Como preparar a sua carteira de investimentos para a vitória de Clinton ou Trump
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Prepare-se para a chegada de um novo presidente, para a potencial subida das taxas de juro e para outros fatores com impacto no mercado de ações

As despesas do governo federal dos EUA representam 22% da economia do país logo as perspetivas de muitas empresas irão subir ou cair consoante o resultado das eleições de novembro próximo.

Vamos focar a nossa atenção em como as eleições irão afetar a sua carteira de investimentos.

Se tiver seguido a sabedoria convencional e investido 60%, ou mais, da sua carteira em fundos de índice que espelhem um amplo mercado de ações, como o S&P 500, é uma boa altura para reavaliar essa decisão.

A maioria dos conselheiros irá adverti-lo para a tentativa de “time the market”. No entanto, não considero uma má ideia ajustar a sua carteira se as coisas não estiverem a correr como o esperado, especialmente se as condições que conduziram à decisão de colocar 60% da sua carteira em fundos de índice já não se verificarem.

Muitos fatores que têm influência sobre quanto da sua carteira deve investir em ações mudaram nos últimos 10 anos. Há 10 anos, por exemplo, era prática comum assumir que as ações detidas para o longo prazo assegurariam cerca de 10% ao ano e que os depósitos bancários garantiriam pelo menos 5% em taxas de juro.

Ao longo dos últimos dez anos, o S&P 500 retornou cerca de 7,5% e nos últimos oito anos a Reserva Federal dos EUA diminuiu as taxas de juro até essencialmente zero. Há dez anos fazia sentido colocar 60% da carteira em ações e 10% em capital. Fará sentido manter esse esquema hoje em dia?

Que políticas irão melhorar o retorno dos índices?

No final do dia, o preço de uma ação reflete os retornos sobre o capital. Quando uma empresa é capaz de aumentar o retorno sobre o capital, o valor das suas ações sobe. Normalmente, os fatores que levam a que tal aconteça são únicos para uma empresa (um novo produto, redução de custos, etc.) logo, apesar das ações da empresa subirem, o mercado não tem de seguir. É apenas quando o fator que está por detrás do aumento do retorno afeta todas as empresas (como taxas de juro mais baixas) que todo o mercado de ações sobe.

Mais nenhum fator único afeta os preços das ações de todas as empresas da forma que as taxas de juro afetam. Assim, é de particular importância para os investidores de fundos de índice perceberem que a Reserva Federal tem vindo a dizer no último ano que as taxas de juro irão subir. A principal questão tem sido quando e quanto. Da mesma forma que a redução das taxas de juro apoiou o mercado de ações, o aumento das taxas de juro terá o efeito oposto.

O mercado de ações ainda se pode mover para cima quando as taxas de juro subirem – se políticas que possibilitem que as empresas sejam mais produtivas com o seu capital o permitirem. É possível alcançar diferentes conclusões quanto a se as políticas propostas por cada um dos candidatos irão alcançar esse objetivo. No entanto, o novo presidente terá de ver as suas propostas promulgadas para as mesmas compensarem o impacto da subida das taxas de juro no mercado de ações. Não sei, honestamente, se Trump ou Clinton conseguirão fazê-lo.

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Apesar do mercado de ações poder vir a enfrentar dificuldades com a subida das taxas, muitas ações individuais poderão dar-se bem. Infelizmente, não existe forma de criar um fundo de índice para essas ações pois requer seleção de ações e os fundos de índice não fazem seleção de ações.

Se quiser ser seletivo quanto às ações nas quais investe procure um gestor com um excelente histórico de boas decisões para si. É mais difícil do que parece à primeira vista pois muitos fundos mútuos não são geridos por aqueles que estavam no comando quando a melhor parte do histórico dos fundos foi estabelecida. Se não souber o histórico do gestor que está atualmente a gerir o fundo mútuo agora, não invista no mesmo.

Outra razão pela qual é difícil escolher um fundo mútuo prende-se com o facto da maioria dos gestores de fundos não gerirem os seus fundos por cinco anos sendo difícil desenvolverem um histórico de cinco anos. Com base na minha experiência, são necessários pelo menos cinco anos para um histórico começar a separar os gestores qualificados dos sortudos. Muitos gestores conseguem alcançar um mês, um trimestre, um ano ou mesmo dois anos impressionantes. No entanto, aos três anos começa a ser possível distinguir a habilidade da sorte e aos cinco ainda mais.

Seguem-se algumas questões para conseguir avaliar se se justifica uma alteração da sua estratégia de investimento:

  • Acredita que o próximo presidente dos EUA irá promulgar políticas capazes de tornar o capital mais produtivo?
  • Acredita que as taxas de juro serão mais elevadas daqui a um ano?
  • O seu horizonte de investimento situa-se entre 3 a 5 anos?

Se respondeu que não, sim e sim então pode fazer sentido alocar uma porção da sua carteira e deixar os melhores gestores selecionarem as ações certas – para encontrar um caminho através da cascata de más consequências, não intencionais, que podem ser esperadas se as promessas de campanha avançadas por Trump ou Clinton se transformarem em lei.

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3 Estratégias de investimento que fazem sentido agora

Para os investidores do lado conservador do espectro de risco: sugiro que procurem um gestor com histórico de investimento em REIT, fundos de investimento imobiliário. Enquanto os depósitos bancários e fundos do mercado monetário têm pago próximo de zero nos últimos oito anos, os bons gestores de REIT têm alcançado retornos totais de dois dígitos (dividendos + valorização de capital). O maior risco agora é que muitos REIT percam valor quando as taxas de juro subirem. A melhor estratégia que conheço para responder a este risco: investir em REIT que detenham propriedades em mercados onde as rendas estão a subir. Ao subirem as suas rendas, esses REIT poderão ser capazes de subir os seus dividendos o suficiente para compensar o impacto negativo de taxas de juro mais elevadas. Sam Miklosk, gestor de REIT, adicionou recentemente às suas participações: Care Capital Properties (CCP) e Welltower (HCN).

Para os investidores dispostos a aceitar uma quantia moderada de risco sugiro que procurem um gestor capaz de executar o que chamo de estratégia Dividendo +. Há muitas empresas que pagam dividendos na faixa entre 2% a 4% ao ano. Estes dividendos não fornecem retorno suficiente por si próprios para justificar um investimento então tem de procurar as empresas onde também exista um catalisador capaz de desencadear ganhos de capital dentro do seu horizonte de investimento.

Para os investidores agressivos, gostaria de sugerir um gestor que investe em empresas cujo sucesso não depende da força da economia. As empresas de biotecnologia são um bom exemplo. Os resultados de um ensaio clínico não dependem de taxas de juro ou da saúde da economia. Estas empresas podem oferecer o dobro do valor ou perder 50% com base nos resultados dos seus ensaios clínicos, logo não é uma área onde colocar a maior parte dos seus ativos. Embora estas ações sejam voláteis, os melhores gestores focados em biotecnologia têm alcançado em média mais de 20% ao ano ao longo dos últimos cinco anos. Pela recompensa tem valido a pena o risco. Todd Hagopian, gestor focado em empresas de biotecnologia, tem estado de olho nas empresas que poderão interessar à Gilead, depois de esta ter perdido a Medivation para a Pfizer.

O mercado de ações já escolheu o próximo presidente dos EUA

Fonte: Forbes

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