O propósito da vida não é ser feliz, é ser útil
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A opinião de Darius Foroux, que investiga sobre como superar a procrastinação, melhorar a produtividade e alcançar mais

Durante grande parte da minha vida acreditei que a vida só tinha um propósito: ser feliz.

É, não é? Para quê sofrer e enfrentar dificuldades senão por isso? Para alcançar a felicidade. E não sou o único a acreditar nisso. De facto, se olhar com atenção à sua volta, a maioria das pessoas está a tentar ser feliz.

É por isso que coletivamente compramos produtos de que não precisamos, dormimos com gente que não nos diz nada e tentamos a todo o custo ser reconhecidos por pessoas de quem não gostamos.

Porque é que fazemos isto tudo? Para ser sincero, não me interessa a razão exata. Não sou um investigador. O que sei é que tem qualquer coisa a ver com história, cultura, media, economia, psicologia, política, a era da informação, etc. A lista é interminável.

Somos o que somos

Aceitemos isso. A maior parte das pessoas adora analisar porque é que os outros não são felizes ou não se sentem realizados. A mim não me interessa necessariamente o porquê.

A mim interessa-me como é que podemos mudar.

Há bem poucos anos, fazia tudo o que podia para encontrar a felicidade.

  • Compramos coisas, e achamos que vamos ser felizes.
  • Envolvemo-nos com alguém, e achamos que vamos ser felizes.
  • Temos um emprego de que não gostamos mas paga bem, e achamos que vamos ser felizes.
  • Vamos de férias, e achamos que vamos ser felizes.
5 Coisas simples que pode fazer para ser feliz

Mas quando o dia acaba, está deitado na cama (sozinho ou com o parceiro/a), e pensa: E depois?

O que é que se segue na eterna busca de felicidade?

Eis o que se segue: você a correr atrás de uma coisa qualquer que acha que o faz feliz.

É tudo fachada. Um embuste. Uma história inventada.

Será que Aristóteles nos mentiu quando disse:

“A felicidade é o significado e propósito da vida, o objetivo último do ser humano”.

É preciso pensar nisto de forma diferente. Porque quando lemos, pensamos que a felicidade é o objetivo principal. Também é isso que a citação parece dizer.

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Eis o senão: Como é que se alcança a felicidade?

A felicidade não pode ser um fim em si. Logo, não é algo que se possa alcançar.

Acredito que a felicidade é um produto da utilidade.

Quando tento explicar esta ideia a amigos, família e colegas, tenho sempre dificuldade em pô-la em palavras. Mas vou tentar aqui.

A maior parte das coisas que fazemos são meras atividades e experiências.

  • Vamos de férias.
  • Trabalhamos.
  • Vamos às compras.
  • Tomamos um copo.
  • Jantamos.
  • Compramos um carro novo.

Estas coisas deveriam fazer-nos felizes certo? Mas não são úteis. Não estamos a criar nada. Estamos simplesmente a consumir ou a utilizar qualquer coisa. E isso é ótimo.

Não me interprete mal. Adoro ir de férias, ou ir às compras às vezes. Mas para ser sincero, não é isso que atribui significado à vida.

5 Exemplos de como as experiências de vida nos fazem mais felizes do que os bens materiais

O que me faz mesmo feliz é ser útil. Quando crio qualquer coisa que outros possam usar. Ou quando crio qualquer coisa que eu possa usar.

Costumava achar difícil explicar esta ideia de utilidade e felicidade. Foi quando descobri uma frase de Ralph Waldo Emerson que as peças começaram a encaixar.

Emerson diz:

“O propósito da vida não é ser feliz. É ser útil, honrado, bom, fazer a diferença de modo a mostrar que vivemos e que vivemos bem”.

Não percebi isso até me ter tornado mais consciente daquilo que estava a fazer da minha vida.

Parece demasiado profundo e sério, quando na realidade é muito simples.

Em suma é isto:

Como é que está a FAZER a diferença?

Que coisas úteis fez até agora? Não precisa de mudar o mundo nem algo do género. Só precisa de o tornar um bocadinho melhor por cá ter passado.

Se não sabe como, aqui ficam algumas ideias.

  • Ajude o seu chefe com algo que não seja da sua responsabilidade.
  • Leve a sua mãe ao spa.
  • Faça uma montagem de fotografias (não digital) para oferecer à cara-metade.
  • Escreva um artigo sobre aquilo que aprendeu na vida.
  • Ajude uma mãe grávida, com um filho de 2 anos, com o carrinho.
  • Telefone a um amigo e pergunte se pode ajudar de alguma forma.
  • Monte uma daquelas secretárias de pé.
  • Abra um empresa, contrate alguém e trate bem essa pessoa.

Estas são apenas algumas das coisas que eu gosto de fazer. Está à vontade para decidir quais as suas.

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Está a ver? Não é nada de especial. Mas quando se tem pequenos gestos úteis todos os dias, somando tudo tem-se uma vida bem vivida. Uma vida que fez a diferença.

A última coisa que quero é estar próximo do último suspiro e chegar à conclusão que não há prova nenhuma de que existi. Li recentemente Not Fade Away: A Short Life Well Lived (Sem desaparecer: Uma curta vida bem vivida) de Laurence Shames e Peter Barton.

Trata-se da história de Peter Barton, o fundador da Liberty Media, e onde este partilha confidências sobre o que é estar a morrer de cancro.

É um livro impressionante que o vai comover de certeza. Conta como Barton viveu e como descobriu a sua paixão. O autor estudou gestão e deixou uma nota sobre os colegas de curso do MBA:

“No fundo era um grupo de pessoas extremamente inteligentes, que jamais fariam grande coisa, jamais acrescentariam algo à sociedade e que não deixariam legado nenhum. Achei este facto muito triste, tal e qual como ver potencial desperdiçado é algo triste”.

O mesmo se aplica a todos nós. Depois de ter percebido isto aos 30, fundou a empresa que o tornou multimilionário.

Outra pessoa que faz por ser útil é Casey Neistat. Há um ano e meio que o sigo de perto e de cada vez que vejo os seus vídeos no YouTube, está a fazer algo de diferente.

Neistat também fala de como quer fazer mais e criar algo. Tem inclusivamente uma tatuagem no braço onde se lê “Faz mais”.

A maioria perguntaria “Porquê trabalhar mais?” e depois ligam o Netflix e veem a série Daredevil toda.

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Formas de estar diferentes

Ser útil é uma forma de estar. E como qualquer forma de estar, começa com uma decisão. Um dia acordei e pensei: O que é que estou para aqui a fazer? E a resposta foi “nada”.

Nesse dia comecei a escrever. No seu caso pode ser pintar, criar um produto, ajudar um idoso, o que lhe apetecer.

Não se leve demasiado a sério. Limite-se a FAZER algo que seja útil. Uma coisa qualquer.

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