Onze oportunidades seguras, de acordo com cinco especialistas do sector
Os dividendos, a parcela das receitas que as empresas pagam aos seus acionistas, são importantes: no último século, representaram cerca de metade dos retornos totais alcançados pelos investidores em ações. Se os retornos sobre as ações estabilizarem ao longo dos próximos anos, como muitos economistas antecipam, os dividendos serão ainda mais relevantes para impulsionar crescimento para os investidores.
No entanto, nos dias de hoje, é difícil encontrar ações que paguem dividendos e que surjam como boas opções de compra. A valorização das ações dentro da categoria encontra-se elevada depois de anos a superarem o mercado amplo. O rácio preço/lucro futuro do top 25% das ações do S&P 500 (INDEX:US500), por rendimento de dividendo, é de 17 – contra uma média de 12, ao longo de 26 anos, de acordo com a Ned David Research. Além disso, os dividendos por si próprios podem parecer relativamente tacanhos: o número de empresas a aumentar os seus dividendos tem vindo a diminuir e o número de reduções está a aumentar. Existe também o “perigo” associado ao esperado aumento das taxas de juro: os investidores poderão afastar-se dessas ações, levando a queda das mesmas.
Com essas possibilidades em mente a Fortune falou com cinco gestores de fundos mútuos especializados em ações que pagam dividendos para perceber qual a sua opinião quanto ao que se está a passar nos mercados. Seguem-se 11 ações que os especialistas consideram uma oportunidade segura.
1. Air Products & Chemicals
A Air Products & Chemicals (NYSE:APD), uma empresa de gás industrial, é a ação favorita de Phil Davidson, diretor de investimentos da American Century e gestor do seu fundo Equity Income. O gás industrial é um reino com uma elevada barreira à entrada – e uma mão cheia de operadoras controla quase todo o mercado. Recentes vendas de ativos ajudaram a Air Products & Chemicals a concentrar-se em ativos essenciais de alta qualidade, a aumentar o seu retorno sobre o capital e a amortizar dívida. As ações têm sido vendidas devido a questões macro, como preocupações com a desaceleração global, e Davidson encara-o como transitório.
2. Comcast
A Comcast, a gigante de serviços por cabo, poderá parecer pouco adequada para esta lista. Paga um modesto dividendo de 1,8%, abaixo da média de cerca de 2% do S&P 500. No entanto, Tom Huber, gestor do T. Rowe Price Dividend Growth Fund, elogia o seu balanço patrimonial, a sua gestão e desempenho “subestimado” – nomeadamente ao nível da melhoria de lucros da sua unidade NBC.
A Comcast (NASDAQ:CMCSA) tem vindo a aumentar o seu dividendo a um saudável ritmo de 20% ao longo dos últimos cinco anos e tem espaço para reforçá-lo ainda mais. Além disso, combine essa hipótese com recompra de ações e aumento do preço das ações: Huber prevê retorno anual de dois dígitos.
3. Costco
A Costco tem uma história semelhante à da Comcast (NASDAQ:COST) ao nível dos dividendos. A grande cadeia tem um rendimento em linha com os seus preços frugais – 1,2% – mas esse dividendo tem vindo a subir 24% ao ano ao longo dos últimos 10 anos. A gestão da empresa e histórico de crescimento de lucros recebem críticas entusiasmadas de Don Kilbride da Wellington Management, que supervisiona o Vanguard’s Dividend Growth Fund. “Podia falar sem parar sobre a Costco.”
4. L Brands
A L. Brands é uma retalhista de vestuário que detém marcas como a Victoria’s Secret e a Bath & Body Works. Ramona Persaud, gestora do Fidelity’s Global Equity Income Fund, gosta dos instintos “astutos” da empresa e da sua capacidade para proporcionar retorno sobre o capital “muito superior ao mercado”, uma média de cerca de 27% ao longo dos últimos cinco anos. Apesar disso, as ações da L. Brands (NYSE:LB) são negociadas a uma valorização próxima da do mercado global. A ação rende um dividendo de 3,4% e o mesmo tem vindo a subir a um ritmo de 25% desde 2011.
