Tudo apontava para um acordo mas as negociações vieram por água abaixo
Até ao final da semana passada verificou-se esperança significativa de que a reunião da OPEP esta semana – e negociações com países não-OPEP – iria conduzir a congelamento da produção de petróleo, amplamente aceite, ou até mesmo a redução da produção.
O suposto acordo avançaria com exceções para o Irão, a Líbia e a Nigéria. Todos os países – incluindo a Rússia e a Arábia Saudita – pareciam encontrar-se à beira de um acordo. Tal acordo conduziria os preços do petróleo a uma alta de 24 meses, proporcionando um grande alivio para países da OPEP em dificuldades (Venezuela, Líbia, Argélia, etc.) e produtores globais alavancados (incluindo os operadores de xisto nos EUA).
No entanto, desde sexta-feira que as negociações foram por água abaixo. Seguem-se destaques do novo drama:
- A Arábia Saudita retirou-se da reunião de 28 de novembro com países produtores de petróleo não-OPEP, o que causou a desintegração de toda a reunião. Os sauditas avançaram que seria inútil reunir com a Rússia e outros produtores não-OPEP antes dos ministros da OPEP terem “uma decisão clara no seio da OPEP”. O preço do petróleo caiu 4% a 25 de novembro como resultado. O movimento destina-se a aumentar a pressão sobre membros recalcitrantes da OPEP, como o Irão e o Iraque, para que estes concordem com o congelamento e reduzam quotas definidas pelo comité técnico.
- O ministro do Petróleo da Argélia voou até Teerão no domingo para apresentar uma nova opção ao Irão: um corte de 1,1 milhões de barris por dia da OPEP combinado com um corte de 600.000 barris por dia não-OPEP. O ministro do Petróleo do Irão avançou que iria estudar a proposta e responder formalmente no encontro de 30 de novembro. Tal significa que em vez de encerrarem o acordo com as quotas de produção já acordadas, os ministros da OPEP terão de continuar o debate ao redor de quotas e taxas de produção.
- O Mehr News do Irão publicou um artigo este domingo a afirmar que a Arábia Saudita está a “renegar promessas anteriores” e a travar uma “guerra psicológica contra o Irão e um número de outros membros da OPEP”. Embora essa propaganda se destine a provocar a população iraniana e não a Arábia Saudita, o seu efeito aumenta o drama internacional. O ponto importante a relembrar é que se o Irão concordar em conter ou congelar a sua produção de petróleo como parte de um acordo da OPEP, o mesmo irá precisar de transformar a sua decisão face à sua população como uma “vitória” sobre a Arábia Saudita, independentemente do que realmente acontecer.
- O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Khlaid al-Falih, avançou aos jornalistas no domingo que a Arábia Saudita mantém a mesma posição que avançou nas conversações na Argélia em setembro – de que todas as nações da OPEP devem cooperar para um acordo de produção. “Esperamos que o nível de procura seja encorajador em 2017 e que o mercado alcance o equilíbrio mesmo que não se verifique intervenção da OPEP.” – Afirmou. Al-Falih acrescentou que não considera imperativo cortar a produção de 10,6 milhões de barris por dia da Arábia Saudita e que não acredita que a OPEP tenha de cortar a produção de todo. Embora estas declarações possam parecer indicar uma reviravolta na política saudita, são na realidade uma tática de negociação. A Arábia Saudita está preparada para se afastar do acordo se a OPEP não conseguir alcançar um acordo: o país não fará concessões adicionais.