Quando a McDonald’s (NYSE: MCD) relatar os resultados do seu terceiro trimestre de 2016 a 21 de outubro, próxima sexta-feira, os acionistas irão procurar pistas quanto ao plano de recuperação da empresa que teve início no outono passado. Seguem-se cinco temas que podem ser úteis para aqueles que querem perceber o progresso da gigante até à data.
1. Já se alcançou o pico com o pequeno-almoço todo o dia?
O pequeno-almoço todo o dia (all day breakfast), a inovação que levou a que as ações da McDonald’s disparassem no ano passado, está a mostrar sinais de fadiga. O crescimento de vendas comparáveis nos EUA caiu para 1,8% no trimestre passado embora para o ano ainda se encontre 3,5% acima. Apesar da novidade começar a desvanecer-se, a McDonald’s ainda consegue retirar benefícios de aspetos da mesma. Durante a teleconferência de resultados da empresa do segundo trimestre em julho, Steve Easterbrook, CEO, discutiu a importância de se ser sensível aos desejos dos clientes. Easterbook partilhou que depois de ter trabalhado desafios operacionais, a empresa está atenta às solicitações para oferecer muffins e biscoitos durante todo o dia nos EUA este outono.
O pequeno-almoço todo o dia não é uma solução permanente para a empresa manter a sua relevância como opção de refeição rápida. No entanto, surge como peça intermediária importante na estratégia da empresa para evoluir para uma cadeia contemporânea e “progressiva”. Procure o impacto do pequeno-almoço todo o dia no terceiro trimestre na próxima sexta-feira.
2. Valor nos EUA e Alemanha
Tal como o pequeno-almoço todo o dia, o McPick2 desempenha um papel na estratégia de médio prazo da empresa. Os menus sob o McPick2 mudam frequentemente consoante a região geográfica, com o McPick2 por 3 dólares e o McPick2 por 5 dólares a surgirem como os mais frequentes.
A McDonald’s tem beneficiado da deflação de alguns produtos este ano, como a queda de preços dos seus 10 principais produtos nos EUA – entre 3,5% e 4,5% mais baratos do que em 2015. Esta tendência, juntamente com a procura ainda robusta de menus maiores e com maiores margens em vez de menus mais baratos, ilustra a razão pela qual a McDonald’s quer impingir os artigos mais valiosos aos seus clientes.
Os investidores deverão prestar particular atenção aos comentários da gestão em relação ao sucesso do McPick2 no terceiro trimestre tanto nos EUA como na Alemanha, dois mercados desenvolvidos que se têm mostrado sensíveis à formula McPick2.
3. Franchising
Como se move de empresa 80% franchisada para uma que será quase totalmente franchisada nos próximos anos, a McDonald’s procura novos parceiros, particularmente na Ásia. As agências de notícias têm reportado ao longo do último mês que a McDonald’s recebeu ofertas pelos seus negócios na China, Hong Kong, Singapura e Malásia. É possível que se tenha mais um ou outro anúncio de acordo em concreto na sexta-feira. Qualquer notícia do género será, provavelmente, recebida de forma positiva na medida em que as margens dos franchising têm surgido como o principal impulsionador de receita operacional na McDonald’s nos últimos anos.
4. O fim de uma grande iniciativa acionista – o que se segue?
Em julho, Kevin Ozan, CFO, anunciou que a McDonald’s estava próxima da conclusão de um enorme programa de três anos, de 30 mil milhões de dólares, de retorno de fundos aos seus acionistas através de dividendos e recompra de ações. Não tenho sido fã desta iniciativa na medida em que aumenta a dívida da empresa substancialmente, resultando num rebaixamento pela agência de classificação de crédito Standard & Poor’s para apenas três pontos acima do estatuto de “lixo”.
O programa também cortou os saldos médios em metade, comprometendo o que costumava ser o balanço patrimonial mais imaculado da Fortune 500. Cerca de 5,6 mil milhões de dólares do retorno prometido aos acionistas permanecem por ser executados na última metade do ano. A teleconferência de resultados da empresa, após a divulgação de resultados, não será cedo demais para a gestão discutir a estrutura de capital, fluxo de caixa operacional e pagamento de dívida – como se relacionam no seguimento do programa orientado para os acionistas.
5. Clareza sobre os planos de despesa geral e administrativa
Em novembro de 2015, quando a McDonald’s partilhou detalhes do seu plano de recuperação, a gestão tinha o ambicioso objetivo de reduzir 500 milhões de dólares de custos ao ano ao nível da despesa geral e administrativa até 2018. Até agora, não houve progresso visível nesta frente, embora os executivos tenham confirmado recentemente a data-alvo e prometido partilhar detalhes das iniciativas de reestruturação e de redução de custos na atualização do terceiro trimestre da empresa.
Assim, na sexta-feira, os investidores deverão ter uma boa noção do caminho para alcançar a poupança anual de 500 milhões de dólares. A narrativa irá certamente tocar na contagem de colaboradores, com a McDonald’s a ter assinalado em diversas ocasiões que está consciente da necessidade de ser mais eficiente com a sua estrutura operacional, especialmente ao nível da gestão média – com inúmeras camadas.
Melhorar a produtividade irá demonstrar que a McDonald’s consegue trabalhar de forma mais eficiente, mesmo enquanto procura métodos para impulsionar as suas vendas. Se a empresa conseguir ilustrar ganhos tangíveis bem como progresso em relação aos temas acima mencionados, os detentores de ações focados no longo prazo deverão ter razões para se sentirem tranquilos após a divulgação de resultados no final desta semana.