A carteira de ações de Warren Buffett há 25 anos
AP Photo/Andrew Harnik
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Será que a famosa estratégia do investidor, de comprar-e-manter, se verificou ao longo destes anos?

Warren Buffett é, provavelmente, o mais bem-sucedido investidor dentro da estratégia comprar-e-manter – mas isso não significa necessariamente que mantenha para sempre todas as ações que compra. Para ilustrar esta situação vamos considerar as maiores participações da Berkshire Hathaway (NYSE: BRK-A) (NYSE: BRK-B), empresa de Buffett, há 25 anos e compará-las às maiores posições da Berkshire hoje. Poderá ficar surpreendido ao perceber que apenas um terço das ações detidas em 1992 faz parte da carteira da Berkshire em 2017.

Que ações detinha Warren Buffett em 1992?

Na sua carta aos acionistas em 1992 Warren Buffett forneceu uma lista das participações da Berkshire avaliadas em mais de 100 milhões de dólares. Seguem-se as nove principais ações detidas pela empresa, listadas em ordem decrescente:

Carteira de ações da Berkshire em 2017

O valor de mercado da Berkshire subiu mais de 2.300% desde 1992 e a sua carteira de ações subiu também. Como resultado, a carteira da Berkshire contém agora 39 posições em ações comuns no valor de mais de 100 milhões de dólares. Vejamos os nove maiores investimentos da empresa (em ações) em 2017 e como mudaram ao longo do último quarto de século.

O que aconteceu às ações de 1992?

Se reparar, há alguma sobreposição entre as duas listas. Especificamente, a Coca-Cola (NYSE: KO) e a Wells Fargo (NYSE: WFC) ainda se encontram entre as principais participações da Berkshire nos dias de hoje. Adicionalmente, a GEICO tornou-se uma subsidiária da Berkshire em 1996 e é agora uma pedra angular da empresa. No entanto, isso significa que dois terços dos principais investimentos da Berkshire em ações em 1992 já não surgem como parte da carteira da empresa. O que se passou?

Segue-se um resumo do que se passou com as restantes seis ações da lista:

  • A Capital Cities/ABC, Inc. foi comprada pela Walt Disney Company em 1996.
  • A The Gillette Company foi alvo de fusão com a Procter & Gamble (NYSE: PG) em 2005 e apesar da Berkshire ainda deter uma pequena quantia de ações da empresa, a mesma vendeu a grande maioria da sua posição.
  • O investimento da Berkshire na Freddie Mac aumentou para quase 4 mil milhões de dólares em valor a dada altura (uma participação de 9%), mas a Berkshire decidiu vender de forma substancial todas as suas ações em 2000 – com a empresa a assumir demasiado risco. Foi uma boa aposta – hoje, 9% da Freddie Mac corresponde apenas a 230 milhões de dólares.
  • A General Dynamics (NYSE: GD) é ainda uma empresa cotada em bolsa mas a Berkshire vendeu as suas ações em 2013.
  • O jornal The Washington Post foi comprado pelo CEO da Amazon.com (NASDAQ: AMZN), Jeff Bezos, em 2013. Buffett desfez-se das ações que tinha da empresa-mãe por detrás do jornal, a Graham Holdings, em 2014.
  • A Guinness PLC foi alvo de fusão com a Grand Metropolitan em 1997 – para formar a Diageo (LON: DGE). No entanto, Buffett não continuou a investir na empresa.

Lições a retirar

Buffett disse uma vez “o nosso período favorito para manutenção [de ações] é para sempre” quanto à carteira de ações da Berkshire. Por outras palavras, Buffett aborda os seus investimentos com a intenção de os deter para sempre – e não apenas como negociações de curto prazo.

No entanto, um olhar atento sobre a carteira da Berkshire mostra que, na prática, nem sempre funciona dessa forma. Há várias razões válidas para vender uma ação.

Uma boa razão para vender: se o motivo original por detrás do investimento já não se aplicar. Poderá ser o caso quando uma empresa é comprada por outra. Ou, por exemplo, quando a gestão da empresa começa a operar de forma diferente. Foi o caso da Freddie Mac: Buffett notou que a gestão tinha começado a assumir mais riscos para impulsionar os lucros e satisfazer os investidores e decidiu deixar a posição, de forma abrupta, afirmando que “estou preocupado com o que poderão estar a fazer... E sobre o qual não sei nada.” Veio a provar-se que os seus instintos estavam 100% certos.

Por outro lado, se uma empresa fizer um bom trabalho a avançar fortes retornos de forma responsável poderá manter as suas ações para sempre, sendo essa a razão pela qual a Wells Fargo e a Coca-Cola permanecem como as maiores participações da Berkshire.

A conclusão é: depois de comprar uma ação, mesmo que planeie mantê-la durante décadas, a sua situação poderá (e provavelmente irá) mudar, logo é importante que se mantenha informado quanto ao que se passa com a empresa numa base regular – algo que Warren Buffett faz.

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