Todos os construtores de carros de luxo têm pelo menos um carro no valor de $1.000.000. As vendas dessas viaturas são mínimas, mas servem uma função essencial. Perceba qual.
A Lamborghini fez 3 Venenos para celebrar o seu 50º aniversário.
O supercarro recebe apropriadamente o nome de um dos touros bravos mais famosos e agressivos de Espanha. Cada um tem um motor V12 de 740 cavalos, com uma velocidade máxima de aproximadamente 356 km/h e um trabalho de pintura a fazer lembrar a bandeira italiana. Preço: $4 milhões.
Já viu o Velocidade Furiosa 7? Pois devia. Entre os corpos esculturais e os motores musculados que aparecem no filme, há um certo modelo sexy que destaca a cabeça e o quadril mais do que qualquer outro: o chamado Lykan HyperSport. O carro é um autêntico titã de $3,4 milhões com uma velocidade máxima de aproximadamente 387 km/h e uma parte frontal a fazer lembrar um dinossauro pronto a atacar. O imenso público que foi assistir ao filme no fim-de-semana passado não o vai esquecer tão depressa – mesmo que muito provavelmente nunca o chegue a ver na vida real.
O Lykan é o primeiro supercarro de uma empresa (W Motors) sediada no Médio Oriente (formada em Beirut, com sede no Dubai). O modelo encontra-se também entre as produções de carros mais caras de sempre. No entanto, não é o único “foguetão terrestre” a ser lançado recentemente e que custa mais de milhões de dólares. Nem por sombras.
Ao longo da última década quase todos os fabricantes de automóvel (pelo menos aqueles que se consideram verdadeiras marcas “de luxo”) produziram um modelo com um preço de venda de sete dígitos. Por vezes podem só conseguir atingir esses preços se fizerem um exclusivo com faróis guarnecidos com diamantes e estruturas em titânio, mas a verdade é que chegam lá.
O Lykan HyperSport estreou-se na exposição International Dubai Motor Show em 2013. A sua velocidade máxima é de 385 km/h, com um tempo de sprint dos 0 aos 60km/h em 2,8 segundos. Diz-se que o carro tem um toque de diamantes e titânio nos seus faróis. Preço: $3,4 milhões.
As marcas fazem estes carros porque existem pessoas dispostas a comprá-los. Nos últimos anos assistiu-se a uma explosão de pessoas da realeza e magnatas a comprar parques inteiros de Aston Martins e Lamborghinis só para satisfazer o seu gosto. Só em janeiro, a Bloomberg descobriu mais de três dúzias de novos milionários no mundo, e mais de 300 desde 2012. Compram os carros em Los Angeles, Doha, Moscovo, São Paulo e Shanghai. Alguns, tal como o magnata de hotéis Steve Wynn, compram-nos para expandir tantos os seus interesses comerciais como a sua vida pessoal. Para eles, isso não lhes faz muita diferença.
Em 2008, foi revelado em Paris o Aston Martin One-77, e é considerado a oferta mais cara da fabricante de automóveis britânica até agora. Tem um motor V12 de 750 cavalos e só foram feitos 77 modelos. Preço: $1,7 milhões.
“A verdade é que existe muita gente rica em todo o mundo, ou melhor, super rica – com um património líquido que vai desde os centenas de milhões de dólares aos milhares de milhões de dólares”, diz Jack Nerad, analista de mercado da Kelley Blue Book.
“Quando se fala neste tipo de pessoas, um carro cujo valor seja milhões de dólares não é mesmo problema nenhum.”
O McLaren P1 foi um dos supercarros híbridos de alto desempenho original, com um motor V8 twin turbo e um equivalente a um total combinado de 903 cavalos. A capacidade total da bateria é de mais de 483 km; o consumo combinado de combustível quando abastecido por gasolina é de 7,23km/l. O carro tem um número limitado de 375 unidades. Preço: $1,35 milhões.
Apesar do trabalho extra que especializar um determinado carro exige, é também bastante lucrativo para os fabricantes de automóveis. As margens para um Ferrari ou Lamborghini comuns rondam os 15% e quando o preço de venda de um determinado carro chega aos sete dígitos, essa quantia pode aumentar significativamente.
“Se for preciso instalar uma segunda cadeia de montagem, a produção de um automóvel pode ficar cara”, afirma Nerad.
“Mas no caso dos carros no valor de milhões de dólares, ainda há muito dinheiro para se fazer.”
O cupé Lamborghini Sesto Elemento V10 estreou-se em 2010 na exposição Paris Motor Show. Tem uma transmissão semiautomática de seis velocidades e um sprint de 97km/h de 2,5 segundos. Sim, é rápido – mas não tem rádio nem ar condicionado. Preço: $2,2 milhões.
