A razão por detrás da subida do preço do ouro e da prata
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2016 é o ano dos investidores focados nos metais preciosos

Tem sido um ano extraordinário para os investidores. Em apenas sete meses testemunhámos as piores duas primeiras semanas de um ano novo e também o rali mais voraz dentro de um trimestre – do S&P 500 (INDEX: US500) – para acabar de volta ao vermelho.

No entanto, o ano pertence aos investidores focados nos metais preciosos e na mineração – que acabaram por ser uns surpreendentes vencedores. Depois de vários anos de tendência baixista, que começou em 2010 para a prata e 2011 para o ouro (NASDAQ: Randgold Resources [GOLD]), ambos os metais tiveram regressos sonantes em 2016. O preço do ouro (para entrega imediata) está mais elevado em cerca de 25% este ano, até agora, enquanto o preço da prata (para entrega imediata) está mais elevado em cerca de 44%. A prata tem tendência para seguir o movimento do ouro, embora seja um metal menos comercializado e que tende a ser mais volátil.

Ouro a 2.000 dólares a onça? Sim, uma possibilidade real

Os ganhos que temos testemunhado levaram as ações de empresas de mineração a disparar. As 22 empresas de mineração de ouro com uma valorização de mercado de 300 milhões de dólares ou mais subiram este ano na ordem dos 38%, com 16 das 22 a terem subido mais de 100%. A história é a mesma para a prata, com seis empresas de mineração especializadas no metal brilhante a subir acima de 100% este ano.

Razões secundárias para a subida do ouro e da prata

Um número de catalisadores favoreceu as ações de empresas de mineração de ouro e prata. A incerteza, por exemplo, parece ser a nova norma, com Wall Street e os investidores tendencialmente céticos. A decisão do Reino Unido para deixar a União Europeia poderá ser um dos eventos com impacto adverso no crescimento no Reino Unido e na UE nos próximos anos. Ninguém sabe ao certo o que irá acontecer, considerando que não existe precedente de tal movimento. A incerteza também tem sido sentida a nível interno, nos EUA, com crescimento do PIB inferior ao esperado.

A oferta e a procura são outra razão para a subida do preço dos metais. Podem sempre subir por razões emocionais e irracionais, como quando sobem durante rápidas correções do mercado de ações. No entanto, o preço dos metais tende a ser conduzido pelas tradicionais métricas fundamentais da oferta e da procura. As empresas de mineração reduziram a produção em anos recentes, favorecendo apenas a expansão das suas minas mais rentáveis e de menor custo. Tal levou a desaceleração do crescimento da produção, numa altura em que a procura – por prata para a indústria solar e por ouro por parte dos bancos centrais e investidores – aumentou. Enquanto a procura continuar forte, o preço do ouro e da prata terá uma espécie de apoio.

As empresas de mineração de ouro e prata têm feito um trabalho excecional de melhoria dos seus saldos e ao nível da redução de custos nos últimos três anos – em resposta à tendência baixista quanto aos preços dos metais preciosos nos últimos anos. A Barrick Gold (NYSE: Barrick Gold Corporation [ABX]) pagou mais de 3 mil milhões de dólares de dívida em 2015 e tem o objetivo de reduzir a dívida em cerca de 2 mil milhões de dólares este ano. Depois de ter terminado 2014 com uma dívida de 13 mil milhões de dólares, a Barrick parece estar no caminho certo para alcançar o seu objetivo intermédio de dívida de 5 mil milhões de dólares talvez até 2018. A redução da sua dívida dá-lhe mais flexibilidade e também reduz o pagamento de juros – o que pode, subsequentemente, melhorar a rentabilidade. Como cereja no topo do bolo, a Barrick Gold tem também os menores custos de sustentabilidade (AISC na sigla original) de qualquer produtora de ouro em 2016 (com a sua previsão a apresentar custos ao nível de 785 dólares a onça).

A razão pela qual o ouro e a prata deverão continuar a subir

Os catalisadores acima mencionados não são nada mais que razões secundárias para a tendência altista ao redor do ouro e da prata – bem como das empresas de mineração que produzem esses metais. A principal razão prende-se com o custo de oportunidade e rendimentos.

