A opinião de John Rosevear, que colabora com o fool.com
Alguns clientes da Uber em Pittsburgh, nos EUA, já podem pedir uma viagem sem condutor. Será este um sinal de que a tão aguardada IPO (Oferta Pública Inicial na sigla original) está finalmente a chegar?
A Uber Technologies avançou na quarta-feira que “os primeiros Ubers em auto-condução já estão nas estradas”. A gigante empresa colocou quatro veículos em serviço – equipados com o seu sistema protótipo de auto-condução (com condutores em back-up) oferecendo viagens a clientes da Uber em Pittsburgh.
É um marco na indústria e levanta duas questões: em primeiro lugar, quando é que a arquirrival da Uber, a Lyft, irá lançar o seu próprio programa piloto de auto-condução com a parceira General Motors (NYSE: GM)? E em segundo lugar, será este programa um sinal para potenciais investidores quanto à muito aguardada IPO?
O que diz a Uber sobre o seu programa piloto de auto-condução
Numa publicação de blog assinada pelo CEO da empresa, Travis Kalanick, e pelo vice-presidente da tecnologia de auto-condução da Uber, Anthony Levandowski, a empresa avançou que irá convidar os seus “mais fiéis clientes de Pittsburgh” a solicitar um Uber em auto-condução quando um dos veículos estiver disponível.
Tal provavelmente não se irá verificar com frequência, pelo menos no início. Por agora existem apenas quatro veículos em auto-condução disponíveis para viagens – contudo a Uber avança que estão mais a caminho. Cada um dos veículos terá dois colaboradores da Uber sentados à frente para monitorizar o sistema do carro – e para assumir a condução em situações “adversas” para a tecnologia.
A Uber notou na publicação que a sua recente aquisição da Otto, uma start-up de Silicon Valley que se tem encontrado a trabalhar em tecnologia de auto-condução para camiões, ajudou a reforçar os seus esforços de engenharia de auto-condução. (Levandowski foi o fundador da Otto).
Significado para a Uber? Um ponto de prova no caminho para uma visão ambiciosa
A Uber está um passo mais próxima de realizar a visão de Kalanick de um serviço de condução totalmente automatizado. É provável que esse objetivo não se realize na sua totalidade por mais alguns anos (pelo menos) mas ter Ubers em auto-condução nas estradas, ainda que sob limitações significativas, é um grande marco para a empresa.
É também significativo por outra razão: à medida que o programa da Uber se expande, mais pessoas serão capazes de experimentar o que é andar num carro em auto-condução. Com cada vez mais pessoas a experimentar a tecnologia, o interesse e procura pela mesma irão provavelmente aumentar.
Significado para a Lyft? Segundo lugar – mas será assim tão importante?
Significa que a Lyft é afetada. No entanto, a vitória da Uber poderá não significar muito no longo prazo pois os primeiros veículos em auto-condução da Lyft também estão, provavelmente, próximos.
Em maio, executivos da Lyft avançaram ao The Wall Street Journal que a empresa irá começar o seu programa de auto-condução numa cidade americana “dentro de um ano”. Esse programa deverá recorrer a Chevrolet Bolts elétricos equipados com a última versão de tecnologia de auto-condução da GM, que deverá ter feito avanços significativos desde que a GM adquiriu a start-up Cruise Automation, focada na auto-condução.
É possível que a GM ainda não esteja completamente preparada para colocar a sua tecnologia em teste com passageiros reais. É também possível que os parceiros estejam simplesmente à espera de Chevy Bolts: o primeiro carro elétrico de longo alcance da GM não se encontrará em plena produção no próximo par de meses.
Ainda assim a GM deu a entender que alguns dos primeiros Bolts serão destinados a funções de viagens sob pedido ou partilha de viagens. É possível que o próprio programa piloto da Lyft esteja a funcionar em pouco tempo.
O resultado: outro passo em direção à tão esperada IPO da Uber?
Os investidores têm aguardado ansiosamente a oportunidade para comprar ações da Uber no mercado aberto. Nos últimos meses, vimos alguns sinais de que a Uber se está a preparar para a sua tão esperada entrada no mercado.
O programa piloto de auto-condução poderá ser um novo sinal. Poderá ser a forma de Kalanick mostrar a potenciais investidores que o programa de pesquisa focado na auto-condução não é apenas conversa mas algo que poderá e irá conduzir a uma mudança no negócio. É apenas um pequeno programa piloto por agora mas poderá ser diferente num curto espaço de tempo.