Os investidores parecem antecipar outro grande trimestre para a mais valiosa empresa do mundo
A Apple (NASDAQ: AAPL.NASDAQ) divulga os resultados do seu segundo trimestre fiscal hoje à noite, após o encerramento dos mercados nos EUA. Os investidores parecem antecipar outro grande trimestre para a mais valiosa empresa do mundo, cujas ações atingiram novo patamar histórico na segunda-feira.
Seguem-se sete aspetos que deverá procurar nos números da Apple:
Vendas de março
Um ano depois de ter relatado o seu primeiro declínio, em 13 anos, ao nível de receita trimestral, a Apple regressa ao crescimento. Estima-se que relate aumento de 5% a 6% das suas vendas para 53-53,5 mil milhões de dólares no trimestre que terminou em março – com a venda de iPhones a crescer para cerca de 52-53 milhões de unidades, em comparação a 51,2 milhões há um ano.
Vendas de junho
Alguns analistas de Wall Street estão mais ansiosos com o desempenho da Apple neste trimestre (que termina em junho), com os clientes a começarem a travar a aquisição de novos iPhones na expectativa do lançamento de novo iPhone em setembro. As perspetivas da Apple para junho poderão rondar receitas de 45 mil milhões de dólares, o que constituirá crescimento de 6% face ao ano passado. Isso implica a venda de 42 milhões de unidades de iPhones, face a 40,3 milhões no mesmo período há um ano.
Gestão de fundos
A Apple revisita o seu programa de alocação de capital nesta altura do ano, todos os anos (últimos dados relativamente aos seus fundos: 250 mil milhões de dólares). Hoje é possível que se conheça novo aumento de dividendos e do seu programa de recompra de ações. Analistas da UBS estimam que a dimensão total do capital da Apple regresse a aumento: dos 250 mil milhões de dólares anunciados há um ano para 310 mil milhões de dólares. Tal poderá incluir um aumento de 10% dos dividendos e 40 mil milhões de dólares extra para recompra de ações.
Os investidores também irão procurar pistas quanto a como a Apple poderá gastar ainda mais dos seus fundos se vir permitida a repatriação dos seus fundos no estrangeiro – que correspondem a mais de 90% do total – a uma taxa mais baixa sob a administração de Donald Trump.
Margens
A margem bruta de lucro encontra-se entre as métricas mais observadas de perto pelos analistas para avaliar a saúde geral da Apple. A Apple disse aos investidores há três meses que a sua margem bruta para o trimestre que terminaria em março seria de 38-39%. Os analistas esperam um intervalo semelhante para o trimestre que termina em junho mas verificam-se diversos fatores que poderão complicar a situação, principalmente a força contínua do dólar norte-americano, que levou a que a Apple aumentasse os preços em algumas partes do mundo. Outro desafio: aumento dos custos de componentes, como aumento do preço de memórias flash.
“Vemos o comentário da empresa, em torno de como os custos de matérias-primas irão impactar as margens, como a sua principal orientação.” – Afirmaram analistas da Morgan Stanley numa nota recente aos seus clientes. A Morgan Stanley também notou que a rentabilidade pode, por vezes, cair devido aos custos de produção de um novo lançamento, com a Apple a preparar-se para o novo iPhone em setembro. Por outro lado, a Apple começou a reter certos pagamentos de royalties como parte da sua batalha legal contra a fornecedora de chips Qualcomm – o que, de acordo com analistas da RBC, poderá impulsionar a sua margem.
China
O ecrã maior do iPhone 6 causou uma onda de novos clientes da Apple na China. No entanto, tal caiu no ano passado com a região a manter-se lenta para a Apple, mesmo com os consumidores nos EUA a procurar o iPhone 7. Neil Cybart, analista independente da Apple na Above Avalon, estima que as vendas de iPhones na China possam ter caído tanto como 20% no trimestre que terminou em março – pior que os três meses anteriores, apesar do impulso típico de celebração do ano novo chinês em janeiro.
Se a Apple pretender retomar o mesmo tipo de crescimento de que usufruiu no final de 2014 e início de 2015 deverá atrair mais consumidores chineses – afastando-os de fabricantes locais de smartphones como a Oppo, Vivo e Xiaomi.
Apple Watch e Airpods
A Apple irá relatar o primeiro trimestre completo de vendas de auscultadores sem fios, os AirPods. Evidências sugerem que se tratou de um produto com grande sucesso: analistas da Creative Strategies e da Experian conduziram um inquérito junto de 942 indivíduos e chegaram à conclusão que o produto tem associada uma taxa de satisfação de 98%, superior à taxa encontrada em inquéritos que avaliaram o iPhone, o iPad ou o Apple Watch no primeiro ano em que se encontraram disponíveis. No entanto, as vendas de AirPods têm sido limitadas por escassez de fornecimento. Um cliente que encomende um par, hoje, nos EUA poderá ter de esperar várias semanas pela entrega. É provável que a Apple mantenha os números de vendas de AirPods privados, como continua a fazer com as vendas de Apple Watches.
Ambos os produtos são agrupados na categoria “Outros produtos” que também inclui iPods, auscultadores Beats e outros acessórios. Para o Apple Watch, que costuma ter o seu trimestre mais forte no período que antecede as férias, Cybart estima que as vendas unitárias tenham aumentado 25% face ao ano passado, para 1,9 milhões de dispositivos no trimestre que terminou em março. Poderão corresponder a menos do que as vendas dos mais baratos AirPods – para os quais Cybart estima vendas de cerca de 2 milhões de unidades.
Pistas quanto a futuros produtos
O principal foco de analistas e investidores no futuro da Apple prende-se com o próximo iPhone, que promete ter um novo tipo de ecrã e um sofisticado sistema de câmara com “realidade aumentada”. O fornecimento será tão importante como a procura a determinar se se irá realmente criar o “super-ciclo” de vendas que muitos aguardam. Logo, espere que os analistas procurem pistas do progresso da Apple a assegurar ecrãs OLED e outros componentes que poderão limitar a produção à partida.
Olhando além do iPhone: parece cada vez mais provável o lançamento de um novo “altifalante inteligente” com tecnologia Siri – em junho, na conferência de programadores da Apple. Olhando ainda mais longe: óculos de realidade aumentada e carros autónomos também fazem parte da sua I&D. Agora que os primeiros carros de teste Apple estão a circular em torno de Silicon Valley, os investidores poderão esperar indicações de quanto tempo levará um iCar – ou algo assim – a emergir dos seus laboratórios secretos.