Um trabalho do fotógrafo Raphael Olivier
A Coreia do Norte é um dos países mais secretos e isolados do mundo. No entanto, o turismo está, de um modo geral, a desenvolver-se no país. O governo referiu que planeia receber 2 milhões de turistas, anualmente, a partir de 2020.
Os estrangeiros podem visitar o país através de agências de viagens aprovadas pelo estado e são sempre seguidos a partir do momento em que chegam ao país, que está repleto de paisagens urbanas impressionantes e de edifícios com formas estranhas.
Existem lembretes do regime repressivo e totalitário da Coreia do Norte por toda a parte. Os retratos e estátuas que representam a dinastia Kim podem ser avistados em todo o lado e inspiram respeito. É raro os guias turísticos afastarem-se dos guiões que lhes são entregues.
Este ano, o fotógrafo Raphael Olivier marcou uma visita a Pyongyang e captou estas imagens extraordinárias.
“A primeira palavra que nos vem à cabeça é sinistro”, afirma Olivier em relação ao ambiente de Pyongyang, na Coreia do Norte.
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Na capital vivem cerca de 3 milhões de pessoas e, no entanto, a maiorias das fotografias de Olivier mostram ruas vazias.
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Segundo o fotógrafo, durante o dia as pessoas trabalham, estudam e mantêm-se ocupadas longe da vista de todos – e, estranhamente, ouve-se música no centro da cidade.
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É uma cidade relativamente recente e ainda se encontra em desenvolvimento. Efetivamente, os EUA destruíram a capital durante os bombardeamentos da Guerra da Coreia – e desde 1953 que a arquitetura de Pyongyang se tem erguido dos escombros.
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O pai fundador do país, Kim Il-sung, concebeu a nova Pyongyang como “um grande jardim de arquitetura ‘Juche’”, ou seja, auto-suficiente.
1/5 O Hotel Ryugyong começou a ser construído em 1987. Hoje em dia, destaca-se dos restantes pela sua dimensão
Várias megaestruturas de cimento pintadas como ovos da Páscoa dominam o horizonte. De acordo com Olivier, estas torres pretendem simbolizar força, resiliência e orgulho nacional.
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Embora os edifícios não sejam propriamente elegantes, a sua intencional durabilidade representa um dos principais fundamentos da ideologia Juche.
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“A cidade é uma incrível exibição, muito bem preservada, da arquitetura socialista vintage, inalterada pela poluição visual de cartazes de publicidade comercial, lojas cintilantes ou feios prédios de escritórios”, afirma Olivier.
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O Ringue de Gelo de Pyongyang, construído em 1981, parece uma tenda índia futurista. Tem espaço para mais de 6.000 espetadores.
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Lá dentro, Olivier encontrou alguns patinadores de vários níveis de competência a patinar para passar o tempo. Também se podem ver dois retratos de Kim Il-sung (primeiro líder supremo do país, que instituiu o Comunismo na Coreia do Norte) e do seu filho Kim Jong-il, suspensos no recinto.
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O Cineteatro Internacional de Pyongyang (Pyongyang International Cinema House) encontra-se maioritariamente abandonado, num extremo da cidade. O edifício em cimento foi inspirado nos princípios da arquitetura neoclássica estalinista.
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O cineteatro abre apenas para eventos especiais, como o Festival Internacional de Cinema de Pyongyang que ocorre a cada dois anos.
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Segundo Olivier, Pyongyang não se encontra desprovida de cultura – mas é difícil encontrá-la.
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“Um aspeto muito surpreendente sobre a Coreia do Norte é como parece muito mais real, simples e humana do que aquilo que é normalmente representado nos meios de comunicação internacionais”, refere Olivier. “Aparentemente, as pessoas daqui gostam de cantar, rir e passar tempo com a família e amigos.”
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Olivier também reparou como havia poucas pessoas agarradas aos _smartphones_, em parte devido ao controlo apertado exercido pelo governo. Foi “estranhamente refrescante”, embora por um motivo perturbador.
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O fotógrafo também viu um homem a cortar o cabelo num complexo de saúde do estado.
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Olivier ainda conseguiu assistir a um espetáculo no Grande Teatro de Pyongyang, onde a Ópera Revolucionária da Coreia do Norte atuou.
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Tirou fotografias sempre que possível, a grande maioria em paragens designadas para a visita. “Um turista não tem autorização para vaguear à vontade sem os guias”, refere Olivier. “Os locais de visita são meticulosamente escolhidos e as visitas são muito bem planeadas.”
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Assim que chegam ao país, os visitantes recebem instruções sobre o que podem e o que não podem fotografar. À saída, todos os telemóveis e aparelhos digitais como câmaras de vídeo, _tablets_, discos externos e outros aparelhos de armazenamento de dados são inspecionados por agentes alfandegários para verificar se os turistas não tiraram fotografias indevidas.
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Em Pyongyang vê-se aquilo que o governo permite que se veja.
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