Será que você é narcisista?

Eis uma série de perguntas que pode fazer a si próprio para descobrir se você, ou alguém próximo de si, é narcisista.

De acordo com investigações realizadas é mais provável você encontrar um narcisista no mais alto nível executivo do que na rua. Isso deve-se ao facto de os traços que tornam os narcisistas indivíduos com quem se torna difícil lidar ou relacionar – pela constante necessidade de validação, vontade de controlar as pessoas e alguma brutalidade na satisfação das suas necessidades – os tornarem super eficazes na ascensão ao topo.

Para ajudá-lo a perceber se você, ou talvez o seu chefe, é narcisista vasculhámos a literatura de psicologia em busca de padrões de comportamento narcisista. Também falámos com Joseph Burgo, psicólogo doutorado e autor do livro “The Narcissist you Know” (O narcisista que você conhece).

Seguem-se alguns sinais comuns de narcisismo. Esta é uma atualização de um artigo originalmente escrito por Vivian Glang, com contributos adicionais de Drake Baer.

Burgo avança que alguns narcisistas são agressivos – e um dos traços mais preocupantes passa pela sua tendência para ser mau perdedor ou vencedor magoado.

Quando perdem num jogo desportivo, por exemplo, poderão tentar humilhar o árbitro. Quando vencem poderão regozijar-se excessivamente ou abusivamente junto da parte vencida.

O tipo de pessoas a que Burgo chama narcisistas “pomposos” têm sempre queixas contra o mundo.

Normalmente sentem-se com direito a algo melhor ou sentem que não recebem o reconhecimento que merecem dos outros.

Os psicólogos falam das “duas faces do narcisismo”. Numa extremidade encontram-se os hiper-agressivos e hiper-barulhentos como Donald Trump. No entanto, existe também uma versão mais suave de narcisismo designada “narcisismo secreto” – caracterizada pela introversão, hipersensibilidade, defesa e ansiedade.

Segundo a Scientific American “Ambas as formas de narcisismo partilham um núcleo comum de presunção, arrogância e tendência para ceder às próprias necessidades em detrimento dos outros.”

Muitos narcisistas “sabem-tudo” e têm dificuldade em conviver com colegas de trabalho e amigos pois recusam-se a acreditar que podem estar errados em relação a qualquer aspeto.

Burgo observou que estes narcisistas se movem com um sentimento de superioridade face aos outros e têm uma abordagem “da minha forma ou de nenhuma” em relação à tomada de decisões.

Os psicólogos Nicholas Holtzman e Michael Srube da Universidade de Washington em St. Louis descobriram, num estudo, que os indivíduos que pontuaram mais em termos de narcisismo são mais argumentativos e insultantes do que os seus pares mais modestos.

Tendem também a utilizar linguagem sexualmente explícita com maior frequência.

Os narcisistas normalmente consideram que os seus pontos de vista são inerentemente superiores às perspetivas das outras pessoas – mas o que realmente valorizam é a atenção que recebem por deterem esses pontos de vista.

Burgo diz, por exemplo, que um narcisista pode acreditar que tem uma ligação mais próxima de Deus – mas é mais importante para o mesmo que outras pessoas reconheçam essa ligação e admirem o seu profundo sentido de espiritualidade.

Os narcisistas “vingativos” geralmente sabem que os comportamentos vingativos ou antissociais não são aceitáveis. No entanto, e segundo Burgo, sentem-se bem a agir dessa forma pois sentem-se constantemente injustiçados.

Além do mais muitas vezes sentem-se ofendidos quando não é caso para tal – o que significa que estão sempre a ouvir as pessoas dizer “Não era isso que eu queria dizer!”

Os narcisistas normalmente gostam de posições de liderança uma vez que conseguem dominar os outros e cumprir a sua necessidade de constante reforço positivo.

“Um monge narcisista não seria bom mas ser o Kanye West e narcisista é fantástico.” – Afirmou Peter Jonason, psicólogo da Universidade de Western Sydney e especialista em psicologia social.

O “simples facto de ter um sentimento na presença de outra pessoa sugere que você pode ser tocado, emocionalmente, por amigos, família, parceiros ou mesmo pela tragédia ou fracasso ocasional.” – Afirmou Craig Malkin, psicólogo da Harvard Medical School.

É por isso que os narcisistas as abominam. Sentir uma emoção “desafia o seu sentido de autonomia perfeita.” Continua: “Admitir um sentimento de qualquer tipo sugere que podem ser afetados por alguém ou algo fora dos mesmos.”

