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2 de Abril de 2018

Os mercados globais de ativos têm sido afetados por preocupações em torno da possibilidade de os Estados Unidos e a China entrarem em guerra comercial — entre outras turbulências geopolíticas e macro-económicas.

Embora alguns ativos se encontrem a responder de forma previsível — as ações têm perdido valor e o ouro tem ganho terreno — a Bitcoin não tem registado aumento de preço, como o verificado em situações semelhantes no passado. A maior criptomoeda do mundo por capitalização de mercado chegou a cair para tão pouco como 6526,87 dólares ontem, domingo, de acordo com o Coinmarketcap.

Crises passadas

No início de 2013, quando os mercados temiam a situação financeira vivida pelo Chipre, o preço da Bitcoin disparou mais de 80%, de acordo com a CNNMoney. Passados alguns anos, o preço da criptomoeda voltou a subir com a reação de traders a preocupações em torno da possível saída da Grécia da zona euro, de acordo com o relatado pela Coindesk.

A pergunta para um milhão de euros

Se o preço da criptomoeda beneficiou dessas crises no passado por que razão tem vindo a cair com consternações em torno de possível guerra comercial a circular? A resposta mais simples: a criptomoeda já não surge como refúgio seguro.

Esta situação poderá resultar largamente de a Bitcoin não ter a mesma liquidez que o ouro, o tradicional refúgio seguro, de acordo com Mati Greenspan, analista sénior de mercado da plataforma eToro.

«Os ativos tradicionais como o ouro têm muito mais liquidez, pontes e acessos que facilitam fluxos de e para ações, obrigações e ETF.» — Notou.

E completou:

«A Bitcoin ainda não tem esse enquadramento,» — que torna mais fácil para os investidores retirar fundos de ações, por exemplo, e aplicá-los a criptomoedas.

A elevada volatilidade da Bitcoin

A Bitcoin é notoriamente volátil e esta característica reduz a respetiva busca como refúgio seguro, notou o gestor Jacob Eliosoff.

«A Bitcoin continua tremendamente volátil: com oscilações aleatórias diárias (ou hora a hora) e com as suas crises internas. […] Não é, certamente, um refúgio seguro viável.»

Charles Hayter, cofundador e diretor executivo da plataforma de dados CryptoCompare, concordou que a Bitcoin continua um ativo arriscado devido à forte volatilidade.

De acordo com o mesmo, a criptomoeda poderá funcionar como refúgio seguro em alguns momentos, mas ainda carrega risco significativo.

Uma nova base de investidores

A Bitcoin poderá também estar a falhar como refúgio seguro uma vez que a sua base de investidores tem sido alvo de mudança significativa.

Inicialmente, grupos específicos de indivíduos aplicaram os seus fundos às criptomoedas pela sua natureza descentralizada.

Porém, o interesse pelas moedas digitais tem aumentado — o que levou a que a sua capitalização total de mercado disparasse nos últimos anos.

«A base da Bitcoin mudou. Aliás, evoluiu para uma mais ampla base de investidores,» avançou Charles Thorngren, diretor executivo da Noble Alternative Investments. «Os indivíduos que apenas investiam em ações procuram agora novas opções com rumores nos mercados de ações e obrigações a aumentar,» declarou.

Thorngren elogiou esses desenvolvimentos como positivos, afirmando:

«Estes novos investidores ajudam a estabelecer um mercado [de criptomoedas] mais forte e adicionam legitimidade às criptomoedas como um todo.»

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