Os segredos por detrás dos resultados da Microsoft
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Esta quinta-feira à noite as ações da Microsoft Corp. atingiram níveis não vistos desde o boom dotcom – graças à computação na nuvem e a alguma engenharia financeira

Os lucros da Microsoft (NASDAQ: MSFT) quanto ao seu primeiro trimestre fiscal superaram as expectativas de Wall Street em mais de 11%. Os investidores responderam impulsionando as ações da Microsoft acima de 60 dólares, um aumento de quase 6% na negociação fora de horas para o que poderá ser o mais elevado preço por ação da gigante tecnológica desde o seu auge em 1999.

Os executivos da Microsoft atribuem o impulso ao seu segmento na nuvem – o grande fator para a subida. A receita do Microsoft Azure – o seu segmento na nuvem que compete com a divisão Amazon Web Services da Amazon.com (NASDAQ: AMZN) – subiu 116%, ajudando a receita global da nuvem a saltar 8% para 6,4 mil milhões de dólares. Em comparação, a receita de software para PC – ainda a maioria dos negócios da Microsoft – de 9,3 mil milhões de dólares caiu 1,8%.

Apesar dos investidores gostarem das margens que a nuvem proporciona não é essa a única razão para uma superação tão grande. No mês passado a Microsoft anunciou outro plano de recompra de ações na ordem de 40 mil milhões de dólares, exatamente quando completou o seu plano de recompra também de 40 mil milhões de dólares relativo ao ano fiscal de 2016.

Diminuir a contagem global de ações em circulação com gastos contínuos com a recompra de ações pode muitas vezes ser utilizado para mascarar a incapacidade de uma empresa para crescer, na medida em que aumenta o lucro por ação. Os investidores criticaram a IBM Corp. (NYSE: IBM) no passado por ter gerido os seus lucros através de grandes recompras de ações – e a Apple Inc. (NASDAQ: AAPL) também se juntou recentemente à festa da recompra de ações.

No caso da Microsoft, as ações comuns em circulação caíram para 7,88 mil milhões, de 8,08 mil milhões há um ano, numa base totalmente diluída, o que efetivamente adicionou 2 centavos ao lucro por ação. Com os lucros extra fornecidos pelo segmento da nuvem, é fácil perceber porque é que o lucro por ação ganhou 6 centavos face ao mesmo trimestre há um ano, enquanto a receita se manteve praticamente inalterada – de 20,38 mil milhões de dólares para 20,45 mil milhões de dólares.

Os analistas fizeram muitos elogios à gigante de software na sua teleconferência de resultados – e há muito progresso, de facto, em curso com a Microsoft a entrar no software de computação na nuvem para privados e empresas. Sob o CEO Satya Nadella, a empresa realizou grandes avanços no seu segmento na nuvem face à sua rival, a Amazon. Também colocou um travão a perdas custosas ao deixar o segmento de smartphones.

Contudo, o programa de recompra de ações da Microsoft obscurece o seu progresso. Apesar do preço por ação ter alcançado níveis pré-recessão, a capitalização de mercado da empresa está ainda distante de níveis alcançados em 1999 pois foram retiradas do mercado muitas ações. Os investidores devem ficar impressionados com as realizações de Nadella mas não se devem deixar enganar pelos efeitos adicionais, fabricados, do balanço patrimonial da Microsoft.

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