Como resultado os narcisistas tendem a mudar o tema de conversa quando os sentimentos vêm à baila – especialmente os seus próprios.

Após 34.653 entrevistas cara-a-cara o psicólogo Frederick Stinson descobriu que os homens tendem a ser mais narcisistas do que as mulheres ao longo de toda a sua vida.

Acredita-se que o narcisismo tenha um pico durante a adolescência e diminua com a idade.

De acordo com um estudo conduzido por Simine Vazire, psicóloga na Universidade de Washington, os narcisistas são geralmente classificados como mais elegantes e fisicamente atraentes.

Anita Vangelisti, psicóloga na Universidade do Texas em Austin, descobriu que os narcisistas geralmente preferem manter a conversa centrada em si próprios “fazendo movimentos gestuais exagerados, falando alto e mostrando desinteresse ao revirarem os olhos quando outros falam.

Burgo também identifica um grupo de narcisistas a que chama “sedutores”.

Estas pessoas apaixonam-se e desapaixonam-se rapidamente e facilmente, geralmente por pessoas que não conhecem bem. Consideram o seu parceiro absolutamente perfeito – um complemento da sua própria perfeição – até que a realidade se ajusta, percebem que o mesmo tem falhas e terminam a relação.

Os psicólogos Joshua Foster da Universidade de Alabama do Sul e W. Keith Campbell da Universidade de Georgia concluíram que os narcisistas são mais propensos a trair assim que percebem que os seus parceiros estão comprometidos.

Parecem também ter pressa a convencer os outros a envolverem-se em atos sexuais promíscuos em que normalmente não participam.

Através da sua pesquisa Campbell concluiu que a marca dos quatro meses – o aparente pico de satisfação em qualquer relacionamento de namoro – é normalmente o tempo que leva alguém que namora com um narcisista a vê-lo como realmente é.

Malkin diz que a lógica é a seguinte: “Se encontrar alguém perfeito, de quem estar próximo, talvez alguma da sua perfeição passe para mim e eu tornar-me-ei perfeito por associação.”

Com esse ideal em mente os narcisistas juntam-se a pessoas que consideram perfeitas – seja um colega ou uma paixoneta – e depois ficam muito dececionados quando essa pessoa não é tão impecável como imaginavam. Para um narcisista tudo tem de ser perfeito

As pessoas narcisistas deitam outras pessoa abaixo, intencionalmente, para manterem uma elevada imagem positiva de si próprias.

“Procurar admiração é como uma droga para os narcisistas.” – afirmou Mitja D. Back, psicólogo na Universidade de Johannes Gutenberg em Mainz, na Alemanha. “No longo prazo torna-se difícil pois os outros não os irão aplaudir eternamente – logo terão sempre de procurar novos conhecidos de quem obterão atenção.”

Isto também explica porque é que os narcisistas em geral costumam manter apenas relações fracas.

De acordo com Sigmund Freud uma combinação de rejeição parental e de admiração excessiva liga-se mais fortemente ao narcisismo em adulto do que a verificação de uma destas experiências de infância, de forma consistente, sem a outra.

A inconsistência da atitude dos pais em relação aos filhos irá eventualmente acabar por causar “um profundo desejo de admiração” levando o narcisista a procurar reforços fugazes do seu ego durante toda a vida.

Os homens e mulheres narcisistas têm diferentes formas de escolher amigos.

As mulheres escolhem amigos homens com alto estatuto social para que possam obter um sentimento de merecimento. Os homens escolhem pares que sirvam de “braço direito” quando tentam conquistar raparigas.

Da mesma forma que os narcisistas odeiam falar sobre os seus sentimentos “não suportam estar à mercê das preferências das outras pessoas.” – Afirma Malkin. “Relembra-lhes que não são invulneráveis ou totalmente independentes – e que, de facto, poderão ter de pedir o que querem e ainda pior: as pessoas poderão não querer ir ao encontro do pedido.”

É por isso que gostam de controlar. No caso de relacionamentos românticos, os narcisistas controlam as pessoas com olhares de desaprovação, chamadas para alterações de planos e atrasos crónicos. Tal permite aos narcisistas minar a capacidade de outras pessoas de fazerem escolhas. Ao fazerem isso, os narcisistas mantêm o seu sentido de total autonomia – de que precisam tão desesperadamente.