5. Medtronic
A Medtronic, fabricante de dispositivos médicos sediada na Irlanda, parece promissora – em parte porque é europeia, de acordo com Persaud. A prevalência de pensões públicas no Reino Unido, que requer fluxos de caixa contínuos para cumprimento de obrigações, ajudou a criar uma cultura de mercado que valoriza rendimentos mais elevados. O dividendo da Medtronic (NYSE:MDT): 2,1%, ligeiramente acima do S&P 500.
6. Microsoft
A Microsoft é uma das verdadeiras máquinas de fazer dinheiro da indústria da tecnologia. O seu segmento empresarial, que representa a grande maioria das suas receitas e lucros, tem bloqueado receita. Michael Reckmeyer, gestor de carteiras na Hartford Equity Income, nota que se trata de uma empresa complicada – as grandes empresas não alteram as suas configurações facilmente. Destaca-se, no entanto, que os segmentos da nuvem e base de dados estão a mitigar o declínio secular do software para desktop. Para que tenha a certeza: o rácio preço/lucro da Microsoft (NASDAQ:MSFT) subiu para 18,3. No entanto, mesmo nesse nível as ações oferecem um dividendo substancial (2,6%) e o mesmo tem vindo a aumentar ao longo de 12 anos consecutivos.
7. Nike
A Nike (NYSE:NKE) é um excelente exemplo dos dois fatores que Kilbride da Wellington procura: empresas que estão a criar valor e a criar o hábito de distribuir esse valor pelos acionistas. As suas margens e fluxo de caixa livre são ambos “de topo” e o lucro por ação tem vindo a crescer a um ritmo de dois dígitos ao longo de anos. Essa magia tem permitido ao Golias do vestuário para desporto aumentar o seu dividendo de forma constante, a 18% ao ano ao longo da última década, “um número surpreendentemente bom.” – Afirmou Kilbride. (Dividendo atual: 1,3%). No entanto, o “rácio de pagamento” do dividendo face aos lucros permanece nuns modestos 22%, o que indica que a Nike poderá facilmente aumentar o valor no futuro.
8. PepsiCo
A PepsiCo (NYSE:PEP) é uma das empresas raras que se qualificam como Dividend Aristocrats, tendo aumentado o seu dividendo ao longo de 25 anos consecutivos ou mais. Um forte conjunto de bebidas e snacks tem representado uma abundância de fluxo de caixa livre e aumento do dividendo na ordem de 10% ao ano ao longo dos últimos 10 anos, encontrando-se atuamente em 2,9%. Huber da T. Rowe Price prevê crescimento do lucro por ação de um dígito único (elevado) e subida do preço das ações na ordem de 15% no próximo par de anos.
9. Schlumberger
A Schlumberger, gigante de serviços de petróleo e gás, tem uma quota de mercado dominante e um negócio subjacente estável. No entanto, a sua relação com preços voláteis de petróleo prejudicou ligeiramente as ações. Ainda assim, Davidson da American Century destaca que a Schlumberger (NYSE:SLB) utiliza astutamente as recessões periódicas para melhorar a sua posição competitiva, comprando empresas a baixo custo. Combine isso com um balanço patrimonial cintilante, o seu histórico de nunca ter reduzido um dividendo – atualmente em 2,5% – e ainda o reduzido preço das suas ações (que caiu um terço nos últimos dois anos) e a mesma surge como uma oportunidade para escolher uma pechincha de elevada qualidade.
10. Union Pacific
A Union Pacific, a maior operadora ferroviária nos EUA, também faz parte da lista de Michael Reckmeyer. Quando os volumes de 2015 da transportadora caíram devido a forças externas, como o colapso dos preços do petróleo, Reckmeyer viu uma oportunidade. A recuperação do preço do petróleo bruto, a redução de stocks e um regime de redução de custos começaram a trabalhar a favor da Union Pacific (NYSE:UNP) desde então, com as ações a subirem 17,5% no último ano. Talvez o melhor de tudo: a empresa tem uma série de monopólios regionais ao redor dos EUA e o poder de preços para gerar margens impressionantes. O seu dividendo: 2,3%.
11. VF Corp.
A VF Corp. (NYSE:VFC), a empresa mãe de marcas como a North Face, Timberland e Lee – com vendas na ordem de 23 mil milhões de dólares – também faz parte da lista de Persaud. A sua ação caiu 10% este ano, reduzindo o seu rácio preço/lucro futuro para 16,4. Pode ser um bom momento para comprar ações da VF e lucrar com o seu dividendo de 2,9%.