Uma fotógrafa tailandesa publicou uma série de imagens que visam criticar a superficialidade e artificialidade das fotografias do Instagram.
A nossa vida propícia para os filtros tem estado sob imenso escrutínio recentemente. Primeiro, a Barbie hipster tocou na ferida ao fazer uma paródia de todos os estereótipos do hashtag do Instagram #liveauthentic. Agora, Chompoo Baritone, uma fotógrafa tailandesa baseada em Bangkok, publicou uma nova série de imagens que revelam toda a realidade confusa que geralmente cortamos das nossas fotografias para as redes sociais.
É o conjunto previsível de espaços de trabalho relaxantes, tempo sozinho tranquilo ao sol, legumes frescos glamorosamente arranjados no prato e – claro – um exemplar da revista de estilo de vida indie Kinfolk.
Mas, nas fotografias de Baritone, o resto da cena permanece na moldura: animais de estimação e curiosos, pratos de comida desarrumados, roupas empilhadas na cama.
Partilhadas na parede do Facebook da fotógrafa, estas imagens comentam a tendência #slowlife, ou, como Baritone lhes chama, "fotografias de aspeto artístico."
A estética #slowlife, diz ela, pretende criar arte, mas, na verdade, visa mostrar aspectos da vida "na moda".
Para apresentar o seu álbum do Facebook, ela escreve:
O que é fotografia "vida lenta"? Por que é que é boa [ou importante]?
[É uma] prática tendencial fotográfica que faz o comentário social sobre o comportamento humano atual. [É uma forma de] intencionalmente tirar fotografias de aspeto artístico com o objetivo final de conseguir louvor. No final, só queremos fazê-lo de modo a estarmos na moda. Apenas #slowlife.
Se a cultura hipster é uma forma de boémia privilegiada, então as imagens superficialmente contemplativas que povoam o nosso Instagram – e que não contam histórias a não ser na sua elegância, na sua maior parte – são uma versão apropriada do ethos da ars gratia artis (arte pela arte) que foi em tempos o núcleo da boémia.
Sem contexto, estas imagens bem enquadradas, filtros bonitos, legendas espirituosas e hashtags, não quebram limites, mas fortalecem sim uma taxonomia pré-definida do que está na moda.