Real brasileiro: a moeda com melhor desempenho do mundo em 2016
Sergio Moraes/REUTERS
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O real subiu esta quarta-feira no seguimento do impeachment de Dilma Rousseff

O real brasileiro subiu no seguimento do impeachment de Dilma Rousseff, abrindo caminho para uma mudança fundamental ao nível da política económica depois do país se ter afundado na sua mais profunda recessão num século.

A moeda desafiou a queda nos mercados emergentes na quarta-feira, subindo 0,4% para 3.2267 (por dólar) depois do Senado brasileiro ter considerado Rousseff responsável pelo encobrimento de despesas do governo – abrindo caminho para o vice-presidente, Michel Temer, servir o país como presidente até às eleições gerais previstas para 2018.

O mercado financeiro brasileiro recuperou este ano tendo por base perspetivas de que Temer terá apoio para legislar a limitação do défice orçamental e para reformar o sistema de pensões. Depois de ter caído 33% em 2015, com o país a perder o seu rating de crédito de grau de investimento, o real é a moeda com melhor desempenho do mundo em 2016 depois de altas taxas de juro terem atraído investidores à procura de melhor rendimento – e no meio de especulação de que um novo governo reforçará o crescimento.

“De um ponto de partida muito atraente, o real tem superado o mercado como resultado da mudança de presidente e governo, fatores importantes por detrás da recuperação deste ano.” – Afirmou Per Hammarlund, estratega chefe focado em mercados emergentes na SEB SA, em Estocolmo, e um dos principais analistas da moeda brasileira.

O Congresso brasileiro deu início ao processo de impeachment em dezembro passado no seguimento de alegações de que Rousseff teria utilizado truques de contabilidade para mascarar a dimensão do défice orçamental. O Senado abriu o julgamento na semana passada e desde então deteve cinco sessões, incluindo uma sessão na passada segunda-feira em que Rousseff respondeu a questões durante 14 horas. Negou, repetidamente, qualquer delito.

A maior economia da América Latina contraiu mais do que os analistas tinham previsto no segundo trimestre. O produto interno bruto do Brasil caiu 0,6% nos três meses que antecederam junho, depois de uma queda de 0,4% no trimestre anterior, de acordo com o avançado pelo instituto nacional de estatísticas do país na quarta-feira. Os números foram piores do que a estimativa média de queda de 0,5% de 46 economistas consultados pela Bloomberg. Face ao ano anterior, o PIB caiu 3,8%, depois de uma queda de 5,4% no trimestre anterior.

“Não são os fundamentos subjacentes do Brasil que estão a impulsionar o real, é a convicção entre os investidores de que uma presidência Temer será melhor do que uma presidência Rousseff.” – Afirmou Nicholas Spiro, sócio da Lauressa Advisory Ltd. baseada em Londres, que aconselha gestores de ativos.

“Se combinar os sedutores elevados rendimentos do Brasil com uma alteração de governo, tem uma combinação vencedora, apesar da infinidade de riscos para o futuro”.

As taxas swap brasileiras quanto a contratos com vencimento em janeiro de 2018, um medidor de expectativas quanto a movimentos das taxas de juro, subiram 0,01 pontos percentuais, para 12,78%.

Fonte: Bloomberg

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