Como ensinar finanças a crianças

Indicamos-lhe as ocasiões mais indicadas para partilhar o seu conhecimento financeiro com os seus filhos de modo a que eles o possam aplicar na prática. Pronto para começar a escola financeira?

Esqueça “a conversa”. Em vez disso, tenha muitas conversas. Se está a pensar sentar os seus filhos e partilhar com eles toda a sua sabedoria financeira, é provável que vá perder rapidamente a sua audiência. Eis uma abordagem melhor: tente passar-lhes pequenas lições financeiras através de conversas do dia-a-dia, construindo os conhecimentos monetários dos seus filhos com repetição e exemplos da vida real.

Holly Isdale, fundadora da Wealthaven, que aconselha as famílias abastadas acerca dos temas financeiros afirma: “Tem de ter estas discussões frequentemente. Tudo pode ocasionar um bom momento de aprendizagem”, explica.

Barbara Nusbaum, uma psicóloga de Nova Iorque especializada no aspeto emocional do dinheiro, aconselha a que as crianças dividam as suas mesadas, ou semanadas, em três caixas: gastar, poupar e partilhar.

“Uma mesada é muito valiosa”, afirma. “Permite-lhe ter pequenas conversas sobre dinheiro a qualquer altura”, incluindo saber o que é que os seus filhos estão a planear comprar, para o que é que estão a poupar e que instituições de caridade querem apoiar.

“Quando a minha filha acabou a escola primária e eu lhe comprei o primeiro telemóvel, aproveitei a oportunidade para falar sobre a conta de telefone”, revela Tim Ranzetta, fundador do site NextGenPersonalFinance.org, que oferece materiais educativos acerca das finanças pessoais a estudantes do ciclo e ensino secundário.

Com a sua filha, agora com 12, Ranzetta explicou que o uso da internet aumenta a conta telefónica, e que por isso é melhor utilizar redes de wi-fi sempre que estas estiverem disponíveis.

À medida que recebe os extratos do seu cartão bancário, poderá ser útil partilhá-los com os seus filhos. Por exemplo, poderá mostrar-lhes a conta do seu cartão de crédito, discutir o quão fácil é gastar demasiado com um cartão e explicar o que teria de pagar em juros se não saldasse o seu balanço.

É sempre boa ideia rever os relatórios de crédito com regularidade, para certificar-se de que não têm erros e de que ninguém abriu qualquer conta em seu nome sem você saber. E já que os tem à mão, mostre-os aos seus filhos e aproveite a hipótese para falar sobre os empréstimos que contraiu, quando é que faz sentido pedir um empréstimo e a importância de fazer os pagamentos a tempo.

Tim Ranzetta pede à sua filha para cobrir o teclado enquanto ele digita o seu código pessoal. Ele utiliza isto como forma de discutir a importância de proteger a informação pessoal e evitar os roubos de identidade.

Este verão, Ranzetta planeia abrir uma conta à ordem para a sua filha. Mas, primeiro, ele vai pedir-lhe para ela rever o contrato, com particular atenção para ver se ela quer uma proteção para a possibilidade de levantar mais do que tem na conta. Se ela optar pela proteção, ela não terá de se preocupar em ver os seus pagamentos negados; mas poderá ter de pagar uma multa sempre que levantar mais do que tem disponível. “Os miúdos vão tomar muito mais atenção quando as coisas são reais”, considera Ranzetta.

Uma ida ao supermercado oferece a possibilidade de ter todo o tipo de conversas sobre dinheiro, incluindo porque é que os produtos estão marcados a 3,99€ em vez de 4€, como utilizar o preço por unidade para encontrar o melhor negócio, e a razão por que os cereais com muito açúcar estão colocados num local onde as crianças os possam ver com facilidade.

É também uma grande oportunidade para discutir necessidades e quereres. “Na nossa cultura, há uma confusão deliberada entre necessidades e quereres”, considera Nusbaum, “Enquanto pais, temos de ajudar os nossos filhos a perceber a diferença”, explica.

Quando os seus filhos tiram as suas cartas de condução, deverá explicar-lhes o que é o seguro automóvel. Poderá mostrar-lhes a apólice, discutir os vários tipos de seguros e explicar-lhe os vários elementos da apólice.

“Ao jantar, comece uma conversa sobre o que se passou durante a semana e quais os seus melhores acontecimentos”, sugere Barbara Nusbaum. “A sua filha dirá “Adoro as minhas aulas de ballet.” E você poderá responder “Como é que essas aulas vieram a acontecer?”

Essa pode ser uma oportunidade para falar acerca da origem do dinheiro, quanto é que a família gasta por mês e como é que você estabelece as prioridades financeiras baseando-se naquilo que julga ser mais importante.

Estas conversas frequentes podem causar desconforto para os pais, especialmente quando envolvem falar sobre as suas próprias finanças. Mas se não ensinar os seus filhos acerca do dinheiro, eles irão aprender com outras pessoas…e poderá não gostar do resultado.

“Muitos pais não falam sobre dinheiro”, afirma Nusbaum. “Mas se não o fizer, está a abdicar da sua responsabilidade”, conclui.