Estas dicas vão ajudá-lo a manter a calma nos tempos difíceis
Imagine se tivesse investido em ações de tecnologia há uma década. Estaria muito feliz com a sua decisão por agora – mas apenas se tivesse sobrevivido a queda e volatilidade significativa no mercado de ações.
Até agora este ano já enfrentámos uma montanha russa no mercado de ações. A votação do Reino Unido quanto à respetiva adesão à União Europeia, a desaceleração da economia chinesa e a posição da Reserva Federal dos EUA quanto às taxas de juro são apenas alguns dos aspetos que têm tido impacto sobre os mercados de ações a nível global. A boa notícia: se for um investidor focado no longo prazo, e tiver investido num conjunto diversificado de ativos que reflita o seu horizonte temporal, situação financeira e tolerância ao risco, poderá dar-se bem.
Não é fácil ignorar o ruído do mercado de ações e manter investimentos. Na verdade, o cérebro humano está formatado para ser cauteloso com a incerteza. Embora tal possa ter ajudado os primeiros seres humanos, trata-se de um instinto arriscado para os investidores. Deixar o mercado quando surge volatilidade pode prejudicar os retornos de longo prazo. Na maioria dos casos, é preferível manter os investimentos.
Considere o que aconteceu em 2015. Se for como a maioria dos investidores, provavelmente estava receoso com o mercado ao redor de 25 de agosto de 2015 e de 11 de fevereiro de 2016. No entanto, se tivesse vendido em agosto, quando o S&P 500 (INDEX: US500) caiu 10%, não teria participado do ganho de 13% ao longo dos dois meses seguintes. Historicamente, o mercado tende a recuperar de quedas.
Até mesmo quedas históricas podem parecer apenas breves interrupções nos gráficos de longo prazo. O crash de 1987 levou a queda do índice S&P 500 na ordem de 20% em quatro dias e meio, causando arrepios aos investidores. Quando observado num gráfico de alguns meses de dados, a queda parece grande. No entanto, se olhar para o mesmo recuo num gráfico de 40 anos, é dificilmente percetível.
Tenha isso em mente da próxima vez que se sentir tentado a pressionar o botão vender com a queda dos mercados. Se for um investidor focado no longo prazo, com um plano sólido, é provável que a sua melhor estratégia seja permanecer no mercado.
Assim, da próxima vez que as ações caírem e o seu estômago se ressentir, considere as quatro estratégias que se seguem para se manter calmo e focado no objetivo geral – o crescimento dos seus fundos no longo prazo.
1. Não deixe de investir
Ninguém foge quando os preços caem no supermercado. Acontece o mesmo com o investimento. Se gostou o suficiente de um investimento para adquiri-lo em primeiro lugar – e ainda se sente dessa forma – um mercado em baixa dá-lhe a oportunidade para potencialmente comprar mais do mesmo a um preço mais baixo.
É tentador pensar que pode evitar a volatilidade do mercado ao vender os seus investimentos e recomprá-los quando as coisas acalmarem. No entanto, é muito difícil identificar os altos e baixos do mercado. As coisas podem mudar rapidamente e perder parte de uma recuperação pode levá-lo a recomprar os seus investimentos a um preço mais elevado do que aquele pelo qual vendeu. Isso será vender em baixa e comprar em alta – e deve fazer o oposto.
Se tiver um plano de reforma, continue as suas contribuições para o mesmo. Realizar investimentos regulares e iguais ao longo do tempo é conhecido como investimento sistemático. Poderá haver vantagem com essa abordagem: poderá acabar com um custo por ação mais baixo, em média, do que se tivesse investido grandes quantias com menor frequência.
Dica: Se investir regularmente ao longo de meses, anos e décadas poderá até beneficiar com um mercado volátil. Suponha que tem 20.000 dólares para investir no mercado a 1 de janeiro e as ações do fundo mútuo que planeia comprar estão avaliadas em 42 dólares a ação. Poderá repartir a sua compra em, digamos, quatro partes ao longo do ano. Assim, hipoteticamente, poderá investir 5.000 dólares quatro vezes: a 42 dólares em janeiro, a 35 dólares em abril, a 37 dólares em julho e a 46 dólares em outubro. Neste exemplo, comprou 500 ações deste fundo mútuo a um preço médio de 40 dólares. Note, no entanto, que os planos de investimento periódico não garantem lucro ou protegem contra perda num mercado em declínio – está simplesmente a comprar os seus investimentos a preços variados e tal poderá funcionar favoravelmente no longo prazo. Além disso, estará envolvido no mercado – o que é quase sempre melhor para potenciais retornos no longo prazo.
2. Lembre-se de que tem muito tempo
O ingrediente secreto no investimento de longo prazo é o tempo. Quando é novo, o tempo está do seu lado. Pode poupar mas não consegue voltar a ter tempo.
