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Se é este ano que quer começar a juntar excelentes vinhos, eis o que o mestre Elin McCoy acredita que você precisa de saber.

Talvez os valores do leilão o tenham feito mudar de ideias (“uma caixa de Romanée-Conti no valor de $59.000 (aproximadamente €54.200)!”) e tenha ficado a pensar que colecionar vinhos é um jogo só para os membros do grupo dos 1% mais ricos.

Contudo, não é apenas um passatempo para quem tenha as carteiras recheadas. Embora a grande inflação dos preços tenha atingido a primeira e a segunda vintage de Bourdeaux e os grand crus e premier cru do Burgundy, ainda existem muitos colecionáveis na mira para todos os que agora se estejam a iniciar ou a tentar decidir o que fazer com os lucros deste ano.

Eis o que precisa de saber e o que colecionar agora.

Tenha um plano

As garrafas da coleção do especialista em finanças de Wall Street John Stott, exibidas no leilão Sotheby’s

Por favor. Tal como muitos amantes de vinho, também eu comecei um pouco aleatoriamente, armazenando alguns vinhos tintos premiados e acabei por ficar com uma mistura desorganizada de garrafas e caixas num canto da minha cave. Tornei-me sistemático em relação à minha reserva a amadurecer calmamente.

Existem muitas razões para se colecionar. Por exemplo, a conveniência de se ter bons vinhos à mão e não ter de entrar em pânico há última da hora à procura de garrafas importantes para um jantar especial. E ganha-se muito mais ao comprar as coisas melhores quando estas ainda são jovens e baratas – e fazer você mesmo o envelhecimento – do que pagar rios de dinheiro por exemplares maduros e difíceis de encontrar.

Apesar de a maioria dos vinhos ser concebida para ser consumida dentro de alguns meses, os melhores tintos sabem muito melhor depois de envelhecerem durante alguns anos, se não mesmo uma década ou mais. Os doces taninos de qualidade e os sabores frutados dos vinhos desenvolvem-se em camadas de complexidade terrena, fazendo o tempo que se espera para bebê-los valer a pena. (Alguns vinhos brancos preservados numa elevada acidez, também melhoram com o tempo.)

Siga o seu aroma

Comprar vinhos é quase como comprar obras de arte, tirando o facto de ter de os ir consumindo ao longo do tempo para poder realmente desfrutar deste passatempo. Por isso, escolha o que mais gosta. Os únicos vinhos que realmente valem a pena colecionar são aqueles de que realmente gosta. Se existe alguma hipótese de investimento? Lembre-se que o vinho não é tão líquido como as ações (perdoem o jogo de palavras) e não existem garantias de que os preços das garrafas que comprou não vão subir a preços exorbitantes na altura que as quiser vender.

Plantações Chateau de Pibarnon

Prove antes de comprar

Compre uma garrafa e prove antes de comprar uma caixa. Mas não o aconselho a comprar mais de duas caixas de um mesmo vinho.

Porquê, poderá perguntar-se. Os gostos do colecionador vão evoluindo. Já vi muito antigos fãs de vinhos Cult venderem caixas e caixas disso em leilões para conseguirem mais capital para poderem gastar na sua nova paixão, o Burgundy.

Pondere no armazenamento

Não faz sentido nenhum guardar vinhos excelentes numa prateleira bonita da cozinha. Infelizmente, já vi muitos vinhos tintos caros a serem exibidos como decoração que se foram destruindo gradualmente devido às temperaturas demasiado quentes (uns estáveis 13ºC é a temperatura ideal) ou à baixa humidade que secou a cortiça. Invista numa unidade de temperatura controlada, crie um inventário do que compra e não se esqueça de mencioná-los todos à sua seguradora caso tenha uma falha de energia.

Arranje um vendedor de confiança

É sempre melhor comprar a um vendedor de confiança ou até na própria adega do que ir a correr para um leilão, pelo menos durante os primeiros tempos em que se inicia no passatempo de colecionador de vinhos. E não se deixe seduzir por preços que pareçam demasiado bons para serem verdade. A empresa retalhista da Califórnia Premier Cru ofereceu negócios fantásticos em classes de crus Bordeaux e agora está a ser processada por clientes furiosos que nunca chegaram a receber os seus vinhos.

