Até 45 dias após o final de cada trimestre, os grandes gestores de fundos institucionais são obrigados a divulgar as ações que compraram ou venderam durante o trimestre.
Embora seja chato para os gestores (é um pouco como jogar póquer com as cartas viradas para cima para os restantes jogadores verem) é ótimo para os restantes. É possível espreitar o que os grandes investidores estão a comprar.
Apenas não siga as suas escolhas cegamente.
Os relatórios fornecidos à SEC são um snapshot. Não existe garantia que o gestor ainda possua as ações no momento em que se lê o relatório. Também não existe informação quanto a posições curtas ou posições futuras. Assim, ao ler relatórios a cru, não há forma de saber se um gestor está realmente otimista quanto a uma ação em particular... Ou se essa ação é apenas parte de algo maior.
No entanto, se estiver familiarizado com o estilo de negociação dos gestores que segue, consegue ter uma ideia de quais as suas intenções.
Sem mais delongas, seguem-se as ações que estes gestores estão a comprar ou a vender agora... E a razão por detrás.
Apple
A comprar: Warren Buffett
A vender: David Einhorn, Steve Cohen, Leon Cooperman, Jim Chanos
Como a Apple tem tido dificuldade em crescer nos últimos anos, diversos investidores com grande capacidade perderam a paciência e seguiram em frente. David Einhorn, da Greenlight Capital, vendeu 1,3 milhões de ações no último trimestre, reduzindo o seu total em cerca de 17%. A Apple (NASDAQ: AAPL) continua a sua maior participação – no entanto, representando 12% da sua carteira. Steve Cohen, Leon Cooperman e Jim Chanos também reduziram as suas posições na Apple.
Curiosamente, um investidor de elevado perfil – Warren Buffett – realizou uma grande compra Apple. Aumentou a sua participação na AAPL em mais de 50%. A Apple ainda continua uma posição pequena para a Berkshire Hathaway Inc. (NYSE: BRK.B), cerca de 1% da sua carteira. No entanto, Buffett gosta do que vê e a sua participação está a aumentar.
O lento crescimento da Apple é principalmente resultado de composição impossível de superar devido ao sucesso do iPhone 6, sem precedentes.
No entanto, à medida que o ciclo de vendas da Apple regressa ao normal, deverá observar crescimento constante nos próximos anos.
General Motors
A comprar: David Einhorn
A manter: Mohnish Pabrai
A vender: David Tepper
Mencionando David Einhorn, a Greenlight Capital também aplicou bastante mais na General Motors Company. Einhorn pegou numas adicionais 1,9 milhões de ações, o que aumentou o seu total em cerca de 13%. A General Motors (NYSE: GM) é a sua segunda maior participação depois da Apple e representa cerca de 9% da sua carteira.
Curiosamente Einhorn está quase sozinho neste caso.
David Tepper tem vindo a reduzir a sua anterior grande posição ao longo do último ano e não há muitos grandes gestores com posições significativas na ação. No entanto, vale a pena notar que Mohnish Pabrai – um gestor muito respeitado, conhecido por realizar apostas concentradas – tem 21% da sua carteira investida em warrants da GM.
Einhorn e Pabrai poderão ser recompensados pela sua independência aqui. As ações da empresa estão a ser negociadas a menos de 32 dólares por ação. A esse preço, a ação é negociada a 5 vezes os lucros.
Sim, os ganhos da GM são altamente cíclicos então deve encarar o rácio preço/lucro com reservas. No entanto, é provável que a procura supere a média ao longo de diversos anos, com as vendas excecionalmente baixas ao longo de anos após a crise de 2008, estando apenas agora a começar a recuperar.
Com o bom dividendo de 5%, será generosamente compensado por ser paciente.
A comprar: Daniel Loeb
Nenhum CEO quer receber uma carta de Daniel Loeb da Third Point. Loeb é conhecido por escrever cartas mordazes a equipas de gestão que considera precisarem de melhorias... E por publicar as cartas como ato de vergonha.
Loeb é o investidor ativista por excelência. Gosta de abanar as empresas para desbloquear valor. Então assim que estiver na sua mira, tenha cuidado.
Curiosamente, a mais recente aquisição de Loeb – Facebook (NASDAQ: FB), rede social líder – está o mais perto possível da imunidade ao ativismo dos acionistas. Mark Zuckerberg, o fundador, detém uma participação maioritária na empresa através das suas ações Classe B e o seu controlo na empresa é tão completo que se reserva ao direito de nomear o seu próximo sucessor após a sua morte.
O Facebook corresponde a cerca de 4% da carteira de Loeb, tornando-se a sua quarta maior escolha. Concluímos que apenas gosta da ação e a considera um bom valor.
Allergan
A comprar: Carl Icahn, Seth Klarman
A vender: David Einhorn, John Paulson, Jeremy Grantham, Steve Mandel, Andreas Halvorsen
Nenhuma lista de smart money fica completa sem se mencionar o veterano Carl Icahn – que não dececionou no último trimestre, adicionando uma nova grande posição na gigante farmacêutica Allergan (NYSE: AGN). A Icahn Capital Management comprou 3,4 milhões de ações no trimestre passado, tornando a Allergan a sua 10ª participação, 4% da sua carteira.
Junta-se a Seth Klarman que aumentou a sua posição no último trimestre. Depois de comprar mais 280.000 ações, a Allergan constitui 6% da carteira de Klarman.
Curiosamente, nem todos os mestres partilham do entusiasmo de Icahn.
David Einhorn vendeu a sua posição na totalidade, tal como Jeremy Grantham e Steve Mandel. John Paulson e Andreas Halvorsen realizaram reduções significativas. Assim, a Allergan, como a Apple, tornou-se uma ação de campo de batalha entre investidores de fundos de cobertura.
Apenas o tempo dirá quem está correto. A Allergan não é excecionalmente barata, a ser negociada a 25 vezes os lucros e 6 vezes as vendas.
Citigroup
A comprar: Seth Klarman
E por falar em Seth Klarman, a Allergan não foi a sua única adição do último trimestre. Klarman também deu início a uma nova posição no Citigroup Inc (NYSE: C). A Beaupost Group de Klarman comprou 5,2 milhões de ações, tornando o Citi a sua oitava maior participação.
Klarman é conhecido por ter queda para o valor... E pela sua capacidade quase sobre-humana para suprimir as suas emoções e comprar ações que mais ninguém está a comprar. Assim, leve as suas movimentações muito a sério.
Está a mover-se para uma ação bancária, dos EUA, numa altura em que a maioria dos investidores está relutante quanto às mesmas. A sabedoria convencional avança que considerando que a Reserva Federal não irá aumentar as taxas tão agressivamente como pensado anteriormente, os bancos terão de se aguentar por mais tempo num ambiente com baixas taxas de juro que prejudicam a rentabilidade.
Existe um preço a que todas as más notícias se associam. Considerando que as ações do Citi são negociadas a apenas 0,62 vezes o valor contabilístico, parece que Klarman acredita que se alcançou esse ponto.