A vida é vivida offline, não nas tantas horas que passa “ligado”. Conheça a experiência de Darius Foroux, que colabora com o medium.com.
A vida na atualidade é bastante boa. Está sempre ligado à internet, dentro e fora de casa.
Com o seu smartphone tem o mundo na ponta dos seus dedos. Parece ótimo, não é? NÃO.
A maioria das pessoas não utiliza tecnologia – é utilizada pela tecnologia.
Aplicações, jogos, vídeos, artigos, anúncios publicitários, programas de televisão – são todos desenhados para captar e manter a sua atenção. Assim, sem que o saiba, desperdiça horas e horas todas as semanas. A sua atenção está em todo o lado mas não no sítio certo.
“Estar em toda a parte significa estar em parte nenhuma.” – Séneca
Por que razão pensa que o Netflix inicia automaticamente o episódio seguinte em 3, 2, 1 segundos? Quando isso acontece, você pensa “Que se lixe, vamos ver outro episódio.”
Passa-se o mesmo com o YouTube. Por que acha que as suas sugestões são tão boas? Mantêm-no preso – e aplica-se a todo o conteúdo. Há SEMPRE um “próximo” vídeo, episódio, artigo, jogo ou filme.
Curiosamente, a maioria das pessoas que lê este tipo de artigos sabe que a ausência de foco é prejudicial – e em anos recentes tem surgido um grande número de trabalhos de pesquisa e livros ao redor dos efeitos nocivos das distrações.
Especificamente, a pesquisa mostra que as distrações estão associadas a mais stress e maior frustração, pressão e esforço.
Trabalhar de forma focada é DIFÍCIL. Somos facilmente distraídos.
E a culpa não é sua. A tecnologia entra no seu cérebro e bloqueia-o – transformando-o num consumidor.
Assim, não tente sequer resistir à internet ou à tecnologia. Aposto que já tentou no passado: “Não volto a navegar sem objetivo durante horas.” Sim, claro.
O que funciona, então?
DESLIGUE-SE DA INTERNET
E há apenas uma razão para fazê-lo: demasiado de qualquer coisa não é bom. Até mesmo de coisas boas.
- Demasiado exercício físico? Irá lesionar-se.
- Demasiado amor? Irá sufocar as pessoas.
- Demasiado trabalho? Irá ter um esgotamento.
- Demasiados doces? Irá engordar.
- Demasiada água? Irá morrer.
Então, porque consome tanta internet? Coloquei essa questão a mim próprio há dois anos. Não tinha resposta. Então pensei: faço tudo o resto com moderação, por que não a internet?
Em pouco tempo percebi que não existe moderação ao nível da utilização de internet. É como um buffet all-you-can-eat. Já está satisfeito mas continua a refeição. Depois, é comido vivo pelo arrependimento.
Passa-se o mesmo com a utilização da internet. É tão tentador e prazeroso... E está disponível EM TODA A PARTE. Então utiliza tudo: YouTube, WhatsApp, Facebook, Snapchat, etc.
Sou defensor da eliminação de tudo o que perturba a atenção. No entanto, também não quero viver a vida como um recluso. Assim, tive de encontrar um meio termo.
Percebi que uma simples mudança na minha atitude em relação à internet fazia a diferença.
Passei de “Sempre ligado” para “Sempre desligado”.
Na prática funciona assim:
- No meu telemóvel: o wi-fi e dados móveis estão desligados. São apenas ligados quando preciso.
- No meu computador: utilizo uma aplicação chamada SelfControl (apenas disponível para Mac) enquanto trabalho (pode tentar a FocusMe para Windows). A aplicação bloqueia sites de distração. A vantagem é que aplicações como o Evernote, DayOne, Office 365 continuam ligadas logo posso guardar o meu trabalho na nuvem.
“Sempre ligado” não é positivo para o foco e produtividade.
É o mesmo que ir ao ginásio. Ou jantar. Ou ter uma noite romântica com a sua cara-metade. São coisas que não faz 24 horas por dia. Faz em trinta minutos, uma hora ou algumas horas. Demasiado dessas atividades não seria positivo.
Estar desligado da internet tem sido uma maravilha. Já não sinto a necessidade de verificar o meu smartphone, e-mail ou notícias 500 vezes ao dia.
E, após algum tempo, passa a sentir que já não está a perder nada. Isso transporta uma sensação de calma à sua vida.
Também obtenho mais dos meus dias. Alcancei mais coisas do que nunca, sinto-me menos distraído e tenho mais tempo para despender com as coisas que me fazem feliz.
No final do dia a internet é apenas uma ferramenta – apesar de algumas pessoas acharem que é tudo. Estou bastante confiante de que, dentro de alguns anos, não irei olhar para trás e lamentar não ter passado mais tempo online.
Consegue imaginar? Está no leito da morte e diz à sua família “Estou feliz por ter visto tantos ‘apanhados’ no YouTube.”
Não. É mais provável que olhe para trás e reflita sobre o tempo que passou com a sua família e amigos, nas memórias que criou ao viajar ou no quanto gostou do seu trabalho.
Reduza a utilização da internet. Não está a dar-lhe nada mais que frustração.
Depois de ler este artigo: desligue-se.
Vai ter alguns sintomas de abstinência, como agarrar o telemóvel 100 vezes, mas prometo-lhe o seguinte: desligar irá ajudá-lo a FAZER mais. E é isso que é a vida.