Eric Gaillard/Reuters
Página principal Finanças

A IBM, Qualcomm e Garmin oferecem um dividendo interessante

Muitos investidores acreditam que um aumento das taxas de juro nos EUA em setembro poderá levar a que algumas ações com bons dividendos desistam de parte dos seus grandes ganhos ao longo do último ano. Se as taxas de juro subirem, as obrigações tornam-se investimentos mais seguros para a preservação de capital – do que os dividendos de ações.

Além disso, a busca por rendimento num mercado com baixas taxas de juro reduziu o rendimento de muitas ações para baixas recorde enquanto impulsionou as suas valorizações para altas recorde. Essas ações irão provavelmente cair em primeiro lugar enquanto as taxas de juro sobem.

No setor da tecnologia existem ainda ações com receita sólida, baixas valorizações e dividendos a chegar aos 3%. Vamos dar uma olhadela em três dessas empresas: a IBM (NYSE:IBM), a Qualcomm (NASDAQ:QCOM) e a Garmin (NASDAQ:GRMN).

IBM

A IBM elevou o seu dividendo anualmente ao longo dos últimos 16 anos – paga, atualmente, 3,5%. A Big Blue gastou apenas 36% do seu fluxo de caixa livre em dividendos ao longo dos últimos 12 meses, o que deixa muito espaço para aumento dos dividendos no futuro.

O principal problema da IBM é a falta de crescimento das receitas. A desaceleração da despesa por parte das empresas, os impactos cambiais e concorrência feroz levaram a que as suas vendas caíssem anualmente por 17 trimestres consecutivos. A empresa está a tentar reduzir o peso dos seus segmentos de TI, hardware e software, alienando unidades mais fracas e investindo fortemente nos “imperativos estratégicos” com maior crescimento – como o mundo móvel, a nuvem, as redes sociais, segurança e análise. No entanto, a reviravolta tem sido difícil e os analistas esperam que a sua receita e lucro caiam 3% e 10%, respetivamente, este ano.

A valorização da IBM (NYSE: IBM) será limitada por esses ventos contrários mas as desvantagens também serão limitadas pelo seu rendimento e rácio preço/lucro de 13, muito inferior à média da indústria de serviços de TI de 21. Isso significa que a IBM poderá sair-se melhor com a subida das taxas de juro do que outras ações, que pagam dividendos, a serem negociadas com valorizações superiores.

Qualcomm

A Qualcomm (NASDAQ: QCOM), maior fabricante de chips para dispositivos móveis do mundo, aumentou o seu dividendo ao longo de 13 anos consecutivos. Gastou 46% do seu fluxo de caixa livre em dividendos ao longo dos últimos 12 meses e paga, atualmente, 3,4%.

Tal como a IBM, a Qualcomm tem tido dificuldades em aumentar as suas vendas e lucros. O seu segmento de fabrico de chips, que gera a maior parte da sua receita, está a perder quota de mercado para rivais mais baratas como a MediaTek (TPE:2454) e chips da Apple (NASDAQ: AAPL) e Huawei. O seu segmento de licenciamento de patentes, que gera a maior parte do seu lucro, enfrenta OEM (fabricantes de equipamento original) desafiantes e reguladores que afirmam que as suas taxas (até 5% do valor por atacado de cada telemóvel) são demasiado elevadas. Como resultado, os analistas esperam que as vendas e lucros da Qualcomm caiam, para ambos os segmentos, 8% este ano.

No entanto, pelo lado positivo, vendas robustas dos bem recebidos chips Snapdragon 820/821 da Qualcomm e de novos chips para dispositivos utilizáveis, carros conectados, drones e outros gadgets da Internet das Coisas poderão permitir que apresente crescimento de vendas na ordem dos 2% no próximo ano. Novos acordos de licenciamento com OEM chinesas e acordos com reguladores deverão também reduzir a pressão sobre o seu segmento de licenciamento, aumentando potencialmente os seus lucros em 11% no próximo ano.

Apesar destes catalisadores, a Qualcomm é negociada a apenas 18 vezes os lucros, abaixo da média da indústria de equipamento para comunicação (25).

Garmin

Já destaquei a Garmin (NASDAQ: GRMN), fabricante de GPS e dispositivos utilizáveis, como ação segura no mercado de fitness trackers – face à líder de mercado Fitbit (NYSE: FIT). A Fitbit não paga dividendos e a Garmin aumentou o seu dividendo, anualmente, ao longo de quatro anos consecutivos, pagando 4,1%. A empresa gastou 77% do seu fluxo de caixa livre nos dividendos ao longo dos últimos 12 meses. A Garmin não é uma empresa de elevado crescimento. Os analistas esperam que alcance crescimento de vendas na ordem de 3% e crescimento do lucro na ordem dos 2% este ano. As vendas cresceram 5% ao ano no último trimestre com a receita dos dispositivos de fitness a subir 34%, a receita dos dispositivos para outdoor a subir 23%, a receita de GPS náuticos a subir 8% e de GPS para aviação a subir 6%. O único ponto fraco foi a sua receita quanto a GPS automóvel, que caiu 18% devido ao facto dos smartphones se encontrarem a substituir as unidades de GPS nos carros.

A Garmin utiliza uma estratégia de foco nos diversos segmentos: utilizáveis e trackers especializados para jogadores de golf, para nadadores e outros atletas. Tal ajuda-a a atingir mais nichos de mercado do que a Fitbit, que divide os seus dispositivos entre active fitness trackers e dispositivos mais fashion, semelhantes a smartwatches.

A margem bruta da Fitbit tem vindo a cair devido a maiores despesas com I&D e com marketing – mas a margem bruta da Garmin tem vindo a subir graças a um maior conjunto de produtos, com maiores margens. A Garmin é negociada a 19 vezes os lucros, abaixo do rácio preço/lucro da Fitbit de 32 e da média da indústria de fabricantes de instrumentos científicos e técnicos, de 31.

Deve comprar estas ações hoje?

Acredito que a IBM, Qualcomm e Garmin oferecem valorização baixa e rendimentos mais seguros do que muitas outras ações no mercado – mas não estão, certamente, imunes a um grande aumento das taxas de juro. Assim, os investidores devem ver para além dos dividendos das empresas para perceber se vale a pena investir nos seus negócios centrais.

Strawberry Cake Media Corp. © 2024 Política de Cookies Equipa editorial Arquivo

O ihodl.com é uma publicação digital ilustrada sobre criptomoedas e mercados financeiros.
Publicamos diariamente conteúdo relevante para quem se interessa por economia.

Os direitos dos conteúdos publicados são propriedade dos respetivos donos.
Este site contém material que é propriedade intelectual da agência Reuters 2024. Todos os direitos reservados.