O estilo colaborativo da Didi Chuxing atrai mais investidores que a abordagem combativa da Uber
Menos de um ano depois de ter arrecadado quase 3 mil milhões de dólares a Didi Chuxing, gigante chinesa de viagens urbanas solicitadas através de aplicação móvel, está à beira de receber mais 5 mil milhões de dólares ou mais – de acordo com Lulu Chen e Peter Elstrom da Bloomberg.
Chen previu a angariação de fundos há um mês quando escreveu que o SoftBank poderia liderar o acordo. Masayoshi Son, fundador do SoftBank, encorajou o CEO da Didi, Cheng Wei, a aceitar mais capital para não se sentir constrangido na busca por novas oportunidades – avançou Chen ontem, quarta-feira, ao final do dia.
Son é um mestre de vendas e parece que, uma vez mais, lidera o caminho. Não devemos ficar surpreendidos: trata-se do homem que convenceu o governo da Arábia Saudita a avançar 45 mil milhões de dólares para o Vision Fund do SoftBank – com base no que parece não ser muito mais que uma visão para o futuro.
Pobre Travis Kalanick, CEO da Uber. Imaginou a saída da Uber Technologies Inc. da China e parecia prestes a derrotar a Lyft Inc. nos EUA, apenas para colocar em perigo o valor da sua empresa e a sua própria liderança cometendo cada pecado de gestão possível.
Enquanto isso a Didi tem feito amigos e assinado acordos de cooperação à volta do mundo sob a liderança de Cheng, antigo vendedor do Alibaba Group Holding Ltd. (NYSE: BABA.NYSE), e do presidente Jean Liu, antigo colaborador do Goldman Sachs Group Inc. (NYSE: GS.NYSE). O seu mais recente pacto: um acordo que garante acesso à empresa chinesa de aluguer de bicicletas, a Ofo Inc., diretamente através da aplicação da Didi.
Torna-se claro que Masa é fã da abordagem colaborativa assumida pela Didi, que choca com o estilo combativo da Uber. Poderá ser por isso que está tão interessado em garantir que a empresa chinesa está bem armada para a próxima fase da batalha, que irá provavelmente incluir expansão global e carros sem condutor – e irá certamente provocar ainda mais a Uber.
Foi argumentado anteriormente que seria mau sinal se a Didi precisasse destes fundos, dado que o caminho para a rentabilidade se abriria com a saída da Uber da China. Essa preocupação mantém-se.
No entanto, a preocupação é superior com a Uber. A empresa, ainda não lucrativa, permanece fechada numa custosa batalha com a Lyft – e uma vez que a estratégia de Kalanick é mais cara do que o método cooperativo da Didi, a mesma irá continuar a precisar de capital de risco – de financiadores que poderão questionar o quão alto o seu valor pode subir antes de ser necessária uma IPO para garantir uma saída lucrativa.
A Didi, por outro lado, desfruta do patrocínio de um homem com um livro de cheques de 100 mil milhões de dólares e uma visão para o próximo século. Não parece uma luta justa.