A regra de base é que são precisos um milhar de milhão de dólares para desenvolver e produzir um mercado de carros em massa normal. No entanto, para se desenvolver um mercado que não é acessível ao público pode custar muito menos que isso, pois as necessidades de recursos são menores. Além disso, é mais fácil recuperar as despesas feitas quando os preços de venda são em milhões do que, digamos, $30.000. Isso é verdade mesmo quando a empresa só vende 300 modelos do carro.
O Maybach Exelero foi apresentado em 2004 e até naquela altura distinguiu-se pelo seu preço extremamente elevado e pelo seu proprietário famoso (o rapper Birdman; também apareceu no videoclip de Jay Z Lost One). A sua velocidade máxima é de 351 km/h e consegue chegar aos 96km/h em 4,4 segundos. Preço: $8 milhões.
Estes carros extremamente caros são categorizados de diferentes formas. Alguns, tais como o Veyron da Bugatti e o LM2 da Lyons Motor Car são realmente únicos e fabricados em números de produção minúsculos. Outros são edições especiais de modelos já existentes (veja: Lamborghini e Ferrari).
Vejamos como um Rolls-Royce chega aos milhões de dólares.
- Um Phantom básico tem um preço inicial de $400.000.
- Depois acrescenta-se o tratamento personalizado, que a maioria deles recebe: madeiral, pintura e pele especial, só isso é o suficiente para aumentar o preço para centenas de milhares de dólares. (A sério!)
- Receber o tratamento completo num sedã pode custar quase meio milhão de dólares.
Todo o interior do Rolls-Royce Phantom Serenity foi costurado e as decorações pintadas, tudo à mão. Tem madeira de cerejeira, bamboo e madrepérola embutida nas portas e painel de instrumentos. O relógio frontal tem rubis. Já estava comprado na altura em que foi apresentado na exposição Geneva Motor Show de 2015. Preço: $1,5 milhões.
A partir daí é que começa o verdadeiro tratamento de peso: totalmente personalizado, um trabalho único que acrescenta pormenores de joias preciosas e pérolas, costuras à mão, equipamento à prova de bala, sistemas de cinema e um motor tuning de elite.
É nessa última etapa que um Phantom básico cruza o limite dos milhões de dólares.
Gerry Spahn, chefe do Departamento de Comunicações da Rolls-Royce, referindo-se ao Phantom de $1,5 milhões que apresentou no mês passado em Genebram, diz:
“A tendência está a crescer cada vez mais e é derivada pelos carros personalizados como o nosso Serenity”.
E depois há aquilo que os fabricantes de automóveis chamam de “halo car”. É quando uma marca que faz várias linhas diferentes de carros avança com um protótipo ou uma superestrela de gama ultra elevada cujo propósito vai para além do seu preço de venda. De facto, os benefícios monetários indiretos de se criar um híper-carro halo são normalmente mais importantes do que o rendimento direto.
Produtos de alto perfil podem fazer a marca brilhar como um diamante Hope – o esplendor associado ao carro joia da coroa da marca inevitavelmente refletir-se-á nas outras ofertas mais em conta. Se o cachê for convincente o suficiente, trará com certeza dinheiro.
O Bugatti Veyron Grand Sport Vitesse é uma versão do Bugatti Grand Sport que vem com um motor Super Sport (motor W16 com 16 cilindros e uma potência de 1.200 cavalos). Consegue ir dos 0 aos 97km/h em 2,6 segundos e tem uma velocidade máxima de 375km/h. Preço: $1,8 milhões (base).
Kelsey Mays, editor sénior das questões ligadas ao consumidor no Cars.com, diz:
“Estes halo cars servem mesmo para capitalizar a marca. Você olha para a Bugatti, que pertence à Volkswagen, e o único carro que toda gente conhece da fabricante é o Veyron”, diz ele. “Mas todos sabem que é o tal que a Beyoncé comprou para o Jay Z. O verdadeiro valor… está na associação”.
A Bugatti é boa para a Volkswagen, apesar de algumas estimativas preverem que cada Veyron que é feito e vendido acaba por ser uma perda de vários milhões de euros.
O híbrido Porsche 918 Spyder chega aos 97km/h em 2,6 segundos e tem uma velocidade máxima de 338km/h. Vem equipado com um motor V8 juntamente com baterias de ião de lítio. O preço para os modelos básicos é de $845.000, mas qualquer melhoria feita ao veículo elevam muito mais o seu custo.
Quando alguém gasta $200.000 num Ferrari California T, está a entrar na aura elite emitida pelo Ferrari FXX de $2,1 milhões. (Existem apenas 30 modelos desse, enquanto que do California são feitos novos modelos todos os anos.) Sempre que uma marca de carros de corrida vence um evento de Fórmula 1, ou quando um protótipo inaugurado exibe a habilidade da marca em aproveitar a potência e a tecnologia, faz com que os condutores comuns de carros de nível inferior se sintam como se estivessem na equipa certa.
