A escola é fundamental para nos integrar na sociedade, mas também cria uma série de maus hábitos. Estará a tempo de livrar-se deles?
Estava no ensino secundário. Tinha 16 anos e estava chateado. O meu professor de Inglês deu-nos um trabalho de escrita criativa: escrevam qualquer coisa sobre estar no ensino secundário. Qualquer coisa.
Então eu escrevi uma história sobre um tiroteio numa escola.
E não foi apenas isso – na minha história, quando o policia encurralou o atirador, em vez de disparar sobre o mesmo começou a ensinar os alunos: executando os que se portavam mal ou não seguiam as suas ordens. Ao início as suas execuções pareciam irracionais e cruéis mas à medida que as crianças cresciam as execuções tornavam-se mais pragmáticas e desenhadas para preparar sobreviventes para “o mundo real”. A história terminava na cerimónia de formatura. O atirador chorava enquanto abraçava todos os seus alunos. Felicitava-os e dizia-lhes o quão orgulhoso estava das suas realizações.
Escusado será dizer que tive negativa.
A escola convenceu-me de que era um mau escritor. O que é estranho pois agora sou um escritor profissional. Lide com isso Sr. Jacobs.
Assim, no espírito da temporada de graduação achei que seria bom falar sobre o que a escola ensina e não ensina. Pois se aprendi alguma coisa é que a pessoa que fomos na escola não é necessariamente a pessoa que estamos destinados a ser na vida. Na verdade, muitas vezes é completamente o oposto.
1. Você aprendeu que o sucesso vem da aprovação dos outros
Hoje em dia parece que vivemos numa cultura onde as pessoas estão mais preocupadas em parecer serem algo importante em vez de realmente serem algo importante. Veja: as irmãs Kardashian, Donald Trump, 63% de todos os utilizadores de Instagram, atletas que fazem álbuns de rap, todo o Congresso dos EUA, etc.
Há uma série de razões para isto mas uma grande parte passa pelo facto de que à medida que crescemos somos recompensados ou punidos pela aprovação baseada nos padrões de outras pessoas, não nos nossos. Tenha boas notas. Tire cursos avançados. Pratique desportos de equipa. Pontue alto em testes padronizados. Estas métricas fazem uma força de trabalho produtiva, não uma força de trabalho feliz.
Os porquês da vida são muito mais importantes do que os quês da vida, e esta é uma mensagem raramente comunicada aquando do crescimento.
Você pode ser o melhor anunciante do mundo mas se estiver a anunciar falsos medicamentos para o pénis então o seu talento não é um ativo para a sociedade mas sim uma responsabilidade. Você pode ser o melhor investidor do mundo mas se estiver a investir em empresas e países estrangeiros que lucram através de corrupção e tráfico humano, então o seu talento não é um bem para a sociedade mas sim uma responsabilidade. Você pode ser o melhor comunicador do mundo mas se estiver a ensinar fanatismo religioso e racismo o seu talento não será um bem mas sim uma responsabilidade.
Crescer – e tudo o que lhe dizem para fazer não é para mais do que para ganhar a aprovação dos outros ao seu redor. É para satisfazer o padrão de outra pessoa. Quantas vezes durante o seu crescimento ouviu a queixa “Isto é inútil. Porque é que tenho que aprender isto?” Quantas vezes ouço adultos dizerem “Nem sequer sei o que gosto de fazer; tudo o que sei é que não estou feliz”?
O nosso sistema educativo está baseado na performance e não no propósito. Ensina mimetismo e não paixão.
A aprendizagem baseada no desempenho nem sequer é eficiente. Uma criança entusiasmada com carros irá passar um muito melhor tempo a aprender matemática e física se ambas forem colocadas num contexto de que gosta. Irá reter mais e ficar mais curiosa para descobrir mais por si própria.
Mas se ela não é responsável pelo porquê do que está a aprender então o que está a aprender não é física ou matemática, é como fingi-lo para fazer alguém feliz. E este é um péssimo hábito a enraizar numa cultura. Conduz a uma grande quantidade de pessoas altamente eficientes com baixa autoestima.
Nas últimas décadas pais e professores preocupados tentaram remediar a questão da autoestima tornando mais fácil para as crianças sentirem-se bem-sucedidas. Mas isto só torna o problema pior. Você não está somente a treinar crianças a basearem a sua autoestima na aprovação dos outros mas está a dar-lhes a aprovação sem que as mesmas tenham que realmente fazer alguma coisa para a merecer.
