A queda de preços sentida no mercado de criptomoedas desde o início do ano estimulou o aparecimento de cépticos em relação ao sector. Porém, o «inverno das criptomoedas» que estamos a viver trata-se de uma limpeza do ecossistema, uma vez que a correção está a separar efetivamente os criadores de valor de longo prazo dos «day traders» de curto prazo. Em suma, a «primavera das criptomoedas» poderá estar para breve — e a entrada de capital institucional no mercado poderá marcar o início dessa nova temporada.
Seguem-se seis razões pelas quais investidores institucionais poderão liderar a recuperação do mercado de criptomoedas em 2019.
1. Os reguladores têm-se mostrado construtivos em relação às criptomoedas
Reguladores à volta do mundo têm vindo a concluir que as criptomoedas vieram para ficar. Ainda assim, são várias as questões a serem encaradas: é necessário identificar os indivíduos e as entidades que defraudam investidores com falsas Ofertas Iniciais de Moeda (ICO); urge definir as diferenças entre utility tokens e security tokens; e é fundamental o trabalho entre empresas do sector tendo em vista a criação de regulamentação apropriada para a proteção dos investidores — sem prejudicar a inovação. No geral, a indústria e os reguladores estão a seguir na direção certa, embora ainda possam ser necessários alguns anos para se desenvolverem padrões comuns.
2. As criptomoedas oferecem uma combinação única de retorno e volatilidade
As criptomoedas são atraentes pois desfrutam de correlação relativamente baixa com outras classes de ativos, como as obrigações (correlação negativa) ou o ouro (ausência de correlação). Por outras palavras, as criptomoedas podem ser a forma ideal para investidores diversificarem uma carteira de ações e obrigações. Pesquisas mostram que a exposição de uma carteira na ordem de 2% a criptomoedas poderá, em média, proporcionar aumento de retornos na ordem de 200 pontos base — e que uma exposição de 5% poderá impulsionar o desempenho em mais de 500 pontos base. Em simultâneo, estima-se que gestores ativos, em busca de retornos superiores aos oferecidos pelo mercado em geral, venham a procurar a elevada volatilidade da Bitcoin e de outras criptomoedas para lucrarem.
3. Poderão chegar ao mercado soluções de custódia de qualidade
Existe grande necessidade de serviços qualificados para salvaguardar a crescente quantidade de criptomoedas. São muito poucas as propostas que vão ao encontro dos rigorosos requisitos de segurança estabelecidos por reguladores e investidores institucionais. A Coinbase, uma das mais populares plataformas de câmbio de criptomoedas do mundo, lançou serviços de custódia ao celebrar uma parceria com a Electronic Transaction Clearing, corretora regulamentada. A ItBit e a Xapo também começaram a oferecer serviços semelhantes e esperam-se mais no futuro.
4. Os futuros de criptomoedas e outros derivados estão a ganhar tração
A volatilidade dos preços das criptomoedas desde o início do ano conduziu a ampla procura por produtos derivados de criptomoedas. Com derivados os investidores não precisam de deter o ativo subjacente em si, podendo beneficiar das respetivas vantagens na mesma. Embora muitas bolsas ainda não permitam a venda direta de Bitcoin, os investidores podem especular quanto ao preço das criptomoedas negociando futuros em plataformas como a BitMEX, a Ledger e a OKCoin. Aliás, os investidores institucionais têm utilizado contratos de futuros para influenciar os preços das criptomoedas, especialmente da Bitcoin. Nos Estados Unidos, o facto de a Chicago Mercantile Exchange e da Chicago Board Options Exchange terem começado a oferecer negociação de futuros validou ainda mais a indústria.
5. Poderá estar iminente a aprovação de ETF de criptomoedas
Verifica-se necessidade óbvia de Fundos Transacionados em Bolsa (ETF) deste sector — para ajudar os investidores a diversificar o risco. Várias empresas de criptomoedas, como a Gemini e a Bitwise, apresentaram pedidos de aprovação de ETF de criptomoedas. Porém, até agora, nenhum foi aprovado. No entanto, a Securities and Exchange Commission dos EUA poderá mudar a sua posição em breve. A agência encontra-se a analisar um pedido de ETF de Bitcoin apresentado pela empresa de investimentos VanEck — e há analistas bastante confiantes quanto à decisão final.
6. Grandes instituições financeiras estão a avançar com produtos relacionados com este mercado
As criptomoedas têm chamado a atenção de investidores institucionais: grandes entidades como o Goldman Sachs, a Fidelity e a Blackrock começaram a desenvolver produtos relacionados com as criptomoedas e com a tecnologia subjacente, a blockchain. O Goldman Sachs está próximo de lançar uma trading desk de Bitcoin, a Fidelity deu início a um fundo de criptomoedas há um ano e está a criar outros serviços relacionados — e a Blackrock, a maior empresa de gestão de investimentos do mundo, anunciou recentemente planos que envolvem investimento no mercado de futuros de Bitcoin. Estima-se que cada vez mais entidades entrem nesta indústria e ofereçam serviços relacionados.