Estaremos a testemunhar a maior bolha dupla da história?
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A análise avançada foca-se, essencialmente, nos Estados Unidos. Contudo, a situação é semelhante em diversos países da OCDE, como Portugal.

Nos próximos anos vamos ter de lidar com a maior bolha dupla da história nos EUA. A dívida global – especialmente a dívida pública – e a ainda maior bolha derivada de promessas governamentais.

Juntas, essas duas bolhas compõem aquilo a que o investidor John Mauldin chama de The Great Reset (o grande recomeço). Ninguém sabe como a crise se irá desenrolar – mas uma coisa é certa, a mesma irá afetar toda a gente de forma ampla.

O fardo da dívida encontra-se num ponto de rutura...

A mera existência destas bolhas tem profundas implicações económicas, com pesquisas a mostrarem que elevados níveis de endividamento pesam fortemente sobre o crescimento económico.

O índice dívida/PIB situa-se em 248% nos EUA. O Congressional Budget Office (CBO), não-partidário, projeta o seu aumento para 280% até 2027 – assumindo que o PIB nominal cresce a uma taxa de 4% ao ano.

Apesar do otimismo pós-eleitoral, o aumento do PIB nominal em 2016 foi de apenas 2,95%, o quinto pior ano registado desde 1948. Mais: não há sinais de recuperação em breve.

Isso significa que a realidade poderá ser ainda mais sombria do que a projetada pelo CBO.

Se um maior fardo de endividamento significa menor crescimento, a recuperação da próxima recessão, quando esta chegar, será ainda mais lenta do que da última.

... E as promessas do governo dos EUA não ajudam

O elevado índice dívida/PIB não conta com passivo sem fundos – reformas, cuidados de saúde e segurança social, que o governo dos EUA prometeu a milhões de americanos. Esses totalizam cerca de 100 biliões de dólares hoje.

Em 2019 esses passivos, juntamente com o sector da Defesa e juros, irão consumir TODA a receita tributária.

De acordo com um relatório de 2017 da Hoover Institution, a responsabilidade total para com reformas alcançou 3,85 biliões de dólares. Trata-se de mais 434 mil milhões de dólares que no ano passado.

Esta grande fenda no financiamento de reformas tem vindo a crescer de forma constante. Mas não importou... Até agora.

A crise das reformas (nos EUA)...

No ano passado, os primeiros baby boomers completaram 70 anos. O boomer médio tem apenas 136.000 dólares de poupança para a reforma. Se esse indivíduo viver mais 15 anos após a reforma, o seu rendimento anual será de apenas 9.000 dólares.

Uma vez que os boomers estão a viver mais tempo, precisando de maior rendimento, estão também a ficar mais tempo no mercado de trabalho.

No entanto, com 1,5 milhões de boomers a chegar aos 70 anos a cada ano ao longo da próxima década, será colocada enorme pressão sobre as finanças públicas sob a forma de reformas e segurança social.

... Que não tem lugar apenas nos EUA

Um relatório do Citibank deu conta de que os países da OCDE encaram 78 biliões de dólares de passivo – pensões sem financiamento. Trata-se de pelo menos 50% a mais do seu PIB total.

As obrigações com pensões estão a crescer de forma mais rápida do que o PIB na maioria desses países – se não em todos. Essas obrigações situam-se num índice dívida/PIB de 325%.

Preparação com antecedência

Os políticos e os responsáveis de bancos centrais poderão tentar “corrigir” estes problemas de diversas formas – nomeadamente através da impressão de dinheiro para o necessário financiamento.

A verdade é que não há forma de saber de antemão como essas bolhas se irão desenrolar.

O que se sabe é que a abordagem escolhida terá impacto na volatilidade dos mercados.

Para os investidores será um período de enorme volatilidade.

Fonte: Forbes

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