectual da agência Reuters 2024. Todos os direitos reservados.