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O escritor James Altucher compartilha a experiência de quando esteve prestes a desistir do que lhe era mais importante e o método que descobriu para o fazer persistir.

Eu quero desaparecer. Quero mudar-me para um prédio de apartamentos antigo num lugar onde nunca tivesse de falar com ninguém. Pediria a entrega das três refeições diárias. Aprenderia a falar com os meus vizinhos – que falariam qualquer língua menos inglês. Aprenderia os seus jogos e jogaria na calçada – apostaria trocos e ouviria música do sistema de som de um carro aberto, um carro que já não funcionasse.

Às vezes, quando me sinto bloqueado e desgraçado é assim que me sinto. A doçura da invisibilidade.

Quando me sinto bloqueado – adoeço. Quero mais da vida – mais do que aquilo que tenho. Quero um trabalho diferente. Quero fazer o que gosto. Depois ficaria novamente doente. É o que se sente quando se está bloqueado. Num emprego. Numa carreira (possivelmente uma carreira para a qual me formei ao longo de dez anos e passei 20 anos a exercer). Numa relação. Em qualquer coisa.

Gostava de ter dito mais vezes a mim mesmo: o passado não é o carcereiro do meu futuro.

Penso “Porque tenho um curso em X, tenho de trabalhar em Y.” Ou “Porque estou a viver com A, isto é para a vida”. Ou “Porque escrevi sobre J isto é a minha vida agora”. Ou “Porque falhei em negócios ou arte não posso voltar a tentar”. Ou “Porque os meus pais queriam que eu fosse médico – tenho de ser médico”.

É mau.

Falei com Matt Berry. Fazia o que eu considerava ser um trabalho de sonho – escrever guiões de filmes – mas tudo o que queria fazer era um blog sobre desportos fantasia, por 100 dólares a publicação. Oito anos depois e ele é o pivô de topo da ESPN para desportos de fantasia.

Ou talvez tenha sido Jim Norton, com quem cresci, que conduzia tratores e tinha trabalhos braçais quando tudo o que queria era ser comediante. 20 Anos depois e é um dos mais conhecidos comediantes do mundo.

Ou Judy Blume, que tinha tantas histórias presas na cabeça, mas criava uma família num casamento sem amor, sem perceber que não precisava de permissão para contar as histórias. A ficar cada vez mais doente.

Ou talvez seja eu ou você, desesperadamente infelizes numa relação ou trabalho, sabendo que existe algo mais lá fora. Que as coisas têm de mudar.

Estes não são 10 passos para si – como um “programa de 10 passos”. Estes são os 10 passos que finalmente aprendi a fazer por mim mesmo. Para parar de adoecer. Para parar de desistir de sonhos. Para curar o meu estômago de dor diária.

1. Admita-o

Sinto-me inquieto. Não me consigo levantar. A única coisa a fazer neste passo é reparar nisso. É como um sussurro. Não do “universo” mas do seu corpo. Fisicamente não o irá deixar sair da cama. Começa a comer as suas entranhas. O seu corpo irá destrui-lo se você não se reinventar. Mas tem de perceber isso antes.

Eu digo “ah, é isso que isto é.” A maioria das pessoas sente este passo por volta dos 30 anos – nunca mudam e são, lentamente, comidas vivas.

Procuram medicamentos mas os mesmos não podem ser prescritos. Estão tão longe que irão morrer à procura dos mesmos.

2. Desilusão

Eu notei. Sinto que as coisas nunca irão mudar. Estou preso. Os meus pais, amigos, amantes, chefes nunca irão aprovar. Ou vou à falência. Ou irá significar que desperdicei toda a minha educação. Ou dinheiro… Ou mente. Ou um amor. Sinto “estou triste”.

Comece por listar aquilo de que gosta. De que é que gostava quando era criança? O que é que gosta de fazer agora? Não pode ser só comigo. Experimente hoje. Experimente amanhã. Torne-se melhor nisso. Escreva as coisas de que gostava quando era criança e de que gosta agora. Perceba as ligações entre as mesmas. Elas estão lá. Estão à sua espera. Estavam à minha espera.

Brian Koppelman sentiu que estava preso na área da música. Tinha sido o que a sua família tinha feito, era para isso que ele se tinha formado. Era nisso que ele era bom. Mas o passado não é um carcereiro.

Passou três anos a ponderar ideias com David Levien, seu parceiro de escrita e amigo de escola, até finalmente escreverem o filme “A Vida é um Jogo” e de seguida “Ocean’s 13” e agora o próximo espetáculo “Billions” (veja o trailer).

Eu continuo a procurar pistas todos os dias. Cada dia é um Dia da Reinvenção.

3. Aprendizagem

Se não nos reinventarmos – morremos. Vá a uma livraria e perceba que livros lhe tiram o fôlego. Em que conversas é que se envolve. Que relações, na sua vida, o entusiasmam e desejaria que fossem mais profundas?

Leia tudo e depois encontre um grupo de pares com quem possa conversar. Aprenda tudo. Estude tudo. Veja tudo.

As pessoas irão começar a reparar em si. Irão dizer “Ele está perdido”. Disseram-me “Você irá arruinar a sua vida.” Ou “Você não tem ideia do que está a fazer”.

Não há problema. Eles também não são os meus carcereiros. Eu sou o carcereiro. Eu abro a prisão todas as manhãs e acendo as luzes.