Os marcadores externos de desempenho são bons e provavelmente até mesmo necessários – mas não são suficientes. Tem que haver um novo ponto de partida. Os fins pessoais têm que ser introduzidos na educação a determinado ponto. Tem que haver um “porquê” para a aprendizagem a combinar com o “quê”. O problema é que o motivo de toda a gente é pessoal e é impossível de colocar em escala. Especialmente quando os professores estão tão sobrecarregados e são mal pagos.
2. Você aprendeu que falhar é uma fonte de vergonha
No início deste ano almocei com uma daquelas pessoas que você simplesmente não consegue acreditar que existe. Ele tinha quatro cursos, incluindo um mestrado no MIT e um PhD em Harvard (ou seria um mestrado de Harvard e um PhD do MIT? Nem sequer me consigo lembrar). Estava no topo na sua área, trabalhava para uma das mais prestigiadas consultoras e tinha viajado por todo o mundo a trabalhar com CEO e gestores de topo.
E disse-me que se sentia preso. Queria começar um negócio mas não sabia como.
E não estava preso por não saber o que fazer. Ele sabia exatamente o que queria fazer. Estava preso pois não sabia se era a coisa certa a fazer.
Disse-me que durante toda a sua vida tinha dominado a arte de acertar à primeira tentativa. É assim que as escolas nos recompensam. É assim que as empresas nos recompensam. Dizem-nos o que fazer, e acertamos. E ele acertava sempre.
Mas quando chegou o momento de criar algo novo, fazer algo inovador, dar um passo para o desconhecido, ele não sabia como fazê-lo. Tinha medo. A inovação requer fracasso e ele não sabia como falhar. Nunca tinha falhado antes!
Malcolm Gladwell escreveu um capítulo, no seu livro David and Goliath, sobre como um número desproporcionado de pessoas insanamente bem-sucedidas são disléxicas e/ou deixaram o ensino secundário. Gladwell sugere uma explicação simples: estas eram pessoas talentosas que, por qualquer motivo, foram forçadas a habituarem-se ao fracasso desde o início das suas vidas. Este conforto com o fracasso permitiu-lhes assumir riscos mais calculados e ver oportunidades que outros já não estavam a considerar mais tarde.
Falhar ajuda-nos. É como aprendemos. Falhar em candidaturas a trabalhos ensina-nos a ser melhores candidatos. Relacionamentos fracassados ensinam-nos a ser melhores parceiros. Lançar produtos ou serviços que não vingam ensina-nos a fazer melhores produtos e serviços. O fracasso é o caminho para o crescimento. No entanto, é-nos martelado no cérebro que o fracasso é inaceitável. Que estar errado é vergonhoso. Que você tem uma oportunidade e se a desperdiçar é o fim; que se você tem uma nota má, é o fim.
Mas não é assim que a vida funciona em tudo.
3. Você aprendeu a depender da autoridade
Por vezes recebo e-mails de leitores que me enviam as histórias da sua vida e pedem-me que lhes diga o que devem fazer. As suas situações são geralmente muito pessoais e complexas. Então a minha resposta é geralmente “Não faço ideia.” Não conheço estas pessoas. Não sei como são. Não sei quais são os seus valores, como se sentem ou de onde vêm. Como poderia saber?
Creio que há uma tendência para a maioria de nós ter medo de não ter alguém que nos diga o que fazer. Ter alguém que nos diga o que fazer pode ser confortável. Poderá dar uma sensação de segurança pois em última análise você nunca se sente inteiramente responsável pelo seu destino – está somente a seguir o plano do jogo.
A obediência cega causa mais problemas do que resolve. Mata o pensamento criativo. Promove a repetição sem sentido e a certeza inane. Mantém a má TV no ar.
Isso não significa que a autoridade seja sempre prejudicial. Não significa que a autoridade não serve para nada. A autoridade irá sempre existir e será sempre necessária para o bom funcionamento da sociedade.
Mas todos nós devemos ser capazes de escolher a autoridade nas nossas vidas. A adesão à autoridade nunca deverá ser obrigatória e nunca deverá ser inquestionável – seja o seu pregador, o seu chefe, o seu professor ou o seu melhor amigo. Ninguém sabe o que é melhor para você a não ser você mesmo. Não deixar as crianças descobrirem este facto por si próprias poderá ser o maior erro de sempre.