O custo de oportunidade é definido como “a perda de potencial ganho de outras alternativas quando uma alternativa é escolhida.” Historicamente, os ativos baseados em juros – como títulos do Tesouro dos EUA, entre outros – têm sido fontes estáveis de rendimento quase garantido para investidores seniores e investidores avessos ao risco. Tratam-se de ativos que geralmente superam a taxa de inflação, o que significa que permitem real criação de riqueza com risco mínimo. Há uma década atrás, se tivesse oferecido aos investidores a possibilidade de escolha entre um certificado de depósito a 5% e a compra de ouro, sem rendimento de dividendos, a maioria teria escolhido o rendimento garantido do certificado, a superar a taxa de inflação.

Hoje, no entanto, os ativos baseados em juros estão, em alguns casos, a nem sequer dar centavos de dólar. Os depósitos bancários poderão nem estar a produzir 1% e os rendimentos do Tesouro estão próximos dos mais baixos da história. Um título do Tesouro a 30 anos concede atualmente dividendos na ordem dos 2,3%, acima da atual taxa de inflação. No entanto, prender-se a 2,3% por 30 anos poderá provar-se desastroso se a inflação subir próxima da sua norma histórica de 3%. Embora se encontre a realizar ganhos nominais, estará a perder dinheiro real caso a taxa de inflação aumente. O que isto significa é que o custo de oportunidade de um dividendo inferior a 1%, de depósitos bancários, ou de baixo rendimento de títulos do Tesouro, torna a detenção de ouro e prata mais atraente.

Normalmente o ouro e a prata têm dificuldade em subir em uníssono com o mercado de ações. A razão é que uma recuperação do mercado de ações é um sinal de otimismo, e o mesmo é geralmente construído como um sentimento de certeza entre Wall Street e os investidores. No entanto, podemos testemunhar algo único: uma subida do preço do ouro e da prata lado a lado com o mercado de ações em geral. Porquê? Porque tudo se baseia nos rendimentos e custo de oportunidade. Baixos rendimentos permitem às empresas contrair empréstimos mais baratos, investindo no seu futuro, enquanto também encorajam os investidores a comprar ouro e prata – em oposição a títulos e outros ativos baseados em juros.

As duas ações que se seguem irão sentir o impacto imediato da subida do ouro e da prata

Se estiver à procura da forma mais inteligente para usufruir do rali do ouro e/ou da prata em curso, a minha sugestão será não comprar os metais em si. Em vez disso, tenha como alvo ações de empresas de ouro e prata que terão mais a ganhar com um aumento do preço dos metais preciosos.

As duas gigantes da indústria são a Royal Gold (NASDAQ: Royal Gold [RGLD]) e a Silver Wheaton (TMX: Silver Wheaton [SLW]). O que torna estas empresas de mineração tão únicas é o facto de não estarem envolvidas na tradicional exploração, expansão e manutenção de minas. A Royal Gold e a Silver Wheaton, em troca de um pagamento ou série de pagamentos antecipados, ganharam contratos de longo prazo com minas para a produção de metais preciosos específicos. Mais importante, a produção que recebem das empresas de mineração que contratam é paga bem abaixo dos atuais preços do ouro e da prata.

A Silver Wheaton é o exemplo perfeito. Durante o primeiro trimestre pagou uma média de 4,14 dólares por cada onça de prata que recebeu e apenas 389 dólares por onça de ouro. Tal significa que a margem bruta da Silver Wheaton é próxima de 16 dólares a onça de prata e de mais de 900 dólares a onça de ouro. Mesmo que os preços do ouro e da prata caiam substancialmente, a Silver Wheaton e a Royal Gold permanecerão rentáveis, o que é reconfortante para os investidores.

As empresas de mineração são também mais suscetíveis de pagar dividendos, que poderão aumentar ainda mais os seus resultados. Uma vez mais, o dividendo irá basear-se no preço dos metais subjacentes recebidos. Por outras palavras, se o ouro e prata (para entrega imediata) continuarem a subir, as hipóteses da Silver Wheaton ou da Royal Gold elevarem os seus pagamentos também sobem. Atualmente, a Royal Gold e a Silver Wheaton pagam 1,2% e 0,8% respetivamente.

Se o ouro e a prata continuarem a subir ambas as empresas merecem uma séria vista de olhos.

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