4. Fracasso

Falhei em tudo o que comecei. As minhas duas ou três primeiras tentativas em negócios falharam. 17 dos 20 negócios que comecei falharam.

Os meus primeiros cinco livros nunca foram publicados. Já estive divorciado – o que aconteceu depois de uma data de relacionamentos falhados. Falhei a fazer um programa de TV. Ou dois. Ou três. Posso continuar – mas seria chato.

Se você gosta de algo você sabe o que o melhor do mundo realmente é. Tento ser o melhor do mundo imediatamente mas isso sou eu a ser um idiota novamente. Tenho de ser humilde em primeiro lugar e perceber o quão difícil é. O quão alto tenho de subir.

Isso leva muito tempo. Então é a persistência que o levará mais longe.

Persistência + Amor = Sucesso.

5. Mas deverá continuar?

Você pode. Ou talvez não. Escrevi quatro livros no início dos anos 90. Falhei. Parei. Aceitei um trabalho na HBO e desisti. Passados sete anos voltei a escrever – mas sobre finanças, chato. Apenas oito anos depois comecei a escrever sobre coisas mais pessoais. Agora escrevo o que quiser. Mas veremos. Estou a escrever algo diferente agora. Por vezes é muito mais doloroso.

Talvez um dia seja bom. Mas adoro tentar tornar-me melhor. Adoro ser um perdido.

Não se canse e desista. Não arranje desculpas. Não queime pontes. Talvez em criança gostasse de pintar – volte.

6. Você está de volta

Chateio-me frequentemente nas minhas relações, na minha escrita e nos meus assuntos de negócios. Para mim: estar chateado comigo mesmo é o começo para me desafiar a mim próprio. Quase todos os dias dou mais do que o necessário, até doer. Por vezes dói demais.

Mas sei quando estou preso. Sei reparar nisso. Sei encontrar o que gosto de fazer. E espero conseguir persistir. Por vezes consigo. Por vezes não consigo. Mas volto sempre às coisas de que gosto.

7. Mentores

Tive grandes mentores em cada área da minha vida.

Como é que você obtém um mentor? Se você quiser um em pessoa – dê-lhe ideias. Não diga: “Como posso ajudá-lo?” – pois isso só lhe dará trabalho. Porque é que o ajudaria se você só lhe deu um trabalho de casa? Diga-lhe como pode melhorar a sua vida.

Se você quiser mentores virtuais (por vezes os melhores) leia 200 livros da sua área de interesse. Cada 50 livros valem um mentor.

E se não existirem 200 livros? Existem. Um livro sobre mecânica quântica é um livro sobre pintura de borboletas. Tudo está ligado se você filtrar aquilo de que gosta.

8. Você torna-se a sua própria voz

Os Beatles, Pink Floyd, Rolling Stones, U2, Wu-Tang Clan soam como se nada tivesse surgido antes deles. Não soam 100% diferente. Pegaram em tudo do passado, imitaram-no durante anos e depois desenvolveram a sua própria voz única.

Muitas pessoas (eu) desistem entre o imitar e a singularidade. É a armadilha da imitação. Não caia nessa.

Escrever dez ideias por dia em relação ao que lhe interessa é uma técnica para ter a sua própria voz única.

9. Falhar novamente

Falhar sem parar é o segredo para o sucesso.

Não quero dizer chorar no chão em desespero. Telefonar dez vezes à rapariga e implorar-lhe para que diga “amo-te” de volta.

Apenas falhando e percebendo o fracasso – e documentando-o, colocando-o na seleção de “coisas a evitar” e “coisas que funcionaram” – você poderá ser bem-sucedido. Você quer falhar tanto quanto possível. E depois recolher as peças rapidamente e tentar novamente.

Até mesmo os pensamentos podem falhar. É importante identifica-los também – “útil”/“inútil” – à medida que surgem. É uma prática.

É a velocidade do “tentar novamente” que leva ao sucesso. Não o desespero, angústia e ansiedade narcisista de que nunca poderá funcionar novamente.

Agora temos:

Notar + Persistência + Mentores + Fracasso rápido + Amor = Sucesso

Mas há mais um elemento, o mais crítico.

10. As pessoas que ama

Quando estou bloqueado procuro – e há amigos para me apoiar. Quando fracasso eles estendem a sua mão e ajudam-me a levantar.

Isto é deus. Uma oração desaparece no ar. Um pedido a um amigo – salva-o. Eles nem sempre sabem o que é melhor para você mas irão confortá-lo e apoiá-lo e você sentir-se-á grato por eles e eles por si.

Não fofoque sobre eles. Não tente ensinar-lhes. Sinta-se apenas grato por eles. Acho que devo a minha vida hoje, mesmo esta última semana, aos meus amigos.

Uma reinvenção poderá não ser uma mudança radical. Você poderá não ir de motorista de camião a jogador profissional de basquete.

Você poderá apenas ir de boa pessoa para melhor pessoa.

De incompetente a competente.

De um bom amigo a um grande amigo.

De escravo a livre.

De deixar os outros escolherem quando deve estar feliz a descobrir como escolher a felicidade.

Todos os dias – todos os itens acima. É uma prática.

Um dia você poderá ser um astronauta e, no dia seguinte, um pintor. Está tudo bem. É o seu pedaço de vida entre dois infinitos gigantes. Preencha esse pedaço com bolo e ouro.

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