O híbrido Koenigsegg Regera é o modelo mais recente da empresa. Vem equipado com um motor V8 twin turbo juntamente com três motores elétricos, para um desempenho combinado total equivalente a 1.489 cavalos. A sua velocidade máxima é de 401km/h; só vão ser feitos 80 modelos. Preço: $1,9 milhões.
Por fim, alguns fabricantes de automóveis não querem persuadir um mercado mais amplo a comprar os seus carros. Várias empresas ultra-nichos de supercarros tais como a Koenigsegg, a Zenvo e a anteriormente referida Lykan fazem séries de carros limitadas, cujos preços de venda podem planar nos vários milhões. O seu público-alvo é exclusivamente os podres de ricos, e nestes casos a exclusividade é a alma do negócio: estes foram feitos para serem conduzidos em pistas, mas não faz mal, porque quase ninguém se pode dar ao luxo de conduzir um carro destes.
Estes esforços são muitas vezes como um jogo de apostas – um risco elevado que nem sempre dão as recompensas elevadas esperadas. A dinamarquesa Zenvo só vai fazer 15 modelos do seu supercarro ST1 de $952.000. A marca está a contar que a velocidade máxima de 375km/h e os 1.104 cavalos do carro os vai ajudar nas vendas, ponto no qual os proprietários estimam atingir um nível de equilíbrio. Contudo, antes da exposição de Genebra deste ano, a empresa só tinha vendido dois modelos e recebido mais cinco encomendas. Se continuar assim, serão precisos alguns anos até que a Zenvo se possa aventurar na produção de um novo modelo – e enquanto isso, as grandes fabricantes de automóveis já atingiram todos os tipos de proezas.
A Lyons sediada em Nova Iorque, a única fabricante de supercarros dos EUA, está a depositar todas as suas esperanças numa bomba furtiva de 1.700 cavalos chamada LM2 Streamliner. Em teoria, pelo menos, o carro vai ter um motor V8 twin turbo com 1.610 libra-força pés de torque, tudo integrado numa caixa de sete velocidades. Parece uma mistura de uma raia demoníaca com um melibe leonina. Não há dúvida que é dirigido a um pequeno público. E o mais engraçado é que ainda nem sequer estava pronto para ser anunciado na exposição New York Auto deste mês, onde era suposto ser a sua grande estreia.
O LM2 Streamliner da Lyons Motor Car. Preço:$1,3 milhões (preço estimado).
É importante relembrar que um preço elevado não significa que se pode ter tudo. Provavelmente consegue velocidade, potência ou conforto num carro tão caro, mas não consegue ter os três.
Ou seja, o Lykan é rápido, mas o motor só tem seis cilindros – o mesmo número que a maioria dos sedãs comuns que se veem a circular nas estradas. (É certo que o Lykan é uma exceção à regra: a maioria dos carros no valor de milhões de dólares têm 10, 12 ou 16 cilindros.) Ou compre o Mercedes-Maybach Pullman blindado no valor de milhões de dólares, em que bastam apenas cinco segundos para chegar aos 97km/h. Não o compre para vencer corridas de dragsters.
A Mercedes recuperou a marca Maybach para fazer sedã tipo limousine de milhões de dólares, a Pullman. As opções de alta gama incluem uma blindagem completa e equipamento à prova de som, janelas à prova de bala, mais um motor turbo V12 de 530 cavalos. Preço: $1 milhão (versão blindada).
Ou pondere no Pagani Zonda de $2 milhões, que tem um certo talento mas que recebeu várias críticas persistentes sobre os seus elevados custos de manutenção e a tendência para se avariar mesmo nas condições inclementes mais ligeiras.
“Os carros exóticos não são nada práticos”, diz Mays da Cars.com, na subestimação da semana. “É preciso uma garagem cheia de coisas para condução quando se tem um destes – coisas que sejam um pouco mais resistentes. Possuir algo como um Pagani, são precisas estradas verdadeiras e, finalmente, pistas de corridas para “esticar-lhe as pernas”.
É claro que se for rico o suficiente para se dar ao luxo de comprar um Pagani, então também é rico o suficiente para comprar a pista que vem com ele.
O híbrido LaFerrari da Ferrari foi apresentado durante a exposição de Genebra de 2013. É fortemente inspirado no famoso Ferrari FXX, com um peso corporal sob uma estrutura esquelética de 1270kg e um motor V12 de 789 cavalos. Chega aos 97km/h em menos de três segundos. Preço: $1,69 milhões.