E agora… por onde começar?

O que colecionar? Esqueça os trofeus demasiado badalados e procure vinhos de regiões que muitos grandes colecionadores negligenciam. Escolha um local que goste (como a Provença, por exemplo) ou adegas que tenha visitado.

Aqui fica a minha escolha de meia dúzia de regiões que hoje são sobrevalorizadas, mas nas quais ainda é possível encontrar vinhos de colheitas antigas a preços razoáveis.

Califórnia e Oregan: os Pinot Noir da Costa Oeste não costumam aparecer muito em leilões como os Napa Cabernet, por isso, ainda se consegue encontrar alguns abaixo dos $50 (aproximadamente €45,90). Contudo, muitos deles têm o equilíbrio e a acidez necessária para envelhecer. Procure as garrafas mais em conta de Kutch, Failla, Ceritas e Knez (todos da Costa Sonoma e de Andersen Valley) e de Eyrie de Oregon.

Olga Raffault Chinon Les Picasses 1989

Loire Valley: este já é um território de colecionador de primeira categoria, com vinhos tintos de Cabernet Franc e vinhos brancos de Chenin Blanc que envelhecem lindamente durante 30 anos ou às vezes mais. Os melhores vinhos tintos são os de Chinon, Bourgheil e Saumur-Champigny, tais como o Olga Raffault Chinon Les Picasses (vintages atuais $25 (€22,95), vintages de 1989 $75 (€68,85) e Catherine e Pierre Breton Bougheil Les Perrières ($40 (€36,72), vintages mais antigas $80 (€73,44)). (Para brancos secos procure Savennières (Domaine du Closel), Montlouis (Jacky Blot) e Vouvrays (Domaine Huet).

Provença: esta região não é só de rosés. Por exemplo, vários vinhos tintos encorpados de Bandol, a este de Marselha, são feitos principalmente com Mourvedre e têm capacidade e intensidade para durarem. O mais elegante é o Château de Pibaron, com o seu aroma intenso e profundo (vintages atuais a $40 (€36,72), vintages mais antigas $65 (€59,67)).

Beaujolais: os vinhos tintos provenientes dos crus de Moulin-à-Vent e Morgon, feitos de Gamay cultivados em solos graníticos, têm peso e estrutura assim como bons frutos e podem ser tão impressionantes e envelhecer tão bem como alguns Burgundys. As vintages mais recentes de 2014 e 2011 (juntamente com a de 2005) são excecionais. As garrafas Dynamite são provenientes de Domaine du Vissoux (Moulin-à-Vent) e as Domaines Louis-Claude Desvignes, Jean-Paul Thévenet e Jean Foillard de Morgon. A maioria das vintages mais recentes são vendidas a $25 (€22,95).

Viña Real Gran Reserva

Rioja: esta região histórica no centro de Espanha é salientada pelos seus vinhos tintos de longa data, e muitas adegas lançam regularmente elegantes vintages antigas das suas caves “cemitérios” cheias de teias de aranha. Uma delas é a CVNE (Compañía Vinícola del Norte de España), cujo Imperial Gran Reserva (vintages atuais a $55 (€50,49), mais antigas a $60 (€55,08) ou mais) altamente complexas e com tonalidades fumadas e Viña Real Gran Reserva (vintages atuais a $35 (€32,13), mais antigas a $65 (€59,67) ou mais) mais clara e picante são maioritariamente de Tempranillo.

Alemanha: o porquê de os seus Riesling continuarem tão subvalorizados continua a ser um mistério para mim. Estes vinhos brancos são claros, frescos, vão lindamente com as refeições quando ainda são jovens e desenvolvem uma complexidade fantástica após cinco a dez anos ou mais. Tive garrafas dos anos 20 que ainda dão que falar. Até os principais “Grosses Gewächs” (grand cru) dos maiores produtores como Keller, Dönnhoff e Zilliken custam $25 (€22,95) a $50 (€45,90) por garrafa.

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