A razão pela qual o tempo é tão importante para o seu plano de longo prazo passa pelos retornos compostos. Como o seu dinheiro gera retorno, se os retornos forem reinvestidos, tem potencial para ganhar retornos sobre o investimento inicial mais retornos sobre os fundos que foram adicionados ao investimento.
Dica: Utilizando a regra 72 poderá estimar aproximadamente quanto tempo levarão os seus investimentos a potencialmente duplicarem a sua taxa média de retorno. Divida 72 pela sua taxa anual de retorno. Et voilà – obtém uma estimativa do número de anos até o seu saldo duplicar. Se a sua taxa anualizada de retorno for, por exemplo, de 7% poderá esperar que o seu dinheiro duplique em cerca de 10 anos. Os retornos do mercado de ações são tudo menos previsíveis – no entanto, tal ilustra a importância de manter os investimentos.
3. Tenha um plano
Vamos dar um passo atrás. O investimento de longo prazo exige um plano. Poderá ser um plano complicado, a envolver muitos fundos de ações e obrigações ou mesmo títulos individuais – ou poderá ser um plano simples, utilizando um fundo com data-alvo ou serviço de gestão de conta. Geralmente, investir num conjunto diversificado de fundos de ações e obrigações ou títulos individuais é uma parte importante do investimento de longo prazo bem-sucedido.
Independentemente da sua abordagem lembre-se que investiu, por boas razões, no longo prazo e agora que o mercado está turvo no curto prazo, essas razões devem manter-se – a menos que as suas circunstâncias tenham mudado bastante.
Em geral, seja uma crise na Europa, uma recessão no mercado de ações na China ou incerteza ao redor da Reserva Federal, a sua estratégia como investidor de longo prazo não deve mudar devido a alterações no mercado no curto prazo.
Estudos têm mostrado que os investidores podem alcançar mau desempenho no mercado ao longo do tempo devido à compra e venda nos momentos errados. Por exemplo, a empresa independente de pesquisas DALBAR conduz um estudo anual quanto aos retornos dos investidores. Para o período de 20 anos a terminar em 2014, os investigadores da DALBAR estimaram que os retornos dos investidores comuns focados em fundos mútuos de ações ficaram aquém do índice S&P 500 em mais de 4%. A explicação? O comportamento dos investidores: venderam os investimentos quando o mercado se encontrava em baixa e voltaram ao mercado quando os preços voltaram a subir.
Dica: Se a sua estratégia de investimento o deixa doente quando o mercado cai, reveja o seu plano e garanta que o seu conjunto de ativos reflete um nível de risco de longo prazo consistente com o seu horizonte de investimento, situação financeira e tolerância ao risco. Geralmente, acreditamos que quanto mais jovens somos, mais fundos devemos ter investidos em ações. Investir de forma muito conservadora poderá evitar que o seu saldo diminua mas limita o seu potencial de crescimento no longo prazo.
4. Não se torne obcecado com a verificação de saldos durante tempos de volatilidade
Sente-se bem quando consulta a sua conta e vê que o saldo subiu, certo? No entanto, espreitar a sua conta depois de uma grande queda tem o efeito contrário. Limite o seu impulso de vender ações ao não verificar os seus investimentos tão frequentemente durante períodos em que o mercado se encontra em baixo.
Até realmente vender os seus investimentos, quaisquer ganhos ou perdas surgem apenas no papel. Se, de facto, vender, bloqueia efetivamente essas perdas. Vender investimentos também poderá sair caro, sob a forma de comissões de negociação ou de resgate – mas esses custos são mínimos em comparação com o custo de oportunidade de estar fora do mercado. Assim, mantenha o seu plano e os seus investimentos. É provável que se saia bem no longo prazo.
Dica: Volte ao seu plano para rever o seu conjunto de ativos e garantir que vai ao encontro dos seus objetivos – e reveja as razões para manter o que detém. Não tem a capacidade, vontade ou tempo para fazê-lo? Considere investir num fundo com data-alvo ou numa conta gerida por um profissional.
Acontece a toda a hora
A volatilidade do mercado de ações acontece. Grandes quedas acontecem. Um estudo recente analisou dados históricos desde 1927 e concluiu que uma correção de pelo menos 10% teve lugar 33% das vezes. Assim, num terço do tempo desde 1927 o mercado caiu pelo menos 10%. A conclusão é que ao longo do tempo o mercado tendeu a subir a maior parte do tempo no longo prazo – apenas não em linha reta.
Defina um plano de investimento com base no seu calendário, circunstâncias financeiras, tolerância ao risco e objetivos para enfrentar qualquer coisa que o mercado lhe reserve. Assim que estiver do outro lado da volatilidade, o mais provável é que se sinta feliz por ter mantido o seu plano.